Multas por quebra-mato irregular crescem 959%

A regulamentação sobre o uso do quebra-mato --estrutura metálica colocada à frente do pára-choque dianteiro-- completou um mês na semana passada e já causa reflexos nas lojas de acessórios e nas estatísticas de multas de trânsito.

A Polícia Militar Rodoviária de São Paulo registrou 169 autuações pelo uso irregular do equipamento em 2006, quando a lei só previa multa para acessórios que excedessem a largura máxima do veículo. No ano passado, foram 1.791, ou alta de 959% em relação a 2006.

"A maioria das infrações foi em dezembro, quando a regulamentação entrou em vigor", afirma Cláudio Ceoloni, tenente da PM. Na cidade de São Paulo, não há estatísticas precisas sobre o acessório irregular.

As lojas registraram queda na procura. "Quando surgiram boatos de que o quebra-mato seria proibido, o movimento começou a cair. Hoje, as vendas são 60% menores do que há dois anos", calcula Napoleão Figueiredo, dono da loja Napol.

A resolução 215 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que regulamenta o uso do quebra-mato, exige que o acessório tenha uma plaqueta de identificação e estabelece tamanhos e pesos máximos.

Cinco pontos

A multa para quem infringir a lei é de R$ 127,69, além da perda de cinco pontos na carteira de habilitação. O carro fica retido até a regularização.

O industrial Valdir Ancheschi, 67, dono de um Chevrolet Blazer com quebra-mato instalado, desconhecia a resolução 215 do Contran. "Se um guarda de trânsito pedir que eu retire o quebra-mato, não vou gostar, mas terei de tirá-lo. Lei é lei."

As montadoras que ofereciam a peça de série em seus carros eliminaram o item nos últimos dois anos.

Consultadas pela Folha, a única que quis comentar a nova lei foi a Ford. "O modelo que equipava o Fiesta Trail era grande e não atenderia à resolução 215", diz Antônio Baltar, gerente de marketing da Ford.

"No novo Fiesta, retiramos o quebra-mato. Também modificamos os que vendemos como acessórios originais para EcoSport, Ranger e F250."