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Blog do João

15/07/2003 - 07h44

Quando mamãe saiu em viagem....

Bem, agora foi a vez dela. No domingo, a Mãe embarcou a trabalho para os EUA, onde permanece por dez dias. Por aqui, para aqueles que ficaram (eu e o João, além dos avós maternos especialmente convocados para a missão) as coisas começaram de maneira meio tumultuada. Nunca pensei que seria diferente, pois é a minha primeira vez sem ela com ele --e dela sem ele. Mas o primeiro final de semana deu uma pequena mostra do que está por vir.

Já na sexta, ligaram do berçário: o João está com febre. Como ela nos deixaria em muito breve, não tive dúvidas e zarpei com o menino para o pediatra. Lá chegando, como sempre, tudo mudou. A febre se foi e ele se mostrou disposto e sapeca como sempre. 'A garganta está um pouquinho inflamada, mas pode também ser efeito do nascimento de novos dentes....', arriscou. Prescreveu o de sempre e disse para que eu não me preocupasse: quem daria trabalho seria ela, a Mãe, e não ele, o João. Riso geral.

Mas não foi bem assim que aconteceu. Ainda que branda, a febre resistiu por toda a noite, deixando-nos preocupados, claro. No sábado, no entanto, ela havia sumido, mas ele se mostrava manhoso e muito, mas muito, agarrado à mãe. Será que ele já estaria percebendo o que aconteceria no dia seguinte?

Coincidência ou não, o fato é que a Mãe há uma semana vinha falando para ele que se ausentaria por um tempo. Mas como ele saberia que agora era efetivamente a hora? Mistério. O sábado até que transcorreu bem, apesar do frio intenso e da manha. A febre ia e vinha, mas nada muito preocupante. Tanto que nos tranquilizamos e achamos que tudo estava bem de novo. Engano.

Na madrugada, ele não teve febre, mas vomitou. Algo que há muito não fazia. No domingo, ficou o dia inteiro sem comer, recusando até mesmo pão e biscoito, suas iguarias prediletas. As coisas só foram melhorar à tarde, quando os avós, a tia Cacá e o tio Vivi (aquele, da Cuca) chegaram. Progressivamente seu humor foi voltando até que ele estava correndo de um lado para outro, como sempre.

Aliviada, a Mãe terminou de arrumar sua mala e se despediu. Mais uma vez, disse que iria viajar a trabalho, mas que ele não deveria ficar triste. Logo logo estaríamos todos juntos de novo. Ele não deu a mínima e continuou brincando até adormecer nos braços da avó. Melhor, pois assim ela conseguiu embarcar mais tranquila.

Sem febre ou qualquer sintoma de dor ou incômodo, ele passou a noite inteira sem despertar. Foi direto até as 8h30, quando acordou um tanto quanto atordoado. Talvez tenha notado que a mãe não estava por perto (afinal é ela a primeira pessoa que ele vê quando abre os olhos), mas logo depois de mamar não quis deixar os braços da vovó para saracotear pela casa. Ficou ali, caidinho, novamente febril, com os olhos tristes....

Na tentativa de animá-lo, tentamos tudo. Músicas, TV, brincadeiras, livros, passeios. Aos poucos, ele parecia se recuperar para, logo em seguida, ter uma recaída. Assim foi a segunda-feira. De lá dos EUA, a Mãe ligou e o pacto firmado (que não mentiríamos para ela) foi honrado. Descrita, a situação a deixou, como era de se esperar, com o coração apertado. Mas não tem nada não. Daqui a pouco ele melhora, viu mãe. Força garoto!
Luiz Rivoiro é jornalista, editor-chefe do Núcleo de Revistas da Folha. Começou a escrever quando descobriu que a Mãe estava grávida, em agosto de 2001.

E-mail: lrivoiro@uol.com.br

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