Dicas do Programa de Qualidade

16/07/2004

"Um dos que", verbo no plural

"Um dos programas que menos recebeu (!) verba foi o de combate ao analfabetismo."

"Um dos programas que menos receberam verba foi o de combate ao analfabetismo."


Esse erro ainda é bastante comum. Com "um dos que", o verbo deve ficar no plural: entre os programas que menos receberam verba, o de combate ao analfabetismo foi um.

Consulte a tabela de concordância verbal que está na página 125 do manual.

15/07/2004

Vírgula antes do "mas"

"A taxa caiu dez pontos percentuais mas (!) o crédito continua caro."

"A taxa caiu dez pontos percentuais, mas o crédito continua caro."


Quando "mas" equivale a "porém", "contudo", "todavia", a vírgula antes dele é obrigatória: O time jogou bem, mas perdeu. Só não há vírgula quando o "mas" soma elementos de mesma função, como núcleos do sujeito: Não só ele mas também o filho saíram à procura do deputado (exemplo do manual).

Leia o verbete "mas", na página 134 do manual.

14/07/2004

Não escreva "alertar que"

"A entidade alertou que (!) o número de endividados permanece alto."

"A entidade alertou para o alto número de endividados."


Não escreva "alertar que". Alguém alerta alguém para, de, sobre ou contra alguma coisa.

Leia o verbete "alertar", na página 119 do manual.

13/07/2004

Numeração de artigos

"O artigo 23º (!) diz que a agência definirá as regras da licitação."

"O artigo 23 diz que a agência definirá as regras da licitação."


Vamos repetir a regra para a numeração dos artigos de leis. Só se usa o ordinal até nove: artigo 1º, artigo 5º, artigo 9º. De dez em diante, é o cardinal: artigo 10, artigo 23, artigo 59.

Atenção: a norma é diferente quando se trata de séculos, soberanos, papas ou capítulos de obras. Nessas casos, o ordinal vai até dez e o cardinal, de 11 em diante: século 10º, João 23.

Mais uma coisa: se o numeral anteceder o substantivo, use sempre o ordinal (capítulo 20, mas 20º capítulo).

Leia o final do verbete "numerais" (item 6), na página 89 do manual.

12/07/2004

Agradar, desagradar

"A decisão desagradou os (!) presidentes dos diretórios."

"A decisão desagradou aos presidentes dos diretórios.


Vamos repetir esta dica. Agradar, quando tem o sentido de "ser agradável" ou "satisfazer", requer preposição (a decisão agradou aos diretores). Sem a preposição, esse verbo passa a ser sinônimo de "acarinhar". A mesma regra vale, é claro, para desagradar (a decisão desagradou aos diretores).

10/07/2004

"Como" + "por exemplo" = pleonasmo

"Temos argumentos sólidos, como, por exemplo (!), a comprovação do superfaturamento."

"Temos argumentos sólidos, como a comprovação do superfaturamento."

"Temos argumentos sólidos; por exemplo, a comprovação do superfaturamento."


"Como" e "por exemplo", em frases como a reproduzida acima, significam a mesma coisa. Usar os dois é redundância. Escolha um ou outro.

08/07/2004

"Se" e voz passiva

"No Brasil, decide-se (!) as coisas no emocionalismo."

"No Brasil, decidem-se as coisas no emocionalismo."


A frase do exemplo é uma voz passiva -poderia ter sido escrita como "as coisas são decididas no emocionalismo". Nesses casos, o plural é obrigatório: decidem-se coisas, vendem-se casas.

Consulte a tabela de concordância verbal que está na página 126 do manual.

07/07/2004

"Sofrível" não é "ruim"

"A equipe terminou a temporada na última colocação, com 65 derrotas e só 17 vitórias, numa campanha sofrível (!)."

"A equipe terminou a temporada na última colocação, com 65 derrotas e só 17 vitórias, numa campanha muito ruim."


Vamos repetir esta dica, já que o erro continua a aparecer.

Diferentemente do que possa parecer, "sofrível" não quer dizer "muito ruim" ou "que faz sofrer". O "Aurélio" lista, para esse adjetivo, os seguintes significados: "suportável, quase suficiente, moderado, razoável, acima de medíocre, que está entre o bom e o mau".

Não use "sofrível", portanto, quando quiser dizer que algo -a campanha de um time de futebol, o desempenho da economia de um país etc.- é muito ruim.

05/07/2004

Olimpíada, Olimpíadas

"Fulano não se classificou para as Olimpíadas de Atenas (!)."

"Fulano não se classificou para a Olimpíada de Atenas
."

Atenção para esta padronização de Esporte:

A Folha só usa Olimpíadas, no plural, em referências a mais de uma: por exemplo, "Sicrano participou das Olimpíadas de Barcelona e de Atlanta". Se você quiser se referir a uma Olimpíada só, use o termo assim, no singular: a Olimpíada de Sydney, a Olimpíada de Atenas.

Em textos para o jornal, podem-se usar também as expressões Jogos Olímpicos de Atenas, Atenas-2004 ou, em segunda menção, Jogos, com inicial maiúscula.

02/07/2004

Implicar, transitivo direto

"O processo pode implicar em (!) multa e perda dos direitos políticos."

"O processo pode implicar multa e perda dos direitos políticos."


Implicar é verbo transitivo direto. Uma coisa implica outra, não "em outra".

Consulte a pequena tabela de regência verbal que está na página 139 do manual.

01/07/2004

A expectativa era que...

"A expectativa era de que (!) o criminoso se entregasse às 21h."

"A expectativa era que o criminoso se entregasse às 21h."


Vale a pena reprisar esta dica, cujo tema é fonte constante de dúvidas. Há duas alternativas: "a expectativa era que" ou "a expectativa era a de que". Prefira a primeira, bem mais simples e direta.

30/06/2004

Vírgula e singularidade

"O ex-coordenador financeiro do ministério, Fulano de Tal, (!) foi acusado de vários delitos."

"O ex-coordenador financeiro do ministério Fulano de Tal foi acusado de vários delitos."


O uso das vírgulas na frase do exemplo passa, indevidamente, a idéia de que Fulano de Tal seja o único ex-coordenador financeiro do ministério mencionado. E isso não é verdade.

É necessário, portanto, suprimir as vírgulas nesses casos. Para que a frase flua melhor e fique mais clara, pode-se alterar a ordem: Fulano de Tal, ex-coordenador financeiro do ministério, foi acusado...

29/06/2004

Qualquer não é sinônimo de nenhum

"Os acusados disseram não ter participado de qualquer (!) esquema de propina."

"Os acusados disseram não ter participado de nenhum esquema de propina."


Esta é provavelmente a dica mais repetida da história do Programa de Qualidade. Mas, como o erro continua sendo publicado, vamos relembrar: "qualquer" não é sinônimo de "nenhum".

Alguém pode perguntar se frases com o que parece uma "dupla negação" (não participou de nenhum esquema) estão certas. Sim -em português, são corretíssimas. É o que se chama "negação enfática".

28/06/2004

Artigo antes de horário

"Fulano e Beltrano se reuniram entre 10h30 e 12h30 (!)."

"Fulano e Beltrano se reuniram entre as 10h30 e as 12h30."


Vamos reprisar esta dica, que é constante fonte de dúvidas.

O uso do artigo definido antes de horário é obrigatório, seja "hora cheia", seja "quebrada": das 12h às 16h, das 9h25 às 17h50.

Confira a tabela "artigos definidos", na página 122 do manual.

25/06/2004

Voz passiva e "através"

"A identificação foi feita através (!) das digitais do guerrilheiro."

"A identificação foi feita por meio das digitais do guerrilheiro."


Sabe-se que a última edição do manual liberou o uso de "através" no sentido não-físico, como sinônimo de "por meio de". Só que uma restrição foi mantida -e ela não tem sido levada em conta.

O advérbio não pode ser utilizado para introduzir o agente da passiva. Trocando em miúdos, ele não deve vir logo depois de verbo na voz passiva. É exatamente esse o caso da frase do exemplo: "identificação feita através das digitais". Nesses casos, use o velho e bom "por meio de".

Leia o verbete "através", na página 123 do manual.

24/06/2004

Estado, Província, Condado, Cantão

"O governador quer visitar a província (!) japonesa de Yamanashi."

"O governador quer visitar a Província japonesa de Yamanashi."


Quando é divisão administrativa oficial de um país, Província leva inicial maiúscula --exatamente como Estado. Isso vale também para o plural: Estados, Províncias.

A regra de padronização estende-se às divisões administrativas Condado e Cantão (no plural, Condados, Cantões). Ela não deve, contudo, ser aplicada por analogia nos casos que não se incluam entre esses quatro exemplos --departamento, por exemplo, a Folha grafa em caixa-baixa.

Leia o item 3 do verbete "maiúsculas/minúsculas", na página 78 do manual.

23/06/2004

Corte o "se" supérfluo

"É preciso separar os atletas antes de se fazer (!) uma abordagem psicológica."

"É preciso separar os atletas antes de fazer uma abordagem psicológica."


Sempre que o "se" for dispensável -como é o caso da frase acima-, ele deve ser dispensado. Quando ele vier junto ao infinitivo e o verbo não for pronominal, corte.

Leia o verbete "se", na página 139 do manual.

22/06/2004

Caixa-baixa em mata atlântica

"O projeto estabelece normas de proteção para a Mata Atlântica (!)."

"O projeto estabelece normas de proteção para a mata atlântica."

Vale a pena ler novamente esta dica: mata atlântica, como floresta amazônica, é tipo de vegetação, não região consagrada. Essas duas expressões, portanto, devem ser escritas em caixa-baixa.

Leia o verbete "mata atlântica", na página 80 do manual.

21/06/2004

Por que = por qual razão

"Isso ajuda a explicar porque (!) a principal reclamação é o mau atendimento."

"Isso ajuda a explicar por que a principal reclamação é o mau atendimento."


Essa continua a ser uma dúvida recorrente. Lembre-se: sempre que puder ser substituído por "por qual razão", por que é escrito assim, separado. É exatamente o caso da frase do exemplo: isso ajuda a explicar por qual razão a principal reclamação é o mau atendimento.

Consulte o verbete "por que, porque, por quê, porquê", na página 137 do manual.

18/06/2004

Não abuse do condicional

"O professor teria (!) uma companheira que se chamaria (!) Regina. Ele não teria (!) parentes no país."

"Segundo a polícia, o professor tinha uma companheira que se chama Regina. Ele não tem parentes no país."


A campanha "Não abuse do condicional", cujos cartazes ainda estão espalhados pela Redação, continua valendo. Mas foi inteiramente ignorada em um trecho como esse, publicado na edição de hoje.

A frase, que abusa do tempo verbal, é um exemplo de como não fazer nesses casos. Ou bem as informações são atribuídas a uma fonte (seja a polícia, seja outra), com os tempos verbais modificados, ou elas nem devem ser publicadas. O que não vale é o jornalista se escudar nos verbos no condicional para divulgar informações sobre as quais não tenha certeza.

17/06/2004

Não + substantivo: use o hífen

"Um acordo bilateral fere a cláusula de não discriminação (!)."

"Um acordo bilateral fere a cláusula de não-discriminação."


"Não" antes de substantivo tem sempre valor de prefixo e sempre leva hífen: não-agressão, não-discriminação, não-fumante, não-ficção, não-intervenção.

Consulte o verbete "não", na página 134 do manual.

16/06/2004

Nomenclatura militar

"O general de divisão (!) visitou ontem o jornal."

"O general-de-divisão visitou ontem o jornal."


Atenção para a grafia destes postos militares: general-de-exército, general-de-divisão, general-de-brigada, almirante-de-esquadra, capitão-de-mar-e-guerra, capitão-de-fragata, capitão-de-corveta, capitão-tenente, tenente-coronel, primeiro-tenente, segundo-tenente, marechal-do-ar.

Todos eles (e outros) levam hifens; estão registrados assim no "Aurélio" e também no manual.

Consulte a tabela "hierarquia militar brasileira", na página 169.

14/06/2004

Um em cada quatro

"Um em cada quatro adolescentes têm (!) padrão de consumo de álcool considerado de risco."

"Um em cada quatro adolescentes tem padrão de consumo de álcool considerado de risco."


Atenção: expressões como "um em cada quatro" não são equivalentes a "um dos que".

No caso acima, o que temos é semelhante a uma fração (um quarto). Seguimos, portanto, a regra de concordância das frações: o verbo concorda com o numerador. Um em cada quatro adolescentes bebe (e não "bebem") álcool em excesso, dois em cada quatro adolescentes fumam.

11/06/2004

Em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul

"Os patrulheiros sempre param ônibus que vêm do Mato Grosso do Sul (!) ou do Paraná."

"Os patrulheiros sempre param ônibus que vêm de Mato Grosso do Sul ou do Paraná."


Erro recorrente: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não levam artigo antes.

Para saber quais nomes de Estados brasileiros levam artigo antes e quais não, basta consultar a tabela "artigos definidos", na página 122 do manual.

10/06/2004

Grafia de prefeitura

"A prefeitura de Mogi das Cruzes (!) receberá um financiamento do BNDES."

"A Prefeitura de Mogi das Cruzes receberá um financiamento do BNDES."


Vamos rever esta regra de padronização:

* Quando o nome da cidade vier junto, use Prefeitura, com inicial maiúscula: Prefeitura de São Paulo, Prefeitura de Paris, Prefeitura de Nova York.

* Quando a palavra prefeitura vier sozinha, escreva-a em caixa-baixa: Os moradores do bairro são contrários à proposta da prefeitura.

Leia o verbete "prefeitura/Prefeitura", na página 94 do manual.

09/06/2004

Padronização, parada gay

"A organização da Parada Gay (!) de São Paulo decidiu não credenciar programas humorísticos."

"A organização da parada gay de São Paulo decidiu não credenciar programas humorísticos."


Vamos seguir esta padronização a partir da edição de 11 de junho.

Consideramos que parada e parada gay são termos genéricos, aplicáveis a outros eventos semelhantes em todo o mundo. Devem, portanto, ser grafados em caixa-baixa.

Quando o texto fizer referência ao nome oficial da parada de São Paulo --por exemplo, Parada do Orgulho GLBT ou, mais resumidamente, Parada do Orgulho Gay--, use iniciais maiúsculas.

08/06/2004

"Pedir para", erro recorrente

"Diante da notícia, o ministro pediu para que (!) a segurança fosse reforçada."

"Diante da notícia, o ministro pediu que a segurança fosse reforçada."


Ninguém "pede para" alguém fazer alguma coisa.

Alguém pede que alguém faça algo ou pede algo a alguém.

07/06/2004

Tipos + substantivo no singular

"As farmácias populares venderão 84 tipos de medicamentos (!)."

"As farmácias populares venderão 84 tipos de medicamento."


O que vem depois da palavra "tipos" --que, evidentemente, já é plural- deve ficar no singular: tipos de roupa, tipos de carro, tipos de cor, tipos de medicamento.

04/06/2004

Títulos com problemas

"Haitianos pedem emprego para (!) soldados brasileiros."

"Haitianos pedem emprego a soldados brasileiros."


Ainda neste mês, o Programa de Qualidade fará uma campanha abordando os principais problemas dos títulos do jornal. Mas já é possível usar um ou outro para fazer comentários, como nesta dica.

O título acima, publicado hoje, tem dois problemas.

1) Regência. Em muitos casos, é errado substituir a preposição "a" por "para" -e esse é um deles. Uma pessoa pede emprego a alguém, não "para" alguém.

2) Ambigüidade. Note como a frase do título pode dar a entender que são os soldados brasileiros que precisam de emprego e estão sendo ajudados nisso pelos haitianos. O sentido é exatamente o oposto.

03/06/2004

Menos que dois é singular

"A evasão aumentou no ensino médio, de 1,074 milhões (!) para 1,135 milhões (!)."

"A evasão aumentou no ensino médio, de 1,074 milhão para 1,135 milhão."


Na frase do exemplo, as casas depois da vírgula -que dão a impressão de plural- ajudam a confundir. Lembre-se, porém, de que, até 1,99, ainda estamos no singular: 1,99 milhão.

02/06/2004

Padronização: VIP

"Quem estava assistindo os shows (!) e não fazia parte da 'platéia vip (!)' reclamou."

"Quem estava assistindo aos shows e não fazia parte da 'platéia VIP' reclamou."


VIP é uma sigla -"very important person(s)". Deve, portanto, ser grafada de acordo com o padrão da Folha para siglas: até três letras, só maiúsculas. Por coincidência, o "Aurélio" também dá VIP assim.

Na frase do exemplo, também foi corrigida a regência do verbo "assistir", erro ainda recorrente. Com o sentido de "ver", é sempre transitivo indireto: alguém estava assistindo aos shows.

01/06/2004

Grafia de pólo e hemisfério

"O que se mostrou ali foi um Hemisfério Norte (!) completamente tomado."

"O que se mostrou ali foi um hemisfério Norte completamente tomado."
.

Esse tipo de dúvida é bastante comum. O objetivo desta dica é resolvê-la.

A Folha grafa hemisfério Norte, hemisfério Sul, pólo Norte e pólo Sul desse jeito -com a primeira palavra toda em minúsculas e a segunda com inicial maiúscula.

Leia, no pé da página 79 do manual, o item 5 do verbete "maiúsculas/minúsculas".

28/05/2004

Cuidado com o "frente a"

"É um bom resultado frente à (!) situação em que estávamos em 2003."

"É um bom resultado diante da situação em que estávamos em 2003."


Não escreva "frente a" com o sentido de diante de, ante, perante ou quando quiser passar a idéia de comparação. Troque essa "falsa locução prepositiva" por uma das outras três citadas.

27/05/2004

À medida que, na medida em que

"Não temos nenhum programa secreto, à medida que (!) nossa atividade é absolutamente legal."

"Não temos nenhum programa secreto, na medida em que nossa atividade é absolutamente legal."


À medida que é uma expressão correta -seu uso na frase do exemplo é que está errado. Veja:

- À medida que dá a idéia de proporção: à medida que se aproximam as eleições, aumenta o uso da máquina pública.

- Na medida em que, por sua vez, transmite a idéia de causa e equivale a visto que. É o caso da frase acima: não temos nenhum programa secreto, visto que nossa atividade é absolutamente legal.

Leia o verbete "à medida que/ na medida em que", na página 121 do manual.

26/05/2004

"Esta semana", nesta semana

"O assunto seria analisado esta semana (!), mas a sessão foi adiada."

"O assunto seria analisado nesta semana, mas a sessão foi adiada."


Erro ainda recorrente. Em casos como o da frase acima, é preciso usar nesta semana, não "esta semana". Trata-se de locução adverbial, que requer preposição antes (em + esta = nesta).

25/05/2004

Os milhares de cartas, as centenas de homens

"Das (!) milhares de cartas recebidas pelo ex-presidente, 10% ficaram com o instituto."

"Dos milhares de cartas recebidas pelo ex-presidente, 10% ficaram com o instituto."


Em casos como esse, o artigo que vem antes de "milhares" deve concordar com eles -não com as "cartas". Os milhares de cartas, os milhões de pessoas, as centenas de homens.

24/05/2004

Vírgula antes de "mas"

"O filme tem seu lugar no mundo atual mas (!) acrescenta pouco como cinema."

"O filme tem seu lugar no mundo atual, mas acrescenta pouco como cinema."


A vírgula antes de "mas" é obrigatória sempre que essa conjunção equivaler a "porém", "contudo", "todavia".

Leia o verbete "mas", na página 134 do manual.

21/05/2004

Confiança em alguma coisa

"O senador tinha confiança de (!) que sairia vitorioso."

"O senador tinha confiança em que sairia vitorioso."


Regência nominal: confiança é sempre em alguém (ou em algo).

20/05/2004

"Um dos que", verbo no plural

"Um dos dados que mais chama (!) a atenção é a redução do consumo de carnes."

"Um dos dados que mais chamam a atenção é a redução do consumo de carnes."


Com "um dos que", o verbo seguinte fica sempre no plural. Basta reformular a frase para perceber isso: entre os dados que mais chamam a atenção está o consumo de carnes.

Consulte a tabela de concordância verbal que está nas páginas 125 e 126 do manual.

19/05/2004

Pronome relativo atrai pronome oblíquo

"Há também ex-militares, que tornaram-se (!) rebeldes após a dissolução das Forças Armadas."

"Há também ex-militares, que se tornaram rebeldes após a dissolução das Forças Armadas."


Na frase do exemplo, "que" é pronome relativo -refere-se aos militares e equivale a "os quais". Pronomes relativos atraem pronomes oblíquos para antes do verbo (próclise).

Em casos semelhantes, escreva "que se tornaram", não "que tornaram-se".

Consulte a tabela de colocação pronominal que está na página 124 do manual.

18/05/2004

"Previsto para estrear", erro recorrente

"O espetáculo está previsto para estrear (!) amanhã."

"A estréia do espetáculo está prevista para amanhã."


A incidência desse tipo de erro continua sendo alta. Nenhum espetáculo está "previsto para estrear"; sua estréia é que está prevista para a data X. Em casos semelhantes, mude a estrutura da frase.

17/05/2004

"Negar" exige subjuntivo

"Pentágono nega que Rumsfeld aprovou (!) tortura."

"Pentágono nega que Rumsfeld tenha aprovado tortura."


O manual é rigoroso no que diz respeito ao verbo "negar". A oração que o complementa deve conter verbo no modo subjuntivo, não no indicativo. Quando se tratar de título -como é o caso do exemplo acima-, é melhor mudar a formulação para não usar negar + indicativo.

Leia o verbete "negar", na página 134 do manual.

14/05/2004

Sotaque e "acento"

"Ela fala hindi e inglês com forte acento (!) italiano."

"Ela fala hindi e inglês com forte sotaque italiano."


Prefira traduzir "accent", em casos análogos ao da frase do exemplo, como sotaque, e não como "acento" -que soa como má tradução do inglês (ou mesmo do espanhol) para o português.

13/05/2004

Deu no "New York Times"

"Os EUA criticaram a decisão de expulsar do Brasil o correspondente do 'The New York Times' (!)."

"Os EUA criticaram a decisão de expulsar do Brasil o correspondente do 'New York Times'."


Escrever "o 'The New York Times'" é igualzinho a escrever "os the Beatles" -e deve ser evitado.

O manual dá a dica: é perfeitamente possível suprimir o "The" do início do nome do jornal. Hoje mesmo a Primeira Página, acertadamente, mencionou em sua chamada "Larry Rohter, do 'New York Times'". Coisa semelhante pode ser feita em relação ao "Globo", ao "Estado" e a outros veículos de mídia.

Os artigos que fazem parte do nome desses jornais podem, contudo, ser mantidos se o que vier antes não for outro artigo. "O jornal 'The New York Times'", por exemplo, é construção aceita pela Folha.

Leia o verbete "jornal", na página 75 do manual.

11/05/2004

Padronização da Folha: ombudsmans

"A organização reúne ombudsmen (!) de todo o mundo."

"A organização reúne ombudsmans de todo o mundo."


O trecho acima, extraído de texto publicado hoje por Brasil, infringiu norma do "Manual da Redação". A Folha não faz o plural de "ombudsman" como se a palavra fosse inglesa. Colocamos apenas um "s" no final: ombudsmans. No feminino, o jornal também usa ombudsman -jamais grafamos "ombudswoman".

Leia o verbete "ombudsman", na página 90 do manual.

10/05/2004

Palácio da Alvorada

"O presidente pôs uma cerca na porta do Palácio do (!) Alvorada."

"O presidente pôs uma cerca na porta do Palácio da Alvorada."


O nome da residência oficial do presidente da República é Palácio da Alvorada, não "Palácio do Alvorada". Só se usa a forma "o Alvorada", correta, quando a palavra "palácio" está subentendida.

Leia o verbete "Alvorada", na página 52 do manual.

07/05/2004

Cuidado com falsas traduções

"A vida ordinária (!) pode ser bastante complexa."

"A vida comum pode ser bastante complexa."


A frase original, em inglês, era "ordinary life is pretty complex stuff". Só que "ordinária" não é a melhor tradução para "ordinary". Apesar da semelhança fonética, a palavra em português tem um sentido pejorativo ausente da expressão inglesa. Teria sido melhor traduzi-la por "comum" ou "banal".

Além de ler o verbete "falsas traduções" (pág. 129 do manual), consulte o guia elaborado pelo PQ para evitar erros de tradução: http://www.redacao.folhasp.com.br/redacao/traducao.asp

06/05/2004

Grafia de siglas

"Assinaram o pedido de CPI dois vereadores do PP, dois do PTB, um do PRONA (!) e um do PFL."

"Assinaram o pedido de CPI dois vereadores do PP, dois do PTB, um do Prona e um do PFL."


Vamos recapitular o padrão da Folha para a grafia de siglas.

* Até três letras, use só maiúsculas: PP, PTB, USP, CIA, ONU (a exceção, consagrada, é a sigla da Universidade de Brasília, UnB).

* Com mais de três letras, se a sigla puder ser lida sem dificuldade como uma palavra, use maiúscula apenas na primeira letra: Fifa, Sesc, Prona, Unesco, Petrobras.

* Quando a sigla tiver mais de três letras e exigir leitura letra por letra, use só maiúsculas: FGTS, DNER, SBPC. Exceções consagradas aos dois últimos casos: CNPq, MoMA.

Leia o verbete "siglas", nas páginas 99 e 100 do manual.

05/05/2004

Todo país, todo o país

"A entidade atua em todo país (!)."

"A entidade atua em todo o país."


A idéia da frase do exemplo é dizer que a entidade atua no país inteiro. Nesses casos, o artigo depois de "todo", "toda", "todos", "todas" é obrigatório.

Sem o artigo, "todo" passa a ser sinônimo de "qualquer", como na frase "todo homem é mortal".

Leia o verbete "todo/todos", na página 141 do manual.

04/05/2004

Há/a

"Os policiais federais estão parados a (!) 57 dias."

"Os policiais federais estão parados 57 dias."


Eis um tipo de erro que prejudica bastante a imagem do jornal perante seus leitores. A diferença entre "há", do verbo haver, e "a", preposição, deve ser conhecida e observada pelos jornalistas.

"Há" dá a idéia de tempo decorrido e pode, sempre, ser substituído por "faz", como na frase do exemplo ("os policiais federais estão parados faz 57 dias"). Quando essa substituição não for possível, use "a", que geralmente indica algo por acontecer ("estamos a cinco meses das eleições municipais").

Leia o verbete "haver", nas páginas 151 e 152 do manual.


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