Brasília Online
22/08/2006
colunista da Folha Online
Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça (22/08) traz uma péssima notícia para Geraldo Alckmin. Ela tende a acelerar um processo já em curso: a "cristianização" (abandono pelos aliados nos Estados) do candidato do PSDB à Presidência da República. Nas eleições regionais, aliados de Alckmin se afastam dele e grudam em Lula.
O presidente recebe uma ótima notícia. O julgamento de sua gestão é o melhor já registrado desde que o Datafolha começou a avaliar governos federais. Como a pesquisa pega os efeitos da primeira semana de horário eleitoral gratuito, é lícito supor que a propaganda petista no rádio e na TV tenha tido influência positiva sobre tal avaliação.
Ambas as notícias reforçam a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno, o que aconteceria se a eleição fosse hoje. Elas reforçam também a percepção de derrota do tucano, dificultando ainda mais uma eventual reação.
Na corrida presidencial, Lula obteve 49% das intenções de voto. Alckmin, 25%. E Heloísa Helena (PSOL), 11%. Em relação à última pesquisa, divulgada em 8 de agosto, o petista oscilou positivamente dois pontos percentuais. O tucano também teve variação positiva (um ponto). E HH oscilou negativamente um ponto.
As variações de um levantamento para outro aconteceram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
No Datafolha de 8 de agosto, os números de Lula, Alckmin e HH foram, pela ordem, 47%, 24% e 12%. Ou seja, o quadro estaria congelado. No entanto, pode não estar tão congelado assim.
Se for levada em conta a pesquisa de 18 de julho, Lula teve ascensão de cinco pontos percentuais em um mês. Naquele levantamento, as taxas dos três principais candidatos estavam em 44%, 28% e 10%.
Um outro dado da pesquisa sustenta a interpretação de curva ascendente do petista. A avaliação do governo Lula é recorde --52% de ótimo e bom.
Nesse cenário, a campanha tucana tem missão quase impossível: convencer o eleitor a não reconduzir à Presidência um candidato cujo mandato tem esse nível de aprovação.
Um obviedade: como falta mais de um mês para a eleição, Alckmin tem tempo para virar o jogo. No mínimo, para tentar persuadir o eleitorado a não liquidar a fatura no primeiro turno (1º de outubro).
Hoje, porém, sua eventual derrota passa de provável a bastante provável. E o salto alto de Lula aumentará alguns centímetros, o que estimula a arrogância, péssima conselheira dos governantes.
História
Em política, "cristianização" é uma expressão que nasceu na eleição presidencial de 1950. Naquele ano, o PSD lançou o mineiro Cristiano Machado à Presidência. No entanto, apoiou oficiosamente o candidato do PTB, Getúlio Vargas, que retornaria ao poder pela segunda vez.
Pesquisa Datafolha deve acelerar "cristianização" de Alckmin
KENNEDY ALENCARcolunista da Folha Online
Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça (22/08) traz uma péssima notícia para Geraldo Alckmin. Ela tende a acelerar um processo já em curso: a "cristianização" (abandono pelos aliados nos Estados) do candidato do PSDB à Presidência da República. Nas eleições regionais, aliados de Alckmin se afastam dele e grudam em Lula.
O presidente recebe uma ótima notícia. O julgamento de sua gestão é o melhor já registrado desde que o Datafolha começou a avaliar governos federais. Como a pesquisa pega os efeitos da primeira semana de horário eleitoral gratuito, é lícito supor que a propaganda petista no rádio e na TV tenha tido influência positiva sobre tal avaliação.
Ambas as notícias reforçam a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno, o que aconteceria se a eleição fosse hoje. Elas reforçam também a percepção de derrota do tucano, dificultando ainda mais uma eventual reação.
Na corrida presidencial, Lula obteve 49% das intenções de voto. Alckmin, 25%. E Heloísa Helena (PSOL), 11%. Em relação à última pesquisa, divulgada em 8 de agosto, o petista oscilou positivamente dois pontos percentuais. O tucano também teve variação positiva (um ponto). E HH oscilou negativamente um ponto.
As variações de um levantamento para outro aconteceram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
No Datafolha de 8 de agosto, os números de Lula, Alckmin e HH foram, pela ordem, 47%, 24% e 12%. Ou seja, o quadro estaria congelado. No entanto, pode não estar tão congelado assim.
Se for levada em conta a pesquisa de 18 de julho, Lula teve ascensão de cinco pontos percentuais em um mês. Naquele levantamento, as taxas dos três principais candidatos estavam em 44%, 28% e 10%.
Um outro dado da pesquisa sustenta a interpretação de curva ascendente do petista. A avaliação do governo Lula é recorde --52% de ótimo e bom.
Nesse cenário, a campanha tucana tem missão quase impossível: convencer o eleitor a não reconduzir à Presidência um candidato cujo mandato tem esse nível de aprovação.
Um obviedade: como falta mais de um mês para a eleição, Alckmin tem tempo para virar o jogo. No mínimo, para tentar persuadir o eleitorado a não liquidar a fatura no primeiro turno (1º de outubro).
Hoje, porém, sua eventual derrota passa de provável a bastante provável. E o salto alto de Lula aumentará alguns centímetros, o que estimula a arrogância, péssima conselheira dos governantes.
História
Em política, "cristianização" é uma expressão que nasceu na eleição presidencial de 1950. Naquele ano, o PSD lançou o mineiro Cristiano Machado à Presidência. No entanto, apoiou oficiosamente o candidato do PTB, Getúlio Vargas, que retornaria ao poder pela segunda vez.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |