** A**
a/há
- Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente
o futuro: O presidente viaja daqui a uma semana. O verbo haver, quando
se refere a tempo, indica o passado e pode sempre ser substituído
por faz: O presidente viajou há uma semana.
Mas
cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento
no tempo, seja futuro ou passado: A um ano da morte de Tancredo
Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória;
As eleições vão acontecer daqui a dois anos.
Experimente substituir o a dessas duas frases por faz (o que equivaleria
a há) e veja que a oração perde o sentido.
Outra
situação em que se utiliza o verbo haver é no
sentido de existir: Há muita gente na sala. Neste caso, não
há por que confundi-lo com a preposição a. Veja
haver .
abertura - Depois do título, é o elemento principal
de uma notícia. Se for bem redigida, conquista o leitor. Veja
lide.
a bordo - Use apenas quando se tratar de navio, avião
ou nave espacial. Evite em qualquer outro caso, como O governador
estava a bordo de seu Rolls-Royce.
abreviatura - Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são:
endereços (al., av., pça., r., tel., apto.); valores
de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro;
unidades de medida (g, m, kg, Hz, w, s); designação
de ano ou século em relação à era cristã
(a.C., d.C.); na expressão et cetera (veja etc .); meses do
ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai.,
jun., jul., ago., set., out., nov., dez.); designações
comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ). Veja siglas .
abrir - Não use em lugar de começar: Começa
hoje a Bienal e não Abre hoje a Bienal. O verbo abrir exige
sempre um complemento (quem abre abre alguma coisa). Pela mesma razão,
não use o verbo iniciar no lugar de ter início.
a.C. - Antes de Cristo.
acentuação - A Folha segue todas as normas de acentuação
vigentes no Brasil, exceto as que se referem ao trema (veja trema)
Acentos
não são meros detalhes. Sua presença ou ausência
tem a função de indicar a sílaba tônica
(a que se pronuncia com mais intensidade). É obrigação
de todo jornalista conhecer as poucas regras práticas que determinam
o uso dos acentos.
Para
saber se uma palavra deve ou não ser acentuada, desconsidere
a letra s que exista no final, seja por formação de
plural ou não.
a)
Proparoxítonas (palavras cuja sílaba tônica
é a antepenúltima) - Todas são acentuadas:
parabólica, simpática, lúcido, sólido,
líquido, prático, cômodo, parâmetro, êmbolo;
b) Paroxítonas
(a tônica é a penúltima) - Apenas as terminadas
em a, e, o, em, am não têm acento: guarda, sobremesas,
paredes, rede, claro, estilos, item, passagens, rimam, dramatizam.
Todas as outras são acentuadas: bíceps, fórceps,
caráter, éter, Cádiz, hífen, álbum,
álbuns, fácil, difícil, lápis, júri,
fênix, ônix, ônus. Mas atenção:
palavras terminadas em ens representam uma exceção
e não têm acento: hifens, polens, himens, apesar de
hífen, pólen, hímen.
Cuidado: paroxítonas
terminadas em oo, eem são acentuadas: vôo, zôo,
abençôo, crêem, dêem. Também levam
acento as terminadas em ditongo (encontro de duas vogais pronunciadas
conjuntamente): jóquei, língua, bênção,
órfão;
c) Oxítonas
(a tônica é a última) - Ao contrário
das paroxítonas, têm acento quando terminadas em a,
e, o, em: diferenciá-la, lá, ipê, Pelé,
pé, vovô, bocó, também, amém,
parabéns, você. Todas as outras terminações,
portanto, dispensam o acento: nu, hindu, ri, transferi-lo. Mas atenção:
quando formam hiato (encontro de vogais pronunciadas separadamente),
oxítonas terminadas em i, u são acentuadas: Tamanduateí,
país, baú.
Os
monossílabos terminados em em não são acentuados
(trem; cem), exceto a terceira pessoa do plural dos verbos vir e
ter: ele vem, eles vêm; ele tem, eles têm. Verbos derivados
de vir e ter mantêm o circunflexo no plural, mas levam acento
agudo no singular: provêm, provém; retêm, retém;
d)
Átonas - Como diz o nome, estas palavras não têm
sílaba tônica porque se subordinam sempre à
do termo que acompanham: pronomes como me, te, se, lhe, la, lo;
preposições e contrações como de, da;
do, das, em, a, para, por, pelo; artigos o, a, os, as; conjunções
como e, mas, nem, que; prefixos ligados a outras palavras por hífen,
como anti-, semi-, super-, hiper-. Entretanto, quando substantivadas,
estas palavras ficam tônicas: O espectro da híper ronda
o Brasil; Operários do ABC preferem as múltis;
e)
Hiato - O i e o u tônicos são acentuados quando formam
hiato (encontro de duas vogais em que cada uma pertence a sílabas
diferentes) em qualquer posição na palavra e não
apenas em oxítonas: saía, alaúde, raízes,
juízes, país, balaústre, traíste. Não
são acentuados se formarem sílaba com qualquer outra
consoante que não seja o s: Coimbra, cairdes, juiz, raiz.
Quando seguidos de nh também não levam acento: rainha,
bainha, tainha, coroinha. O mesmo vale para hiatos formados pela
duplicação da vogal: xiita, xiismo, juuna;
f)
Ditongos abertos - Nunca deixe de acentuar éi, éu,
ói tônicos abertos: colméia, céu, constrói,
destrói. Não há exceções. Mas
cuidado: constroem e destroem sequer são ditongos e não
têm acento.
Também
são acentuados os ditongos úi, úe tônicos
quando precedidos de g ou q: argúi, averigúem, apazigúe,
obliqúe;
g)
Acento diferencial - Só permanece em pôde (passado) para
diferenciar de pode (presente); pára (verbo); pêlo (cabelo)
e pélo, pélas e péla (verbo pelar); pólo
(na geografia, na física e no esporte) e pôlo (ave de
rapina); pôr (verbo); pêra (fruta) e péra (pedra);
côa, côas (verbo coar); quê. Veja que/quê
.
acidente geográfico - Comece sempre com minúscula,
exceto quando a designação do acidente fizer parte de
substantivo próprio: ilha de Fernando de Noronha, Ilhas Salomão;
cabo Horn, Cabo Verde; oceano Atlântico, mar Mediterrâneo,
mar da China, mar Morto. Mas atenção: em mapas, a identificação
dos acidentes deve começar com maiúsculas, como no início
de qualquer frase. Veja maiúsculas/minúsculas .
acidente/incidente - Acidente é fato importante, imprevisto
e em geral desastroso: O acidente aéreo resultou em 234 mortes.
Incidente
é fato em geral secundário, episódio, atrito:
Incidente diplomático.
a cores - A TV é em cores e não a cores.
acreditar - Evite o uso deste verbo para introduzir declaração
de personagem da notícia. É impossível para o
repórter saber se alguém acredita ou não em alguma
coisa. Prefira dizer acreditar: O deputado Magno Luegner diz acreditar
que o governo vencerá a eleição em vez de O deputado
Magno Luegner acredita que o governo vencerá a eleição.
Veja verbos declarativos .
acusação criminal - A Constituição
garante que todos devem ser considerados inocentes até que
sua culpa seja estabelecida pela Justiça. A Folha não
endossa acusação criminal, mesmo da polícia,
enquanto não for confirmada por sentença judicial definitiva.
Até então, a pessoa sobre quem recaia suspeita é
tratada como acusada ou suspeita: Adamantino Phor, acusado de contrabandear
diamantes, e não Adamantino Phor, que contrabandeou diamantes.
Essa
norma não vale para flagrante delito ou confissão espontânea.
Mas cuidado: há sempre a possibilidade de que o flagrante seja
falso e de que a confissão seja forçada. Na maior parte
das vezes, o melhor é deixar claro no texto que, segundo a
polícia, trata-se de confissão ou flagrante.
Em
qualquer caso, nenhum texto que contenha acusação criminal
deve ser publicado enquanto não for esgotada a possibilidade
de ouvir a parte acusada, a fim de que sua declaração
seja apresentada ao leitor na mesma edição. Se não
for possível ouvir o outro lado no mesmo dia, o texto deve
ser submetido à Direção de Redação,
que decidirá sobre a publicação. Texto que não
contenha o outro lado exige uma explicação: Inocêncio
Afanés, procurado pela Folha para responder às
acusações do investigador do Deic Diogo Dolon, não
foi encontrado em seu escritório entre 14h e 20h. Quanto mais
específica puder ser a explicação, melhor.
Quando
decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar
ouvi-lo no dia seguinte.
A
Justiça garante ao réu a possibilidade de recorrer
de sentenças a instâncias superiores. Registre sempre
no texto se cabe recurso e se ele tem efeito suspensivo, ou seja,
se suspende a execução da decisão até
que haja outra de instância superior.
Quando
receber informação de alguém que faz acusação
criminal contra outra pessoa, procure sempre:
a)
Gravar a declaração;
b)
Discutir o caso com seu superior para avaliar a credibilidade de
quem formula a acusação;
c)
Caso essa avaliação seja positiva, mas não
haja gravação, tentar obtê-la;
d)
Tomar o cuidado de reproduzir literalmente o cerne da acusação,
sempre entre aspas.
Se
a parte acusada não puder ser ouvida, mas houver declaração
sua prestada à Justiça ou a autoridade policial, tente
obtê-la para publicação. Consulte também
o anexo Jurídico.
A.D. - Anno Domini, em latim, no ano do Senhor. Traduza para
d.C.
adjetivo - Evite usar em textos noticiosos adjetivos que impliquem
juízo de valor e são, portanto, duvidosos: bonito/feio;
verdadeiro/falso; certo/errado. Utilize o que torna mais preciso o
sentido do substantivo: amarelo/azul; redondo/quadrado; barroco/clássico.
Em vez de o artista trabalha com telas grandes, escreva o artista
trabalha com telas de três metros por dois.
Nos
editoriais, comentários, críticas e artigos, há
maior liberdade para o uso do adjetivo. Mesmo assim, recomenda-se
usá-lo com sobriedade. A opinião sustentada em fatos
é mais forte do que a apenas adjetivada.
admitir - Não use como sinônimo de dizer, declarar
ou afirmar. Significa aceitar ou reconhecer fato em geral negativo:
O candidato Odurmeu da Cruz admitiu a derrota depois de abertas as
primeiras urnas. Evite sobretudo introduzir com o verbo admitir respostas
insinuadas na própria pergunta do jornalista: O ministro admite
que a inflação pode voltar (ele respondeu "talvez"
à pergunta). Veja verbos declarativos.
advérbio - Evite começar um período com
advérbios formados com o sufixo -mente, sobretudo em textos
noticiosos: Curiosamente, a convenção do partido transcorreu
sem incidentes. É melhor ser claro e escrever: Ao contrário
do que previam alguns participantes, a convenção do
partido transcorreu sem incidentes.
Evite
advérbios que expressem juízos de valor: certamente,
evidentemente, efetivamente, bastante, fielmente, levemente, definitivamente,
absolutamente. Não se fazem restrições a advérbios
que ajudem a precisar o sentido, como os de lugar (acima, abaixo,
além), tempo (agora, ainda, amanhã).
advogado - Nem todo bacharel em direito é advogado ou
doutor. O advogado é formado em direito e habilitado pela Ordem
dos Advogados do Brasil. Doutor é quem defendeu e teve aprovada
tese de doutoramento. Jurista é reservado a autores de obras
jurídicas de importância reconhecida.
aeronave - Em nomes de aeronaves, use hífen antes do
numeral: Boeing-767, DC-10, DC-6B, MiG-17, Viking-2. Quando a especificação
de modelo ou tipo constar de um segundo numeral, separe com uma barra:
Boeing-707/200. Para os casos de dúvida, adote a grafia da
publicação "Jane's All the World's Aircraft".
Em
alguns casos a Folha adota a grafia aportuguesada: Apolo-11
e não Apollo-11; Magalhães e não Magellan; Galileu
e não Galileo.
"affair"/"affaire" - Não use em
texto noticioso. Em inglês e francês, respectivamente,
significam caso, assunto, negócio. Pode designar também
relação amorosa fora do casamento.
aficionado - Não existe aficcionado.
a fim de/afim - A locução a fim de significa
com o objetivo de: O desassoreamento foi feito a fim de baixar o nível
do rio e evitar novas enchentes. O adjetivo afim indica afinidade,
parentesco: Esses são assuntos afins.
aforismo - Não existe aforisma.
africano - Quando se tratar de pessoa, prefira o adjetivo do
país de origem: senegalês, moçambicano.
água- - água-benta, água-com-açúcar,
água-de-cheiro, água-de-coco, água-de-colônia,
água-marinha, água mineral, água oxigenada, água
pesada, água sanitária, água-viva.
Aids - Não é necessário escrever por extenso
o significado desta sigla: síndrome de imunodeficiência
adquirida, vinculada com a infecção pelo vírus
HIV (vírus da imunodeficiência humana). Só mencione
que alguém tem Aids quando isso for relevante no contexto da
notícia. Se o texto trata da atividade profissional de uma
pessoa, não é necessário falar da doença,
a não ser que ela o impeça de trabalhar ou afete seu
trabalho. Não deixe de mencionar a síndrome quando o
texto trata do estado de saúde da pessoa e o jornal está
seguro de que ela é portadora do vírus.
Quando
a morte de alguém decorrer de Aids, não omita a causa.
Atenção: nos diagnósticos e necropsias, quase
nunca a Aids é mencionada, e sim outras doenças decorrentes
da síndrome, como pneumonia. Veja preconceito .
alegar - Do latim, allegare. É o verbo do réu.
Significa citar como prova, explicar e daí desculpar-se. Não
use se não se tratar de explicação ou tentativa
de justificar-se diante de uma acusação qualquer. Veja
verbos declarativos .
aleijado - Não use, exceto ao reproduzir declaração
textual. Se for importante para o contexto da notícia, procure
dar uma descrição objetiva: cego do olho direito; tetraplégico;
que tem a perna direita atrofiada por causa de poliomielite. Veja
preconceito . Consulte também o anexo As Palavras Certas.
além disso/além do que - Evite. Em geral pode
ser substituído por e ou por um ponto. O tenor italiano Ado
Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel. Além
disso, determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos
a cada dia. É melhor escrever: O tenor italiano Ado Coffo exigiu
duas geladeiras e sauna no quarto do hotel e determinou que três
presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. Veja conjunção
.
algarismos romanos - Seguindo tendência de simplificação,
a Folha não usa algarismo romano, exceto em transcrição
de texto legal e nomes próprios como XV de Piracicaba (time
de futebol). Nomes de soberanos e papas são grafados com algarismos
arábicos (ordinais até 10º e cardinais daí
em diante): João Paulo 2º; Carlos 5º; Leão
10º; Luís 14; João 23. Veja numerais .
álibi - Significa prova de que o acusado de um crime
estava em outro local que não o do delito quando este ocorreu.
Não significa explicação falsa. Também
não designa a testemunha que sustenta o álibi.
alta- - alta-costura, alta-fidelidade, alta-roda, alta sociedade,
alta-tensão.
alto- - alto-falante, alto-forno, alto-mar, alto-relevo.
alunissar - Palavra criada para evitar o uso de termo metafórico
por falta de outro apropriado: aterrissar na Lua. É o mesmo
caso de amerissar, que significa pousar no mar. A Folha não
usa as formas alunizar e amerizar.
amarelo - Nunca use em relação a pessoas ou coisas
originárias de partes da Ásia. Aplique o adjetivo gentílico
exato: coreano, chinês, japonês, vietnamita. Veja preconceito
. Consulte também o anexo As Palavras Certas.
ambiguidade - Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão.
Deve ser evitada no texto jornalístico. São causas frequentes
de ambiguidade:
a)
Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar
os espaços públicos como ruas, estacionamentos... (a
falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender
que a Prefeitura vai transformar os espaços públicos
em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);
b)
Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda
de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há
um mês, na sacada da casa (a colocação de na
sacada da casa no final da frase mesmo com vírgula pode dar
a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada
da casa); pode-se evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio
e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;
c)
Sucessão inadequada de termos, orações ou frases
- Um protesto contra a impunidade e a lentidão da Justiça
(a colocação de impunidade antes de lentidão
da Justiça pode dar a entender que houve um protesto contra
a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto
contra a lentidão da Justiça e a impunidade;
d)
Colocação do que em outra posição que
não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu o
código do cartão, que ele já cancelou (Paulo
cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só
pode ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha
do cartão, que já foi cancelada ou Paulo esqueceu
a senha do cartão, que já foi cancelado;
e)
Abuso da preposição de - Festa de passagem do ano do
navio (o navio faz aniversário? Não, a festa foi no
navio).
à medida que - Use apenas quando for importante para facilitar
a compreensão do texto. Não escreva na medida que e
à medida em que. Veja conjunção .
americano - Evite esta forma simplificada do adjetivo gentílico
norte-americano. Use apenas para ganhar espaço, por exemplo,
em títulos e legendas.
amerissar - Veja alunissar.
a meu ver - É errado escrever ao meu ver. O certo é
a meu ver: A meu ver, este assunto está encerrado.
anacoluto - Nunca recorra a esta interrupção
brusca no rumo do raciocínio de uma frase, a não ser
reproduzindo declaração textual: "Os quatro ministros,
é tradição que um deles seja mulher", disse
o presidente.
análise - Gênero jornalístico que explora
diversos aspectos de fatos relevantes e recentes, em especial seus
antecedentes e consequências. Em geral, o autor deve se abster
de opinar. É sempre assinado. Veja jornalismo analítico/opinativo.
ancião - Não use. Veja eufemismo.
a nível de/em nível de - A expressão ao
nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar.
É errado usar ao nível de significando em termos de
ou no plano de: A nível federal, o governo agirá; isso
não está ao nível da nossa amizade.
O
certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade.
Apesar de aceitável, evite a expressão, já desgastada
pelo uso abusivo.
ano - Escreva sempre sem ponto de milhar: 1992 e não
1.992. Veja numerais.
Antártida - Use esta grafia para o continente onde fica
o pólo Sul. O adjetivo, porém, é antártico.
O nome vem do grego antarktikós, o oposto do Ártico
(a Ursa, ou seja, o pólo Norte).
ante- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara,
antediluviano, anteface, ante-histórico, anteontem, anteprojeto,
ante-sala, antevéspera.
anti- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo,
antiamericano, antibacteriano, anticlerical, anticlímax, anticoncepcional,
Anticristo, anticonstitucional, an-ticorpo, antiderrapante, antidistônico,
anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário,
antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório,
antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico,
anti-semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino, antitérmico,
antitetânico, antivariólico.
antigo - Use apenas para qualificar coisas que existem há
muito tempo. Quando fizer referência a pessoas ou coisas que
não são mais o que foram, escreva ex: o ex-presidente,
e não o antigo presidente. Pode ser empregado também
o então, desde que haja referência ao período
de tempo em que a pessoa ocupava a função ou cargo:
Nos anos 50, o então presidente Getúlio Vargas... Veja
ex.
ao contrário/diferentemente - Erro muito comum, sobretudo
na seção Erramos. Ao contrário significa ao invés,
exige uma oposição entre dois termos: Ao contrário
do que a Folha publicou na edição de ontem, o
piloto André Moron morreu no acidente, e não saiu ileso.
Sair ileso opõe-se a morrer. Diferentemente é o mesmo
que em vez de. Não requer oposição entre dois
termos: Diferentemente do que a Folha publicou na edição
de ontem, o piloto André Moron perdeu as duas pernas no acidente,
e não apenas uma. Não há oposição
entre perder uma ou duas pernas.
ao invés de/em vez de - Ao invés de significa
ao contrário de: Ao invés de bater, o lutador apanhou.
A expressão serve para mostrar a oposição entre
dois termos. Não confunda com em vez de, que é em lugar
de: Em vez de baixar a portaria, o governador se reuniu com a bancada.
É portanto errado escrever: Ao invés de baixar a portaria,
o governador se reuniu com a bancada.
ao mesmo tempo - Use apenas para facilitar a compreensão
do texto e substituir simultaneamente ou concomitantemente: O sequestrador
ameaçava a vítima ao mesmo tempo em que fazia exigências
à polícia. Veja advérbio; conjunção.
aonde - Não é sinônimo de onde. Use apenas
com verbos de movimento, regidos pela preposição a,
como ir e chegar: Ele vai aonde quer e nunca Estava em São
Paulo, aonde jogou uma partida.
ao passo que - Evite. Na maioria das vezes pode ser substituído
por enquanto. Veja conjunção.
a par/ao par - Estar ciente de alguma coisa é estar
a par: José estava a par do que acontecia. A locução
ao par só se usa em relação a câmbio: O
dólar está ao par do cruzeiro. De qualquer forma, evite
esse jargão econômico.
apelido - Use apenas quando o personagem da notícia
for mais conhecido por ele do que por seu nome real. Mas nunca deixe
de citar o nome verdadeiro, se conhecido. Não use as expressões
vulgo e aliás. É melhor escrever: José Macchairio,
conhecido como Zé Navalhada.
Se
apenas o apelido ou codinome (no caso de clandestinidade política
ou militar) for conhecido, explicite: conhecido pelo apelido tal;
de codinome tal. Veja identificação de pessoa.
aquele - Veja este/esse.
árabe/muçulmano - Não confunda árabe
com muçulmano. O primeiro é um conceito étnico-linguístico;
o segundo, religioso. Há árabes que não são
muçulmanos e muçulmanos que não são árabes.
Os persas, por exemplo, são muçulmanos, mas não
são árabes. Já os maronitas (originários
do Líbano) são árabes cristãos.
arma - No vocabulário militar, indica apenas a especialidade
do oficial de Exército: Infantaria, Cavalaria, Artilharia,
Engenharia, Comunicações, Material Bélico e Saúde
(os dois últimos são serviços mas têm status
de armas). É errado chamar as Forças Armadas (Aeronáutica,
Exército ou Marinha) de Armas. Consulte também o anexo
Forças Armadas do Brasil.
arredondar - Todo cuidado é pouco ao arredondar números.
Uma informação apurada com esforço e zelo pode
ser comprometida pela imperícia na hora de tornar o dado mais
legível, como convém ao texto de jornal: US$ 20,34 bilhões
é muito mais do que US$ 20 bilhões. O jornalista que
fizer essa simplificação terá subtraído
US$ 340 milhões em informação a seus leitores.
Apesar
de esse ser um arredondamento tecnicamente correto, não o faça.
Evite qualquer operação que altere o número em
mais de 1% de seu valor original.
Na
hora de eliminar casas, o correto é arredondar, nunca desprezar:
uma população de 13,7 milhões pode ser transformada
em 14 milhões, nunca em 13 milhões. Para facilitar
a leitura, restrinja os numerais fracionados inevitáveis
a uma casa decimal, como regra, mas tome cuidado com as quantidades
muito grandes (use o bom senso).
Para
arredondar, siga estas duas regras práticas:
a) Concentre-se
na casa seguinte à que se pretende manter;
b) Arredonde
para cima os algarismos 5, 6, 7, 8 e 9; os restantes (1, 2, 3 e
4), para baixo.
Assim,
arredonde 1,4499 para 1,4 e não 1,5 (o segundo 4 exige arredondamento
para baixo). A razão é clara: 1,4499 está mais
perto de 1,4 do que de 1,5.
Se a
intenção for manter duas casas decimais, escreva 1,45,
porque 1,4499 está mais perto de 1,45 do que de 1,44 (o primeiro
9, neste caso, fala mais forte).
arte - Não use este jargão jornalístico
para remeter o leitor do texto a um quadro, gráfico, mapa
ou tabela. Veja arte (no cap. Edição).
arteriosclerose/aterosclerose - Arteriosclerose designa o
processo de endurecimento das artérias. Não é
sinônimo de aterosclerose, tipo de arteriosclerose causada
por ateromas (depósitos de gordura).
artigo - Gênero jornalístico que traz interpretação
ou opinião do autor. Sempre assinado. Pode ser escrito na
primeira pessoa. A Folha só publica artigos inéditos
no Brasil ou, em ocasião excepcional, no mesmo dia que outra
publicação. O jornal tem por norma editar artigos
que expressem pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema. Veja
artigo (no cap. Edição); pluralismo (no cap. Projeto
Folha).
artigos - A tendência do jornalismo é suprimir
os artigos, principalmente em títulos. Mas essa tendência
vem levando a verdadeiros exageros: Todos deputados deixam plenário.
Em
primeiro lugar, é preciso distinguir os dois tipos de artigos
existentes em português. Há os definidos (o, a, os,
as) e os indefinidos (um, uma, uns, umas). Os primeiros individualizam
com mais força os termos que qualificam: Alex Duras, o procurador
do Estado tem sentido bem mais forte que Alex Duras, um procurador
do Estado. Uma declaração de Alex Duras poderia ou
não merecer registro no jornal apenas em função
do artigo que qualifica seu cargo.
A
seguir, um resumo dos casos em que os artigos são obrigatórios,
facultativos ou incorretos:
a)
Artigo definido obrigatório
1)
Individualização - Não hesite em colocar o
artigo definido sempre que o termo por ele qualificado for algo
determinado, único: Foi assassinado pelo irmão mais
novo; comprou a arma no armazém. Às vezes, a supressão
do artigo muda o sentido da expressão: cair de cama (adoecer)
e cair da cama (tombar), papel de imprensa (celulose) e papel da
imprensa (função da mídia);
2)
Substantivação - O hoje, o amanhã, o deus-nos-acuda;
3)
Nomes de naves ou obras famosas - O Titanic, os Lusíadas,
a Apolo-11;
4)
Epítetos - Alexandre, o Grande; Maria, a Louca;
5)
Todo, todos - O adjetivo todo, com sentido de inteiro, exige artigo:
O ombudsman leu todo o jornal. Todos também. Exceções:
quando puderem ser seguidos de termo que repila artigo, como eles,
expresso ou não: Todos os homens são bons, mas Os
três infelizes, todos [eles] ladrões, foram executados.
b)
Artigo definido facultativo
1)
Nomes próprios - As gramáticas recomendam usar artigo
definido antes de nomes famosos: O Camões, O Collor, mas
esse procedimento vem caindo em desuso. Normalmente, o artigo é
usado apenas em linguagem bem familiar: O João já
chegou? Deve ser usado no plural: Os Maias, Os Silvas.
2)
Nomes de países e cidades - Alguns exigem artigo e outros,
repelem, não há regra: O Brasil, a Itália,
a França, o Cabo, o Cairo, Paris, Buenos Aires, Roma, Bangladesh;
3)
Títulos pessoais - Opadre José largou a batina ou
Padre José largou a batina;
4)
Que interrogativo - O que você disse? ou Que está acontecendo?;
5)
Repetição - A repetição do artigo empresta
força a certos pares opostos: O amor e o ódio, a morte
e a vida, o pai e a mãe;
6)
Nomes já modificados por qualificativos - Recebeu notícias
de sua mãe ou Recebeu notícias da sua mãe.
Prefira a primeira forma, sem o artigo definido;
7)
Apostos - Bush, presidente dos EUA, morreu ou Bush, o presidente
dos EUA,morreu. A primeira forma é considerada mais correta.
c)
Artigo definido incorreto
1)
Provérbios - Como os títulos de jornal, os provérbios
costumam omitir o artigo definido: Cão que ladra não
morde;
2)
Nomes tomados em sua generalidade e definições - Escrever
certo é difícil; Cardiologia é ramo da medicina
que cuida do coração;
3)
Palavras que se referem à mesma pessoa - Rainha da Grã-Bretanha
e Irlanda do Norte; e não Rainha da Grã-Bretanha e
da Irlanda do Norte, O diretor da empresa e funcionário público
e não O diretor da empresa e o funcionário público.
d)
Artigo indefinido
O
artigo indefinido tem uso bastante restrito em português.
O abuso constitui galicismo. Não o use antes de outros qualificativos
como outro, meio, tão, certo, igual.
Além
da individualização fraca exposta acima, o indefinido
serve para dar uma idéia aproximada de quantidade (Eram umas
20 pessoas).
aspas - Sinal gráfico (" ") usado para delimitar
uma citação: "O Estado sou eu" é
a frase mais famosa de Luís 14.
A
Folha usa aspas também em palavras e expressões
estrangeiras que não tenham tradução, não
tenham sido aportuguesadas ou cuja utilização seja
rara em texto jornalístico: "black tie". Consulte
o anexo Principais Estrangeirismos com a grafia adotada pela Folha
.
Evite
usar aspas para enfatizar palavras, sobretudo para imprimir tom
irônico. Veja ironia.
Use
também para destacar títulos de livros, obras artísticas
(filmes, peças de teatro, música etc.), revistas e
jornais, exceto a Folha , que aparece em negrito (o mesmo
vale para DataFolha e Agência Folha ). Veja Folha ;
título de obras.
Em
transcrições, a pontuação ficará
dentro das aspas se a declaração constituir período
completo, todo ele entre aspas: "Eu não renuncio."
Foi assim que o presidente começou seu discurso. Mas: O presidente
disse: "Eu não renuncio". Veja declaração
textual.
Admite-se
usar aspas simples (' ') no lugar das aspas quando a palavra ou expressão
destacada fizer parte de período já entre aspas: Diz
a nota emitida pela embaixada: "A insinuação de
que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria 'envolvida na desestabilização
do governo' não procede". Mas tente evitar esse tipo de
construção. É melhor: A nota oficial do governo
diz que não procede a acusação de que a embaixadora
Jeanne Prodotti está "envolvida na desestabilização
do governo".
Evite
o uso de aspas simples seguidas de aspas normais: A nota oficial do
governo diz que não procede a "insinuação
de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria envolvida na 'desestabilização
do governo'". Evite também as contruções
em que apenas o ponto separa aspas fechadas de outras que abrem nova
frase: O acusado disse que estava "enlouquecido no momento da
briga". "Estou arrependido", acrescentou. Escreva:
O acusado disse que estava "enlouquecido" no momento da
briga. "Estou arrependido", acrescentou.
Em títulos e legendas, admite-se o uso de aspas simples no
lugar de aspas para ganhar espaço.
assassinar - Use sempre que alguém tira deliberadamente
a vida de outra pessoa. Quando não houver premeditação
ou a morte for provocada em legítima defesa, use matar. Não
chame de assassino quem não foi julgado e condenado em última
instância. Nesse caso, use acusado do assassinato ou suposto
assassino. Veja eufemismo; executar; matar. Consulte também
o anexo Jurídico.
assaz - Não use. Veja advérbio.
Assembléia Legislativa - Escreva sempre com maiúscula,
mesmo em segunda menção: Os deputados da Assembléia.
Veja maiúsculas/minúsculas.
assistir - No sentido de estar presente, comparecer, ver pode
ser transitivo direto (uso coloquial) ou indireto (norma culta): assistir
televisão; assistir ao balé. No sentido de prestar assistência
é sempre transitivo direto: O médico assistiu o doente.
astronave - Veja aeronave.
astronauta - Designação dada nos Estados Unidos
para o tripulante de nave espacial. Já os participantes do
programa espacial da CEI (Ex-URSS) são chamados de cosmonautas.
atentado - Ação violenta, geralmente com inspiração
política, a fim de danificar instalações, sequestrar
ou assassinar alguém. Veja assassinar; justiçar; terrorista/guerrilheiro.
até as/até às - Nunca use até às,
embora alguns gramáticos admitam essa forma. Até já
é uma preposição e, portanto, dispensa a preposição
a da crase: Até as 18h, ele não havia chegado e não
Até às 18h, ele não havia chegado. Veja crase.
até porque - Evite. Expressão desgastada pelo
uso excessivo.
aterosclerose - Veja arteriosclerose/aterosclerose.
atestar - Significa provar, demonstrar. Tem conotação
positiva. Dizer que fulano atesta algo sugere que é verdadeiro
o que foi dito. Em caso de dúvida, não use. Veja verbos
declarativos.
aterrissar/aterrizar - As duas formas são admissíveis,
mas a Folha usa aterrissar. Veja alunissar.
à-toa/à toa - Como adjetivo, leva hífen:
Honório chamou a vizinha de "mulher à-toa".
Como advérbio não leva hífen: Estava à
toa na vida.
através - Embora muitos gramáticos condenem,
a palavra através, que originalmente significa de lado a lado,
transversalmente, é cada vez mais usada no sentido de por.
Assim, um jornalista pode fazer revelações através
do jornal, mas a revelação não pode ser feita
através do jornalista. Em outras palavras, através não
pode ser usado para introduzir o agente da passiva, que em português
se constrói com por ou de.
De
qualquer forma, o através de pode muitas vezes ser mesmo substituído
por um simples por, que é mais econômico.
auto - Registro escrito e autenticado de algum ato. Use apenas
no seu sentido estrito: O discurso foi registrado nos autos do processo.
Não
use como forma reduzida de automóvel.
auto- - Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação,
auto-análise, autobiografia, autocomiseração,
autoconsciência, autocrítica, autodefesa, autodidata,
auto-erotismo, autofagia, autofinanciamento, auto-indução.
autópsia - Originalmente, em grego, era usado com o
sentido de ver com os próprios olhos. Hoje designa o exame
de cadáver. Prefira autópsia a necropsia.
|
|
Texto
Frases
Introdução
Como
consultar
Projeto
Folha
Produção
Edição
Anexos
Adendos
Bibliografia
|