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Brasília Online

26/11/2006

Desafio de Lula é modernização capitalista

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Quando disse que ainda não tinha a fórmula, mas que a obteria até o final do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o país não está pronto para crescer 5%. Por isso, ele pressiona a equipe econômica a apresentar um plano que faça o PIB (Produto Interno Bruto) crescer anualmente em torno dessa taxa.

Essa discussão é muito boa para o país. Acaba com o falso conflito entre "monetaristas" e "desenvolvimentistas". A agenda passa a ser a discussão sobre um suposto entrave ambiental, gargalos na infra-estrutura, dosagem das políticas monetária e fiscal. Enfim, desfulaniza-se o debate. Detalha-se a discussão.

Lula é o político brasileiro com mais condições de realizar uma modernização capitalista para valer do país. Líder carismática, tem cacife político para dizer a setores de sua base social que é preciso reformar a Previdência mais uma vez, reformular parte da legislação trabalhista e cortar gastos em todas as áreas, inclusive na social.

Depois de ter feito um primeiro mandato no qual agradou ao mercado, Lula tem credibilidade para dizer que buscará um crescimento sem irresponsabilidade, sem mágica. E cobrar uma fatura da elite. Essa credibilidade, porém, precisa ser cultivada. Um lance meramente demagógico poderia miná-la. Logo, o presidente deve tomar cuidado com o plano econômico que elabora.

Seria conveniente que Lula abraçasse uma agenda "liberal", de ingresso mesmo do país no capitalismo. Para isso, a discussão sobre "fim da era Palocci" perde sentido. Talvez a saída seja radicalizar o paloccismo. Lula está disposto a fazê-lo? O presidente tem até o final do ano para encontrar a resposta. Ele já possui as condições políticas e a oportunidade histórica para colocar o dedo na ferida.




Despiste?

Auxiliares avaliam que Lula não esticará uma eventual reforma do ministério, deixando para trocar algumas peças apenas em fevereiro. Crêem que foi sinal para diminuir cobranças sobre alterações no primeiro escalão.




Teste

O presidente está testando seu ministro da Fazenda ao pedir que apresente propostas de crescimento econômico. Em conversa reservada recentemente, Lula disse: "Acho que vou deixar o Guido [Mantega] na Fazenda". Esse "acho" ainda alimenta a dúvida de alguns membros do governo sobre a confirmação em definitiva de Mantega em seu posto.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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