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Blog do João

23/03/2004 - 08h17

Música e vanguarda

Nem me lembro como esse negócio apareceu lá em casa. Pode ter sido obra da Mãe num acesso de consumismo insólito ou presente do vovô Tó na ânsia de nos ajudar no combate a invasores indesejados. O fato é que o João descobriu esse mata-moscas e o transformou no mais adorado brinquedo do momento, deixando para trás caminhões, motos e até mesmo o Lego do Bob, o Construtor.

O tal utensílio, vocês se lembram, é feito de plástico --no caso, azul-- e imita uma mãozinha com um cabo longo e flexível. Pelas mãos do garoto já assumiu a identidade de instrumentos musicais como violão, flauta e trumpete, além de ser utilizado como vassoura, serrote e, em casos mais extremos, até mesmo como skate. E não adianta tentar trocá-lo pelos "originais", por assim dizer.

No Natal, por exemplo, ele ganhou uma guitarra, um trumpete (não é corneta!) e uma flauta de verdade, digo, quase, já que se tratavam de imitações em plástico e de dimensões reduzidas. Logo de cara, adorou. Tocou, tocou, tocou, até que, enfadado, voltou ao seu "original", ou seja, ao bom e surrado mata-moscas.

Não sei o que passa pela cabecinha dele, mas é fascinante vê-lo para cima e para baixo com aquele negócio, tal qual um músico de vanguarda, tirando sons improváveis e melodias imaginárias do seu instrumento polivalente.
Luiz Rivoiro é jornalista, editor-chefe do Núcleo de Revistas da Folha. Começou a escrever quando descobriu que a Mãe estava grávida, em agosto de 2001.

E-mail: lrivoiro@uol.com.br

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