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14/12/2008 - 09h42

Serviços de recolocação crescem na crise

RENATO ESSENFELDER
da Folha de S.Paulo

Poucos setores escaparam da onda de cortes das últimas semanas no país. Bancos, construtoras, montadoras e indústrias pesadas e ligadas a commodities em geral demitiram. Boas notícias só para quem ajuda a administrar o enxugamento: o número de contratos com consultorias de "outplacement" -que auxiliam na demissão e na recolocação de funcionários- cresceu em média 20% no mês passado no país.

"Em outubro sentimos até um leve declínio nos contratos, mas novembro foi um mês acima da média, com crescimento de entre 15% e 20% no número de contratos. Mais empresas estão demitindo executivos", diz José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli, uma das primeiras consultorias de "outplacement" do país.

Segundo ele, que trabalha com cortes no alto escalão --em que o potencial de economia às companhias é maior--, também o tempo estimado para a recolocação de pessoal cresceu. Se até setembro a estimativa era de seis meses de caça a uma vaga, agora o prognóstico é o de que a busca se estenda entre nove meses e um ano.

No outra ponta do processo de corte -a admissão-, o movimento foi simétrico. "Outubro e novembro foram meses recorde de aplicação de currículos em nossa base de dados. O crescimento foi de cerca de 25%", afirma Paulo Pontes, presidente da Michael Page no país -grupo internacional de recrutamento focado em "middle management", o meio da pirâmide funcional.

A maior procura pelo serviço não se traduz, contudo, em mais vagas disponíveis. Pelo contrário. "Diminuiu o número de postos no mercado", diz Pontes. Como reflexo, ele mesmo diz que teve de se adequar aos novos tempos, dispensando 20 de seus 170 colaboradores -reflexo da gangorra que agora pende mais para os serviços de demissão do que para os de contratação no país.

E, curiosamente, a maioria dos novos currículos em busca de oportunidade é de profissionais ainda empregados -mas já temerosos dos impactos da crise sobre os seus atuais empregadores.

No Grupo Foco, também dedicado a "hunting" (seleção de talentos), a proporção foi similar. "A oferta de executivos no mercado aumentou 20% em novembro", contabiliza Leyla Galetto, diretora-executiva da Stanton Chase International, divisão de recrutamento de altos executivos do grupo.

Segundo ela, as empresas não deixaram de contratar diretores e presidentes -vagas estratégicas demais para serem extintas sem prejuízo ao negócio. Nos escalões inferiores, o impacto foi maior.

Superdosagem

Especialistas em gestão de pessoas consultados pela Folha são unânimes em afirmar, contudo, que o remédio tem sido muito mais amargo que a doença até agora.

"É preciso saber distinguir o que é a crise do mercado e o que é a crise da empresa. As companhias também estão usando a crise como desculpa para rever os seus quadros", avalia Sofia Esteves do Amaral, presidente do grupo DMRH, que atua no recrutamento de diversos níveis profissionais.

"As empresas aproveitaram a crise para demitir funcionários que estavam havia tempos a perigo", concorda Galetto. "A maior preocupação agora é com o efeito manada: companhias que tinham boas perspectivas acabam reduzindo investimentos. Os cortes ficam preventivos", completa Pontes.

Mas outro fator que deve ser levado em conta, diz Galetto, é a intensificação de operações de fusão e aquisição entre empresas -especialmente em tempos de ativos muito depreciados na Bolsa de Valores. Esses processos naturalmente levam à integração entre equipes, à detecção de redundâncias e aos enxugamentos.

O segmento de treinamentos corporativos, que viveu um boom nos últimos anos e no qual pipocaram formatos exóticos (palestras com militares, caminhadas sobre brasas, acampamentos na mata como forma de integrar e motivar trabalhadores), foi o primeiro a sentir o baque. "Nessa área, a queda chega a 50%", diz Amaral, relatando também recuo de 10% nos contratos da DMRH para preenchimento de vagas em novembro -embora a relação com o cenário econômico não esteja ainda clara para ela. "Pode ser efeito da crise ou apenas sazonal."

Mas um efeito duradouro da crise, estima, será a revisão das práticas de remuneração muito agressivas e do perfil dos profissionais mais visados, que precisarão lidar melhor com crescentes pressões (leia texto abaixo). "Há três meses, o investimento motivava a contratação. Hoje, procura-se gente boa para gerenciar a crise que está aí", afirma Pontes.

Para ele, o bom momento da indústria de "outplacement" deve virar. "Em um primeiro momento, as empresas buscam assessoria para demitir e manter a boa imagem. Em um segundo momento, o serviço declina, porque é dispendioso."

"A crise passará logo, e as empresas que não estiverem preparadas vão perder a retomada", diz Amaral -que avalia que a partir do segundo semestre de 2009 a gangorra do trabalho penderá novamente para o lado das contratações.


     

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