Colunas

Brasília Online

17/09/2006

Lula fará queixa de "rigor" do TSE

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao Conselho Político de sua campanha que se reúna nesta segunda (19/09) e envie uma comissão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para se queixar do que julga "rigor excessivo" das punições à sua propaganda de TV, segundo relato de auxiliares diretos.

A cúpula da campanha petista tem duas preocupações principais. Evitar que novas punições da Justiça Eleitoral deixem Lula com pouco tempo de TV na última semana da campanha. E atuar preventivamente contra eventuais decisões que venham a questionar a lisura da reeleição de Lula se ela se confirmar no primeiro ou no segundo turno.

Por motivos de agenda, Lula não deverá participar da reunião do Conselho Político. No entanto, conversou por telefone na sexta-feira com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e outros integrantes do conselho. Pediu que a reunião de segunda discuta os julgamentos em curso na Justiça Eleitoral, crie uma comissão de representantes da campanha e peça audiência ainda nesta semana com o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello _também ministro do Supremo Tribunal Federal.

Lula e auxiliares consideram que o TSE julga com mais rigor atos da campanha petista do que da propaganda do tucano Geraldo Alckmin. Na campanha do tucano, a queixa é que os petistas seriam beneficiados.

A cúpula do governo e do PT se queixa de que todas as punições recebidas aconteceram por propagandas de candidatos a governador, a senador e a deputados que queriam associar a sua imagem ao favorito Lula. Até sexta, a propaganda nacional não motivara queixas do PSDB que resultaram em punição.

A aliança de Lula já perdeu mais de 10 minutos entre comerciais e os programas do meio-dia e da noite.

A exatas duas semanas da eleição, o TSE julgará pedidos de direito de resposta e de perda de TV contra Lula que podem resultar em menos 12 minutos para comerciais e 37 minutos para os programas.

Como cada programa em bloco de Lula tem 7 minutos e doze segundos, o petista corre o risco de perder cinco dos dez programas inteiros que ainda terá direito até o dia 28 de setembro, a quinta-feira em que será encerrada o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV.

O temor de perda tempo na propaganda levou Lula a suspender gravações para políticos aliados importantes, como o senador José Sarney.

O ex-presidente Sarney tenta a reeleição ao Senado pelo Amapá e gostaria de uma gravação do presidente. Como Sarney é peemedebista e não faz parte da aliança formal de Lula, o presidente não poderia pedir votos diretamente para o aliado, mas apenas elogiá-lo.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), enviou cartas na quinta a todas as seções estaduais do partido pedindo que suspendam na propaganda dos candidatos ao governo, ao Senado e a deputados federal e estadual quaisquer menções que envolvam diretamente Lula.

Se obtiver a audiência no TSE, a comissão do Conselho Político da campanha lulista pretende dizer a Marco Aurélio que vê com preocupação os sinais de que a Justiça Eleitoral poderia tomar decisões contrárias a Lula uma vez consumada sua eventual reeleição. Entre os políticos que fazem parte do conselho da campanha, estão os petistas Berzoini e a ex-prefeita Marta Suplicy. Os dois devem, com Aldo e Sarney, integrar a comissão que pretende conversar com a cúpula do TSE.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

Leia as colunas anteriores

FolhaShop

Digite produto
ou marca