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Blog do João

15/04/2004 - 17h26

Pequeno gafanhoto

Cheguei de mansinho, meio que escondido mesmo. A presença de "estranhos" --leia-se pais, avós e familiares em geral-- não é recomendada durante a aula. Questão de concentração, me informam. Afinal, os "pequenos gafanhotos" podem se distrair e todo o treinamento do dia ir por água abaixo.

Em sua "aula" de judô nos tatames da escolinha, o João observa o mestre com atenção. Sem hesitar, faz agachamentos, pula, se arrasta pelo chão e --para o horror da Mãe-- até vira cambalhotas. Num momento fugaz, pego-o cantarolando uma musiquinha incompreensível para muitos, mas perfeita para a ocasião: "Uh! Ha, ha, ha! Uh! Ha, ha, ha!". Sim, o canto "tribal" dos peixes do aquário durante o rito de iniciação do pequeno Nemo! "É o Nemo! É o Nemo!", conta para o amiguinho ao lado. Logo em seguida, o mestre volta a atrair a sua atenção, pedindo para que os meninos abram espaço para as cambalhotas do "gafanhoto" Guilherme e tantos outros.

Do meu canto, permaneci em silêncio observando por alguns minutos aquele menino embrulhado em seu quimono, que, apesar dos ajustes, ainda teima em ficar folgado. Na cintura, amarrada após três voltas, a faixa branca. Saio em segredo. Como é longo o caminho que o pequeno aprendiz ainda tem pela frente.
Luiz Rivoiro é jornalista, editor-chefe do Núcleo de Revistas da Folha. Começou a escrever quando descobriu que a Mãe estava grávida, em agosto de 2001.

E-mail: lrivoiro@uol.com.br

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