Segredos
do Poder
O depoimento e o grampo
26/05/1999
Editoria: BRASIL
Página: 1-8
As contradições de Mendonça de Barros, segundo escuta clandestina
- Trechos do ''Termo de Declarações'' assinado pelo ex-ministro
na Procuradoria da República, no Rio de Janeiro, no dia 10 de dezembro
do ano passado
1. ''Que foi informado por Jair (Jair Bilachi, ex-presidente
da Previ) que havia questões importantes não resolvidas, mas que
a expectativa era a de solução e que eram problemas normais na formação
de um consórcio; que não tomou nenhuma providência visando superar
os obstáculos; que (nem) sequer procurou saber quais eram as dificuldades
em particular; que manteve a postura de acompanhar o desenrolar
dos fatos respeitando a autonomia de decisão da Previ.''
Diálogos gravados que contradizem o depoimento:
Na véspera do leilão, Mendonça liga para Bilachi, então presidente
da Previ (Caixa de Previdência do Banco do Brasil):
Bilachi - Agora, ministro, nós estamos cacifando aqui. Esta
questão desse outro consórcio, é uma coisa que eu até acho que o
Ricardo Sérgio (Oliveira, ex-diretor da Área Internacional do Banco
do Brasil) devia conversar com vocês depois.
Mendonça - Tudo bem, mas o importante para nós é que montem
com o Pérsio (Arida, ex-sócio do Opportunity), evidentemente chegando
a um acordo, e tudo que precisar aqui nós ajudamos, entende? Agora,
vocês precisam de entender.
2. ''Que o diálogo com Jair Bilachi na véspera do leilão
foi por volta da hora do almoço, no início da tarde. Que nesse momento,
não se falou em fiança.''
Diálogos gravados que contradizem o depoimento:
Diálogo entre Mendonça e Bilachi:
Mendonça - E agora nós estamos com esse probleminha de tempo
aí que é o problema da carta de fiança, né? Esse negócio do Banco
do Brasil, não quero entrar no mérito deles lá, mas é chato chegar
agora, no meio da tarde, dizer que não vai dar, né?
Bilachi - Deixa eu falar agora com o Ricardo Sérgio, eu vou
falar com ele também.
3. ''Que, nesse mesmo dia (véspera do leilão), não participou
de nenhuma reunião com interessados na privatização''.
Diálogos gravados que contradizem o depoimento:
Diálogo entre André Lara Resende, então presidente do BNDES, e o
presidente Fernando Henrique Cardoso, na véspera do leilão:
André - Então, nós vamos ter uma reunião aqui, estive falando
com o Luiz Carlos (Mendonça de Barros), tem uma reunião hoje aqui
às seis e meia. Vem aqui aquele pessoal do Banco do Brasil, o Luiz
Carlos, etc. Agora, se precisarmos de uma certa pressão....
FHC - Não tenha dúvida.
André - A idéia é que podemos usá-lo aí para isso.
FHC - Não tenha dúvida.
4. ''Que o declarante considera hoje que a 'bomba atômica'
existente seria a possibilidade de informar ao consórcio concorrente
acerca das limitações financeiras do consórcio Telemar.''
Diálogos gravados que contradizem o depoimento:
Diálogo entre Mendonça e Lara Resende, na véspera do leilão, onde
deixam claro que trata-se do presidente da República.
André - E eu falei para ele: concentra nisso. Esquece lá
o outro, 'tá? E, agora, porque eu acho o seguinte: se a gente usar
a bomba atômica presidencial, a gente vai ter um ônus complicado.
Mendonça - Eu sei, eu sei. Por isso que eu estou dizendo...
Agora, de qualquer maneira, vamos pensar amanhã cedo, se precisar...
5. ''Que o declarante afirma que o BNDES nunca teve esta
função de formação de consórcios no mencionado processo de privatização''.
Diálogos gravados que contradizem o depoimento:
Diálogo entre Mendonça e seu irmão José Roberto, na véspera do leilão:
Mendonça - Pois é. O consórcio é feito aqui, pô. Evidentemente,
a MCI, como é grande, independe. Ela vai entrar junto com a Telefónica.
Então, não precisa de dinheiro do governo. Mas esses consórcios
"borocoxôs" que estão sendo formados, é tudo aqui. O Pio uma hora
levanta, manda uma carta (risos), espero que no final dê tudo certo,
viu?
José Roberto - Vai dar.
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