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a/há - Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente o futuro: O presidente viaja daqui a uma semana. O verbo haver, quando se refere a tempo, indica o passado e pode sempre ser substituído por faz: O presidente viajou há uma semana.

Mas cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento no tempo, seja futuro ou passado: A um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória; As eleições vão acontecer daqui a dois anos. Experimente substituir o a dessas duas frases por faz (o que equivaleria a há) e veja que a oração perde o sentido.

Outra situação em que se utiliza o verbo haver é no sentido de existir: Há muita gente na sala. Neste caso, não há por que confundi-lo com a preposição a. Veja haver .

abertura - Depois do título, é o elemento principal de uma notícia. Se for bem redigida, conquista o leitor. Veja lide.

a bordo - Use apenas quando se tratar de navio, avião ou nave espacial. Evite em qualquer outro caso, como O governador estava a bordo de seu Rolls-Royce.

abreviatura - Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são: endereços (al., av., pça., r., tel., apto.); valores de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro; unidades de medida (g, m, kg, Hz, w, s); designação de ano ou século em relação à era cristã (a.C., d.C.); na expressão et cetera (veja etc .); meses do ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul., ago., set., out., nov., dez.); designações comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ). Veja siglas .

abrir - Não use em lugar de começar: Começa hoje a Bienal e não Abre hoje a Bienal. O verbo abrir exige sempre um complemento (quem abre abre alguma coisa). Pela mesma razão, não use o verbo iniciar no lugar de ter início.

a.C. - Antes de Cristo.
acentuação - A Folha segue todas as normas de acentuação vigentes no Brasil, exceto as que se referem ao trema (veja trema)
Acentos não são meros detalhes. Sua presença ou ausência tem a função de indicar a sílaba tônica (a que se pronuncia com mais intensidade). É obrigação de todo jornalista conhecer as poucas regras práticas que determinam o uso dos acentos.

Para saber se uma palavra deve ou não ser acentuada, desconsidere a letra s que exista no final, seja por formação de plural ou não.

a) Proparoxítonas (palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima) - Todas são acentuadas: parabólica, simpática, lúcido, sólido, líquido, prático, cômodo, parâmetro, êmbolo;

b) Paroxítonas (a tônica é a penúltima) - Apenas as terminadas em a, e, o, em, am não têm acento: guarda, sobremesas, paredes, rede, claro, estilos, item, passagens, rimam, dramatizam. Todas as outras são acentuadas: bíceps, fórceps, caráter, éter, Cádiz, hífen, álbum, álbuns, fácil, difícil, lápis, júri, fênix, ônix, ônus. Mas atenção: palavras terminadas em ens representam uma exceção e não têm acento: hifens, polens, himens, apesar de hífen, pólen, hímen.

Cuidado: paroxítonas terminadas em oo, eem são acentuadas: vôo, zôo, abençôo, crêem, dêem. Também levam acento as terminadas em ditongo (encontro de duas vogais pronunciadas conjuntamente): jóquei, língua, bênção, órfão;

c) Oxítonas (a tônica é a última) - Ao contrário das paroxítonas, têm acento quando terminadas em a, e, o, em: diferenciá-la, lá, ipê, Pelé, pé, vovô, bocó, também, amém, parabéns, você. Todas as outras terminações, portanto, dispensam o acento: nu, hindu, ri, transferi-lo. Mas atenção: quando formam hiato (encontro de vogais pronunciadas separadamente), oxítonas terminadas em i, u são acentuadas: Tamanduateí, país, baú.

Os monossílabos terminados em em não são acentuados (trem; cem), exceto a terceira pessoa do plural dos verbos vir e ter: ele vem, eles vêm; ele tem, eles têm. Verbos derivados de vir e ter mantêm o circunflexo no plural, mas levam acento agudo no singular: provêm, provém; retêm, retém;

d) Átonas - Como diz o nome, estas palavras não têm sílaba tônica porque se subordinam sempre à do termo que acompanham: pronomes como me, te, se, lhe, la, lo; preposições e contrações como de, da; do, das, em, a, para, por, pelo; artigos o, a, os, as; conjunções como e, mas, nem, que; prefixos ligados a outras palavras por hífen, como anti-, semi-, super-, hiper-. Entretanto, quando substantivadas, estas palavras ficam tônicas: O espectro da híper ronda o Brasil; Operários do ABC preferem as múltis;

e) Hiato - O i e o u tônicos são acentuados quando formam hiato (encontro de duas vogais em que cada uma pertence a sílabas diferentes) em qualquer posição na palavra e não apenas em oxítonas: saía, alaúde, raízes, juízes, país, balaústre, traíste. Não são acentuados se formarem sílaba com qualquer outra consoante que não seja o s: Coimbra, cairdes, juiz, raiz. Quando seguidos de nh também não levam acento: rainha, bainha, tainha, coroinha. O mesmo vale para hiatos formados pela duplicação da vogal: xiita, xiismo, juuna;

f) Ditongos abertos - Nunca deixe de acentuar éi, éu, ói tônicos abertos: colméia, céu, constrói, destrói. Não há exceções. Mas cuidado: constroem e destroem sequer são ditongos e não têm acento.

Também são acentuados os ditongos úi, úe tônicos quando precedidos de g ou q: argúi, averigúem, apazigúe, obliqúe;

  g) Acento diferencial - Só permanece em pôde (passado) para diferenciar de pode (presente); pára (verbo); pêlo (cabelo) e pélo, pélas e péla (verbo pelar); pólo (na geografia, na física e no esporte) e pôlo (ave de rapina); pôr (verbo); pêra (fruta) e péra (pedra); côa, côas (verbo coar); quê. Veja que/quê .

acidente geográfico - Comece sempre com minúscula, exceto quando a designação do acidente fizer parte de substantivo próprio: ilha de Fernando de Noronha, Ilhas Salomão; cabo Horn, Cabo Verde; oceano Atlântico, mar Mediterrâneo, mar da China, mar Morto. Mas atenção: em mapas, a identificação dos acidentes deve começar com maiúsculas, como no início de qualquer frase. Veja maiúsculas/minúsculas .

acidente/incidente
- Acidente é fato importante, imprevisto e em geral desastroso: O acidente aéreo resultou em 234 mortes.

Incidente é fato em geral secundário, episódio, atrito: Incidente diplomático.

a cores - A TV é em cores e não a cores.

acreditar - Evite o uso deste verbo para introduzir declaração de personagem da notícia. É impossível para o repórter saber se alguém acredita ou não em alguma coisa. Prefira dizer acreditar: O deputado Magno Luegner diz acreditar que o governo vencerá a eleição em vez de O deputado Magno Luegner acredita que o governo vencerá a eleição. Veja verbos declarativos .

acusação criminal - A Constituição garante que todos devem ser considerados inocentes até que sua culpa seja estabelecida pela Justiça. A Folha não endossa acusação criminal, mesmo da polícia, enquanto não for confirmada por sentença judicial definitiva. Até então, a pessoa sobre quem recaia suspeita é tratada como acusada ou suspeita: Adamantino Phor, acusado de contrabandear diamantes, e não Adamantino Phor, que contrabandeou diamantes.

Essa norma não vale para flagrante delito ou confissão espontânea. Mas cuidado: há sempre a possibilidade de que o flagrante seja falso e de que a confissão seja forçada. Na maior parte das vezes, o melhor é deixar claro no texto que, segundo a polícia, trata-se de confissão ou flagrante.

Em qualquer caso, nenhum texto que contenha acusação criminal deve ser publicado enquanto não for esgotada a possibilidade de ouvir a parte acusada, a fim de que sua declaração seja apresentada ao leitor na mesma edição. Se não for possível ouvir o outro lado no mesmo dia, o texto deve ser submetido à Direção de Redação, que decidirá sobre a publicação. Texto que não contenha o outro lado exige uma explicação: Inocêncio Afanés, procurado pela Folha para responder às acusações do investigador do Deic Diogo Dolon, não foi encontrado em seu escritório entre 14h e 20h. Quanto mais específica puder ser a explicação, melhor.

Quando decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar ouvi-lo no dia seguinte.

A Justiça garante ao réu a possibilidade de recorrer de sentenças a instâncias superiores. Registre sempre no texto se cabe recurso e se ele tem efeito suspensivo, ou seja, se suspende a execução da decisão até que haja outra de instância superior.

Quando receber informação de alguém que faz acusação criminal contra outra pessoa, procure sempre:

a) Gravar a declaração;

b) Discutir o caso com seu superior para avaliar a credibilidade de quem formula a acusação;

c) Caso essa avaliação seja positiva, mas não haja gravação, tentar obtê-la;

d) Tomar o cuidado de reproduzir literalmente o cerne da acusação, sempre entre aspas.

Se a parte acusada não puder ser ouvida, mas houver declaração sua prestada à Justiça ou a autoridade policial, tente obtê-la para publicação. Consulte também o anexo Jurídico.

A.D. - Anno Domini, em latim, no ano do Senhor. Traduza para d.C.

adjetivo - Evite usar em textos noticiosos adjetivos que impliquem juízo de valor e são, portanto, duvidosos: bonito/feio; verdadeiro/falso; certo/errado. Utilize o que torna mais preciso o sentido do substantivo: amarelo/azul; redondo/quadrado; barroco/clássico. Em vez de o artista trabalha com telas grandes, escreva o artista trabalha com telas de três metros por dois.

Nos editoriais, comentários, críticas e artigos, há maior liberdade para o uso do adjetivo. Mesmo assim, recomenda-se usá-lo com sobriedade. A opinião sustentada em fatos é mais forte do que a apenas adjetivada.

admitir - Não use como sinônimo de dizer, declarar ou afirmar. Significa aceitar ou reconhecer fato em geral negativo: O candidato Odurmeu da Cruz admitiu a derrota depois de abertas as primeiras urnas. Evite sobretudo introduzir com o verbo admitir respostas insinuadas na própria pergunta do jornalista: O ministro admite que a inflação pode voltar (ele respondeu "talvez" à pergunta). Veja verbos declarativos.

advérbio - Evite começar um período com advérbios formados com o sufixo -mente, sobretudo em textos noticiosos: Curiosamente, a convenção do partido transcorreu sem incidentes. É melhor ser claro e escrever: Ao contrário do que previam alguns participantes, a convenção do partido transcorreu sem incidentes.

  Evite advérbios que expressem juízos de valor: certamente, evidentemente, efetivamente, bastante, fielmente, levemente, definitivamente, absolutamente. Não se fazem restrições a advérbios que ajudem a precisar o sentido, como os de lugar (acima, abaixo, além), tempo (agora, ainda, amanhã).

advogado - Nem todo bacharel em direito é advogado ou doutor. O advogado é formado em direito e habilitado pela Ordem dos Advogados do Brasil. Doutor é quem defendeu e teve aprovada tese de doutoramento. Jurista é reservado a autores de obras jurídicas de importância reconhecida.

aeronave - Em nomes de aeronaves, use hífen antes do numeral: Boeing-767, DC-10, DC-6B, MiG-17, Viking-2. Quando a especificação de modelo ou tipo constar de um segundo numeral, separe com uma barra: Boeing-707/200. Para os casos de dúvida, adote a grafia da publicação "Jane's All the World's Aircraft".

Em alguns casos a Folha adota a grafia aportuguesada: Apolo-11 e não Apollo-11; Magalhães e não Magellan; Galileu e não Galileo.

"affair"/"affaire" - Não use em texto noticioso. Em inglês e francês, respectivamente, significam caso, assunto, negócio. Pode designar também relação amorosa fora do casamento.

aficionado - Não existe aficcionado.

a fim de/afim - A locução a fim de significa com o objetivo de: O desassoreamento foi feito a fim de baixar o nível do rio e evitar novas enchentes. O adjetivo afim indica afinidade, parentesco: Esses são assuntos afins.

aforismo - Não existe aforisma.

africano - Quando se tratar de pessoa, prefira o adjetivo do país de origem: senegalês, moçambicano.

água- - água-benta, água-com-açúcar, água-de-cheiro, água-de-coco, água-de-colônia, água-marinha, água mineral, água oxigenada, água pesada, água sanitária, água-viva.

Aids - Não é necessário escrever por extenso o significado desta sigla: síndrome de imunodeficiência adquirida, vinculada com a infecção pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). Só mencione que alguém tem Aids quando isso for relevante no contexto da notícia. Se o texto trata da atividade profissional de uma pessoa, não é necessário falar da doença, a não ser que ela o impeça de trabalhar ou afete seu trabalho. Não deixe de mencionar a síndrome quando o texto trata do estado de saúde da pessoa e o jornal está seguro de que ela é portadora do vírus.

Quando a morte de alguém decorrer de Aids, não omita a causa. Atenção: nos diagnósticos e necropsias, quase nunca a Aids é mencionada, e sim outras doenças decorrentes da síndrome, como pneumonia. Veja preconceito .

alegar - Do latim, allegare. É o verbo do réu. Significa citar como prova, explicar e daí desculpar-se. Não use se não se tratar de explicação ou tentativa de justificar-se diante de uma acusação qualquer. Veja verbos declarativos .

aleijado - Não use, exceto ao reproduzir declaração textual. Se for importante para o contexto da notícia, procure dar uma descrição objetiva: cego do olho direito; tetraplégico; que tem a perna direita atrofiada por causa de poliomielite. Veja preconceito . Consulte também o anexo As Palavras Certas.

além disso/além do que - Evite. Em geral pode ser substituído por e ou por um ponto. O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel. Além disso, determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. É melhor escrever: O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel e determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. Veja conjunção .

algarismos romanos - Seguindo tendência de simplificação, a Folha não usa algarismo romano, exceto em transcrição de texto legal e nomes próprios como XV de Piracicaba (time de futebol). Nomes de soberanos e papas são grafados com algarismos arábicos (ordinais até 10º e cardinais daí em diante): João Paulo 2º; Carlos 5º; Leão 10º; Luís 14; João 23. Veja numerais .

álibi - Significa prova de que o acusado de um crime estava em outro local que não o do delito quando este ocorreu. Não significa explicação falsa. Também não designa a testemunha que sustenta o álibi.

alta- - alta-costura, alta-fidelidade, alta-roda, alta sociedade, alta-tensão.

alto- - alto-falante, alto-forno, alto-mar, alto-relevo.

alunissar - Palavra criada para evitar o uso de termo metafórico por falta de outro apropriado: aterrissar na Lua. É o mesmo caso de amerissar, que significa pousar no mar. A Folha não usa as formas alunizar e amerizar.

amarelo - Nunca use em relação a pessoas ou coisas originárias de partes da Ásia. Aplique o adjetivo gentílico exato: coreano, chinês, japonês, vietnamita. Veja preconceito . Consulte também o anexo As Palavras Certas.

ambiguidade - Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão. Deve ser evitada no texto jornalístico. São causas frequentes de ambiguidade:

a) Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar os espaços públicos como ruas, estacionamentos... (a falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender que a Prefeitura vai transformar os espaços públicos em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);

b) Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês, na sacada da casa (a colocação de na sacada da casa no final da frase mesmo com vírgula pode dar a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada da casa); pode-se evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;

c) Sucessão inadequada de termos, orações ou frases - Um protesto contra a impunidade e a lentidão da Justiça (a colocação de impunidade antes de lentidão da Justiça pode dar a entender que houve um protesto contra a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto contra a lentidão da Justiça e a impunidade;

d) Colocação do que em outra posição que não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu o código do cartão, que ele já cancelou (Paulo cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só pode ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelada ou Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelado;

e) Abuso da preposição de - Festa de passagem do ano do navio (o navio faz aniversário? Não, a festa foi no navio).
à medida que - Use apenas quando for importante para facilitar a compreensão do texto. Não escreva na medida que e à medida em que. Veja conjunção .

americano - Evite esta forma simplificada do adjetivo gentílico norte-americano. Use apenas para ganhar espaço, por exemplo, em títulos e legendas.

amerissar - Veja alunissar.
a meu ver - É errado escrever ao meu ver. O certo é a meu ver: A meu ver, este assunto está encerrado.

anacoluto - Nunca recorra a esta interrupção brusca no rumo do raciocínio de uma frase, a não ser reproduzindo declaração textual: "Os quatro ministros, é tradição que um deles seja mulher", disse o presidente.

análise - Gênero jornalístico que explora diversos aspectos de fatos relevantes e recentes, em especial seus antecedentes e consequências. Em geral, o autor deve se abster de opinar. É sempre assinado. Veja jornalismo analítico/opinativo.

ancião - Não use. Veja eufemismo.

a nível de/em nível de - A expressão ao nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar. É errado usar ao nível de significando em termos de ou no plano de: A nível federal, o governo agirá; isso não está ao nível da nossa amizade.

O certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade. Apesar de aceitável, evite a expressão, já desgastada pelo uso abusivo.

ano - Escreva sempre sem ponto de milhar: 1992 e não 1.992. Veja numerais.

Antártida - Use esta grafia para o continente onde fica o pólo Sul. O adjetivo, porém, é antártico. O nome vem do grego antarktikós, o oposto do Ártico (a Ursa, ou seja, o pólo Norte).

ante- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara, antediluviano, anteface, ante-histórico, anteontem, anteprojeto, ante-sala, antevéspera.

anti- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo, antiamericano, antibacteriano, anticlerical, anticlímax, anticoncepcional, Anticristo, anticonstitucional, an-ticorpo, antiderrapante, antidistônico, anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório, antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico, anti-semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino, antitérmico, antitetânico, antivariólico.

antigo - Use apenas para qualificar coisas que existem há muito tempo. Quando fizer referência a pessoas ou coisas que não são mais o que foram, escreva ex: o ex-presidente, e não o antigo presidente. Pode ser empregado também o então, desde que haja referência ao período de tempo em que a pessoa ocupava a função ou cargo: Nos anos 50, o então presidente Getúlio Vargas... Veja ex.

ao contrário/diferentemente - Erro muito comum, sobretudo na seção Erramos. Ao contrário significa ao invés, exige uma oposição entre dois termos: Ao contrário do que a Folha publicou na edição de ontem, o piloto André Moron morreu no acidente, e não saiu ileso. Sair ileso opõe-se a morrer. Diferentemente é o mesmo que em vez de. Não requer oposição entre dois termos: Diferentemente do que a Folha publicou na edição de ontem, o piloto André Moron perdeu as duas pernas no acidente, e não apenas uma. Não há oposição entre perder uma ou duas pernas.

ao invés de/em vez de - Ao invés de significa ao contrário de: Ao invés de bater, o lutador apanhou. A expressão serve para mostrar a oposição entre dois termos. Não confunda com em vez de, que é em lugar de: Em vez de baixar a portaria, o governador se reuniu com a bancada. É portanto errado escrever: Ao invés de baixar a portaria, o governador se reuniu com a bancada.

ao mesmo tempo - Use apenas para facilitar a compreensão do texto e substituir simultaneamente ou concomitantemente: O sequestrador ameaçava a vítima ao mesmo tempo em que fazia exigências à polícia. Veja advérbio; conjunção.

aonde
- Não é sinônimo de onde. Use apenas com verbos de movimento, regidos pela preposição a, como ir e chegar: Ele vai aonde quer e nunca Estava em São Paulo, aonde jogou uma partida.
ao passo que - Evite. Na maioria das vezes pode ser substituído por enquanto. Veja conjunção.

a par/ao par - Estar ciente de alguma coisa é estar a par: José estava a par do que acontecia. A locução ao par só se usa em relação a câmbio: O dólar está ao par do cruzeiro. De qualquer forma, evite esse jargão econômico.

apelido - Use apenas quando o personagem da notícia for mais conhecido por ele do que por seu nome real. Mas nunca deixe de citar o nome verdadeiro, se conhecido. Não use as expressões vulgo e aliás. É melhor escrever: José Macchairio, conhecido como Zé Navalhada.

Se apenas o apelido ou codinome (no caso de clandestinidade política ou militar) for conhecido, explicite: conhecido pelo apelido tal; de codinome tal. Veja identificação de pessoa.

aquele - Veja este/esse.

árabe/muçulmano - Não confunda árabe com muçulmano. O primeiro é um conceito étnico-linguístico; o segundo, religioso. Há árabes que não são muçulmanos e muçulmanos que não são árabes. Os persas, por exemplo, são muçulmanos, mas não são árabes. Já os maronitas (originários do Líbano) são árabes cristãos.

arma - No vocabulário militar, indica apenas a especialidade do oficial de Exército: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Comunicações, Material Bélico e Saúde (os dois últimos são serviços mas têm status de armas). É errado chamar as Forças Armadas (Aeronáutica, Exército ou Marinha) de Armas. Consulte também o anexo Forças Armadas do Brasil.

arredondar - Todo cuidado é pouco ao arredondar números. Uma informação apurada com esforço e zelo pode ser comprometida pela imperícia na hora de tornar o dado mais legível, como convém ao texto de jornal: US$ 20,34 bilhões é muito mais do que US$ 20 bilhões. O jornalista que fizer essa simplificação terá subtraído US$ 340 milhões em informação a seus leitores.

Apesar de esse ser um arredondamento tecnicamente correto, não o faça. Evite qualquer operação que altere o número em mais de 1% de seu valor original.

Na hora de eliminar casas, o correto é arredondar, nunca desprezar: uma população de 13,7 milhões pode ser transformada em 14 milhões, nunca em 13 milhões. Para facilitar a leitura, restrinja os numerais fracionados inevitáveis a uma casa decimal, como regra, mas tome cuidado com as quantidades muito grandes (use o bom senso).
Para arredondar, siga estas duas regras práticas:

a) Concentre-se na casa seguinte à que se pretende manter;

b) Arredonde para cima os algarismos 5, 6, 7, 8 e 9; os restantes (1, 2, 3 e 4), para baixo.


Assim, arredonde 1,4499 para 1,4 e não 1,5 (o segundo 4 exige arredondamento para baixo). A razão é clara: 1,4499 está mais perto de 1,4 do que de 1,5.
Se a intenção for manter duas casas decimais, escreva 1,45, porque 1,4499 está mais perto de 1,45 do que de 1,44 (o primeiro 9, neste caso, fala mais forte).

arte - Não use este jargão jornalístico para remeter o leitor do texto a um quadro, gráfico, mapa ou tabela. Veja arte (no cap. Edição).

arteriosclerose/aterosclerose - Arteriosclerose designa o processo de endurecimento das artérias. Não é sinônimo de aterosclerose, tipo de arteriosclerose causada por ateromas (depósitos de gordura).

artigo - Gênero jornalístico que traz interpretação ou opinião do autor. Sempre assinado. Pode ser escrito na primeira pessoa. A Folha só publica artigos inéditos no Brasil ou, em ocasião excepcional, no mesmo dia que outra publicação. O jornal tem por norma editar artigos que expressem pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema. Veja artigo (no cap. Edição); pluralismo (no cap. Projeto Folha).

artigos - A tendência do jornalismo é suprimir os artigos, principalmente em títulos. Mas essa tendência vem levando a verdadeiros exageros: Todos deputados deixam plenário.

Em primeiro lugar, é preciso distinguir os dois tipos de artigos existentes em português. Há os definidos (o, a, os, as) e os indefinidos (um, uma, uns, umas). Os primeiros individualizam com mais força os termos que qualificam: Alex Duras, o procurador do Estado tem sentido bem mais forte que Alex Duras, um procurador do Estado. Uma declaração de Alex Duras poderia ou não merecer registro no jornal apenas em função do artigo que qualifica seu cargo.

A seguir, um resumo dos casos em que os artigos são obrigatórios, facultativos ou incorretos:

  a) Artigo definido obrigatório

  1) Individualização - Não hesite em colocar o artigo definido sempre que o termo por ele qualificado for algo determinado, único: Foi assassinado pelo irmão mais novo; comprou a arma no armazém. Às vezes, a supressão do artigo muda o sentido da expressão: cair de cama (adoecer) e cair da cama (tombar), papel de imprensa (celulose) e papel da imprensa (função da mídia);


2) Substantivação - O hoje, o amanhã, o deus-nos-acuda;
3) Nomes de naves ou obras famosas - O Titanic, os Lusíadas, a Apolo-11;

4) Epítetos - Alexandre, o Grande; Maria, a Louca;

5) Todo, todos - O adjetivo todo, com sentido de inteiro, exige artigo: O ombudsman leu todo o jornal. Todos também. Exceções: quando puderem ser seguidos de termo que repila artigo, como eles, expresso ou não: Todos os homens são bons, mas Os três infelizes, todos [eles] ladrões, foram executados.

b) Artigo definido facultativo

1) Nomes próprios - As gramáticas recomendam usar artigo definido antes de nomes famosos: O Camões, O Collor, mas esse procedimento vem caindo em desuso. Normalmente, o artigo é usado apenas em linguagem bem familiar: O João já chegou? Deve ser usado no plural: Os Maias, Os Silvas.

2) Nomes de países e cidades - Alguns exigem artigo e outros, repelem, não há regra: O Brasil, a Itália, a França, o Cabo, o Cairo, Paris, Buenos Aires, Roma, Bangladesh;

3) Títulos pessoais - Opadre José largou a batina ou Padre José largou a batina;

4) Que interrogativo - O que você disse? ou Que está acontecendo?;

5) Repetição - A repetição do artigo empresta força a certos pares opostos: O amor e o ódio, a morte e a vida, o pai e a mãe;

6) Nomes já modificados por qualificativos - Recebeu notícias de sua mãe ou Recebeu notícias da sua mãe. Prefira a primeira forma, sem o artigo definido;

7) Apostos - Bush, presidente dos EUA, morreu ou Bush, o presidente dos EUA,morreu. A primeira forma é considerada mais correta.

c) Artigo definido incorreto

1) Provérbios - Como os títulos de jornal, os provérbios costumam omitir o artigo definido: Cão que ladra não morde;

2) Nomes tomados em sua generalidade e definições - Escrever certo é difícil; Cardiologia é ramo da medicina que cuida do coração;

3) Palavras que se referem à mesma pessoa - Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; e não Rainha da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, O diretor da empresa e funcionário público e não O diretor da empresa e o funcionário público.

d) Artigo indefinido

O artigo indefinido tem uso bastante restrito em português. O abuso constitui galicismo. Não o use antes de outros qualificativos como outro, meio, tão, certo, igual.

Além da individualização fraca exposta acima, o indefinido serve para dar uma idéia aproximada de quantidade (Eram umas 20 pessoas).

aspas - Sinal gráfico (" ") usado para delimitar uma citação: "O Estado sou eu" é a frase mais famosa de Luís 14.

A Folha usa aspas também em palavras e expressões estrangeiras que não tenham tradução, não tenham sido aportuguesadas ou cuja utilização seja rara em texto jornalístico: "black tie". Consulte o anexo Principais Estrangeirismos com a grafia adotada pela Folha .

Evite usar aspas para enfatizar palavras, sobretudo para imprimir tom irônico. Veja ironia.

Use também para destacar títulos de livros, obras artísticas (filmes, peças de teatro, música etc.), revistas e jornais, exceto a Folha , que aparece em negrito (o mesmo vale para DataFolha e Agência Folha ). Veja Folha ; título de obras.


Em transcrições, a pontuação ficará dentro das aspas se a declaração constituir período completo, todo ele entre aspas: "Eu não renuncio." Foi assim que o presidente começou seu discurso. Mas: O presidente disse: "Eu não renuncio". Veja declaração textual.

Admite-se usar aspas simples (' ') no lugar das aspas quando a palavra ou expressão destacada fizer parte de período já entre aspas: Diz a nota emitida pela embaixada: "A insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria 'envolvida na desestabilização do governo' não procede". Mas tente evitar esse tipo de construção. É melhor: A nota oficial do governo diz que não procede a acusação de que a embaixadora Jeanne Prodotti está "envolvida na desestabilização do governo".

Evite o uso de aspas simples seguidas de aspas normais: A nota oficial do governo diz que não procede a "insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria envolvida na 'desestabilização do governo'". Evite também as contruções em que apenas o ponto separa aspas fechadas de outras que abrem nova frase: O acusado disse que estava "enlouquecido no momento da briga". "Estou arrependido", acrescentou. Escreva: O acusado disse que estava "enlouquecido" no momento da briga. "Estou arrependido", acrescentou.


Em títulos e legendas, admite-se o uso de aspas simples no lugar de aspas para ganhar espaço.

assassinar - Use sempre que alguém tira deliberadamente a vida de outra pessoa. Quando não houver premeditação ou a morte for provocada em legítima defesa, use matar. Não chame de assassino quem não foi julgado e condenado em última instância. Nesse caso, use acusado do assassinato ou suposto assassino. Veja eufemismo; executar; matar. Consulte também o anexo Jurídico.

assaz - Não use. Veja advérbio.

Assembléia Legislativa - Escreva sempre com maiúscula, mesmo em segunda menção: Os deputados da Assembléia. Veja maiúsculas/minúsculas.

assistir - No sentido de estar presente, comparecer, ver pode ser transitivo direto (uso coloquial) ou indireto (norma culta): assistir televisão; assistir ao balé. No sentido de prestar assistência é sempre transitivo direto: O médico assistiu o doente.

astronave - Veja aeronave.

astronauta - Designação dada nos Estados Unidos para o tripulante de nave espacial. Já os participantes do programa espacial da CEI (Ex-URSS) são chamados de cosmonautas.

atentado - Ação violenta, geralmente com inspiração política, a fim de danificar instalações, sequestrar ou assassinar alguém. Veja assassinar; justiçar; terrorista/guerrilheiro.

até as/até às - Nunca use até às, embora alguns gramáticos admitam essa forma. Até já é uma preposição e, portanto, dispensa a preposição a da crase: Até as 18h, ele não havia chegado e não Até às 18h, ele não havia chegado. Veja crase.

até porque - Evite. Expressão desgastada pelo uso excessivo.

aterosclerose - Veja arteriosclerose/aterosclerose.

atestar - Significa provar, demonstrar. Tem conotação positiva. Dizer que fulano atesta algo sugere que é verdadeiro o que foi dito. Em caso de dúvida, não use. Veja verbos declarativos.

aterrissar/aterrizar - As duas formas são admissíveis, mas a Folha usa aterrissar. Veja alunissar.

à-toa/à toa - Como adjetivo, leva hífen: Honório chamou a vizinha de "mulher à-toa". Como advérbio não leva hífen: Estava à toa na vida.

através - Embora muitos gramáticos condenem, a palavra através, que originalmente significa de lado a lado, transversalmente, é cada vez mais usada no sentido de por. Assim, um jornalista pode fazer revelações através do jornal, mas a revelação não pode ser feita através do jornalista. Em outras palavras, através não pode ser usado para introduzir o agente da passiva, que em português se constrói com por ou de.

De qualquer forma, o através de pode muitas vezes ser mesmo substituído por um simples por, que é mais econômico.

auto - Registro escrito e autenticado de algum ato. Use apenas no seu sentido estrito: O discurso foi registrado nos autos do processo.

Não use como forma reduzida de automóvel.

auto- - Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação, auto-análise, autobiografia, autocomiseração, autoconsciência, autocrítica, autodefesa, autodidata, auto-erotismo, autofagia, autofinanciamento, auto-indução.

autópsia - Originalmente, em grego, era usado com o sentido de ver com os próprios olhos. Hoje designa o exame de cadáver. Prefira autópsia a necropsia.


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Novo Manual da Redação - 1996

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