Com motorização idêntica, Ford Focus é 30% mais barato que Volvo C30

Dizem que os filhos são como os dedos da mão: cada um do seu jeito, mas todos irmãos. Por isso a "mamãe" Ford, que há dez anos adotou a Volvo, empenhou-se tanto em dar à segunda geração do Focus a mesma base (plataforma) do C30.

O instinto maternal da montadora foi além. Presenteou os dois filhos com os mesmos motores, câmbios e pacotes de equipamentos. Sorte deles.

Mais do Ford Focus porque acaba oferecendo conforto e dirigibilidade de um carro de categoria --e preço-- superior.

Mas também do Volvo C30, que virou o hatch "premium" importado mais acessível do mercado, depois que o Audi A3 nacional saiu de linha.

Não por acaso, pouco mais da metade dos consumidores de C30 optam pela versão 2.0 de entrada (145 cv). A Volvo diz oferecer preço de pai para filho.

Além do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido desde dezembro, seu C30 está com bônus nas revendas de R$ 8.000 até o fim deste mês. Sai por R$ 78.150.

Mimados

Já o Focus hatch GLX "nacional" --vem da Argentina sem Imposto de Importação-- custa R$ 55.015, menos do que concorrentes diretos como o Volkswagen Golf 2.0, que está duas gerações defasadas em relação ao Golf 6 europeu.

Por essa e por outras é que a Ford adora espalhar aos quatro ventos que o seu Focus argentino é idêntico ao que roda desde abril de 2008 na Europa.

O mimo faz sentido. Tenta compensar a falta do motor Duratec 2.0 com tecnologia flexível. Ele estreou no EcoSport em novembro, apenas dois meses depois do lançamento do Focus a gasolina por aqui.

Quem acabou ficando de castigo foi o próprio consumidor, que terá de esperar até meados do segundo semestre para poder abastecê-lo com álcool, segundo previsões de concessionários Ford.

Essa malcriação, aliás, é o grande senão do carro, que poderia vender 65% a mais do que a média de 450 Focus mensais.

A conta é do fabricante, que somou esse número aos 789 Focus "antigos" emplacados em fevereiro para deixar a família, no ranking, atrás só do Chevrolet Astra (R$ 45.664).

A birra da Ford com o "flex" é um desvio comportamental relevante na atual conjuntura, mas não a ponto de precisar chamar a Supernanny.

Se pudesse escolher, talvez a educadora de famílias ficasse com o custo/benefício do novo Focus em vez do futurismo do caçula da Volvo. Ele vendeu em 2009 cerca de 30 unidades por mês, metade do volume do Audi A3 Sportback (R$ 120.695), o líder dos médios "premium".

Os carros foram cedidos para teste pelas montadoras