Segredos do Poder
"Se a gente usar a bomba atômica presidencial..."



25/05/1999
Editoria: BRASIL
Página: 1-12


Luiz Carlos Mendonça de Barros telefona para André Lara Resende na presidência do BNDES. O ministro já está em Brasília. André, no Rio. É o fim do dia 28 de julho, véspera do leilão de privatização. Falam novamente da "bomba atômica presidencial", que se for usada será um "ônus complicado". Combinam enganar a Previ a noite inteira quanto ao preço de proposta de compra da Telemar.

Luiz Carlos Mendonça de Barros - Alô?
André Lara Resende - Alô.
Mendonça - Oi?
André - Estive aqui com o Pérsio aqui. Ele acha exatamente isso.
Mendonça - Então tem um jeito só de eles combinarem um, um ágio lá com o Banco do Brasil...
André - (risos) Isso nós falamos.
Mendonça - É?
André - É. Aí, é o seguinte. Mas ele disse: "E se eles limitarem?" Eu disse não, o negócio é o seguinte: vocês primeiro "downplaya" a noite inteira, para combinar lá embaixo. E, depois, o seguinte: desrespeita a autorização, abuso de poder (risos), se for o caso, e depois nós bancamos.
Mendonça - Não, é lógico, pô.
André - Tá?
Mendonça - Lógico.
André - Então, ele disse, não, tudo bem, porque nós temos certeza. Já aconteceu um caso igualzinho. Ele veio aqui para falar isso.
Mendonça - Então, combina. Discute primeiro um número mais embaixo. E, na última hora...
André - Exatamente. Na última hora, sobe.
Mendonça - É isso aí.
André - E eu falei para ele: concentra nisso. Esquece lá o outro, tá? E, agora, porque eu acho o seguinte: se a gente usar a bomba atômica presidencial, a gente vai ter um ônus complicado.
Mendonça - Eu sei, eu sei. Por isso que eu estou dizendo... Agora, de qualquer maneira, vamos pensar amanhã cedo, se precisar...
André - Se precisar a gente vai...
Mendonça - Para esperto, esperto e meio.
André - Exatamente. Mas, vamos ficar com isso guardado e...
Mendonça - E depois, é preferível que depois eu ligue para o Previ e fale: "Olha, meu filho, infelizmente, nós fizemos isso porque tinha esse risco aqui..."
André - Exatamente.
Mendonça - Começa a falar num número mais baixo.
André - Falei com ele para falar o tempo todo em um número bem baixo, conservador, seguro e tal. E eles estão, como eles estão com uma fiança grande a alta... eles podem até ir alto.
Mendonça - Sei.
André - Tá? Então, tá andando.
Mendonça - Tá bom. E a Sprint?
André - A Sprint é o seguinte: nós estamos agora fazendo corpo mole, perfeito?
Mendonça - Sei, sei...
André - ...E o que interessa é que achem, todo mundo, e não se saiba que eles não vão "bidar". Se no final não "bidarem", não incomoda. Até o final tá como se fosse: vai rolar.
Mendonça - Tá bom.
André - Tá bom?
Mendonça - Tá bom.
André - Então, tá.
Mendonça - Tchau.
André - Um abraço.


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