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Blog do João

06/01/2004 - 08h50

Ele, "O Moço"

Ele não tem nome. Ou melhor, tem sim, ainda que enigmático. Ninguém jamais viu o seu rosto, tampouco ouviu sua voz. Mas ele está lá, sempre presente nos momentos mais ameaçadores, pronto para entrar em ação. Ele é "O Moço".

Figura misteriosa, mas assídua frequentadora dos diálogos travados entre pai e filho, "O Moço" é evocado em situações críticas, como, por exemplo, na hora de encerrar a brincadeira no parquinho: "Olha lá, João, 'O Moço' já apitou. Ele vai fechar e é hora de ir embora."

Também surge quando a criança não se convence que tal coisa não lhe pertence e insiste em mexer ou tomá-la para si: "Isso é d'O Moço". É melhor deixar aí, se não ele não vai gostar..."

Ok, ok, pode parecer ameaçador demais, mas "O Moço" só é invocado em momentos extremos, em que toda a possibilidade de diálogo já foi esgotada. Normalmente, o João compreende a complexidade das situações e a força dos argumentos paternos e maternos, mas, às vezes, resiste. É aí que entra "O Moço", com todo o seu poder e influência no imaginário infantil. Até agora, ele tem sido bem-sucedido na maioria das vezes, mas até os super-heróis misteriosos apresentam pontos fracos.

O "d'O Moço" é a piscina. Ali, o pequeno João parece encontrar forças para resistir a todo custo às suas investidas. Então, quando nada dá resultado e nem "O Moço" funciona, não tem jeito. É o Pai mesmo que tem de entrar em ação e aguentar o berreiro. Fazer o quê?
Luiz Rivoiro é jornalista, editor-chefe do Núcleo de Revistas da Folha. Começou a escrever quando descobriu que a Mãe estava grávida, em agosto de 2001.

E-mail: lrivoiro@uol.com.br

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