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Brasília Online

10/12/2006

Vanucchi quer deixar Direitos Humanos

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

O secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, pediu para deixar o posto. Quer voltar a viver em São Paulo, perto da família. O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que não se reelegeu, é cotado para o cargo. Mas Lula pode surpreender e indicar um nome inesperado para a vaga.

A formação do novo ministério do presidente anda a passo de tartaruga. A intenção de Lula era liquidar a fatura até o Natal, mas a crise da aviação civil e a dificuldade para encontrar as medidas de incentivo à economia podem atrapalhar seus planos.

Auxiliares próximos acham que o mais provável é a confirmação de alguns ministros, como Dilma Rousseff na Casa Civil, algo mais do que esperado, e Guido Mantega na Fazenda, ministro que esteve na corda bamba.

Lula tem 34 ministros entre aqueles que de fato comandam pastas de primeiro escalão ou pessoas com status de ministro. A situação de três já foi abordada. A seguir, um resumo a respeito das demais pastas.

No Palácio do Planalto, Luiz Dulci tende a ser confirmado na Secretaria Geral da Presidência. Tarso Genro, atual titular das Relações Institucionais, vê sua cotação subir para substituir Márcio Thomaz Bastos na Justiça. Se deixar a articulação política, o governador do Acre, Jorge Viana, que encerra seu mandato em 31 de dezembro, é o mais forte candidato ao posto de Tarso. Jorge Hage deverá permanecer na Controladoria Geral da União.

O advogado-geral da União, Álvaro Ribeiro da Costa, pediu para sair. A entidade de advogados da União indicou dois nomes. Waldir Pires, que deve deixar a Defesa, é alternativa. E o PT gostaria de emplacar José Antonio Dias Toffoli, ex-auxiliar de José Dirceu quando este ocupou a Casa Civil.

Para a Defesa, uma boa aposta é o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Sardenberg. Como Lula deseja substituir o general Jorge Armando Félix no Gabinete da Segurança Institucional, Sardenberg também é opção para esta tarefa. Especialista em estratégia e hábil diplomata, ele tem muito trânsito na área militar.

Para o lugar de Thomaz Bastos, os nomes cogitados são Tarso e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence. A pasta da Agricultura deverá ser dada a alguém do setor, se possível numa composição política com um partido aliado.

Nas Cidades, Márcio Fortes tem boa chance de permanecer. Lula não vê outro nome no PP. Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, parece já ter estado mais perto dessa pasta, mas ainda é uma boa aposta caso Lula queira surpreender a indicando para as Cidades ou outra missão.

Sérgio Rezende, da cota do PSB, deverá continuar na Ciência e Tecnologia. A permanência de Hélio Costa nas Comunicações, desejada por Lula, dependerá das negociações com o PMDB. Costa é senador pela seção mineira do partido.

Gilberto Gil parece que vai ficar mesmo na Cultura. Ameaçou sair e uniu apoiadores e críticos em sua defesa. Luiz Fernando Furlan, outro que teria razões familiares para pegar o boné, está propenso a continuar no Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Bem-avaliado, Patrus Ananias deverá continuar no Desenvolvimento Social. Fernando Haddad, que caiu nas graças de Lula pelo bom desempenho, também deverá seguir na Educação. Só sairia na hipótese de faltar vaga para Tarso, mas este é cotado para Justiça, Defesa e pode ficar na articulação política.

Agnelo Queiróz, do PC do B, quer voltar para o Esporte. Ele foi derrotado na eleição para o Senado e teria acordo com Lula e suporte de seu partido para pleitear o retorno.

A Integração Nacional, hoje na cota do PSB, pode ser negociada com o PMDB. Será de Ciro Gomes se ele quiser voltar à pasta, mas o deputado federal eleito pelo Ceará dá a entender que deseja experimentar o Legislativo federal. Outro ministério que deverá entrar na negociação política é o dos Transportes. O ex-ministro Alfredo Nascimento, ex-PL e membro do novo PR (Partido da República), deseja voltar à sua antiga posição. Problema: o PMDB cobiça a área.

Auxiliares do presidente dizem que seria muito caro politicamente tirar Marina Silva do Meio Ambiente. Os entraves ambientais de que Lula tanto fala seriam mais problemas gerenciais de Dilma do que obstáculos criados por Marina ou pela legislação.

Com bênção do cacique peemedebista e senador José Sarney (AP), Silas Rondeau deve continuar no comando de Minas e Energia. Paulo Bernardo, um dos poucos remanescentes da linha palocista, tende a continuar no Planejamento. Caso venha a deixar a pasta, hipótese pouco provável hoje, chefiará outra no primeiro escalão.

A permanência de Nelson Machado dependerá do xadrez da reforma ministerial. Técnico, poderia sair. Mas Lula tem aprovado o seu trabalho e acha a Previdência uma área sensível.

Até os peixes do lago Paranoá sabem que Celso Amorim continuará na chefia do Itamaraty. O mesmo se aplica a Luiz Marinho (Trabalho) e a Walfrido Mares Guia (Turismo).

Na Saúde, Lula quer emplacar o médico sanitarista José Gomes Temporão em parceria com o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Temporão já está no segundo escalão da Saúde.

A esquerda petista deverá ficar com duas pastas que já tem: Desenvolvimento Agrário e Pesca _esta pode perder o status ministerial para compensar a eventual criação de novo ministério.

Na cota de pastas que custam pouco e simbolizam muito politicamente, Lula deverá manter Nilcéa Freire na secretaria especial de Políticas para as Mulheres e Matilde Ribeiro na secretaria especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Se uma delas sair, o PT seria convidado a sugerir o substituto.

O 34º ministro do governo Lula é o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Deve continuar onde está. Lula deseja que faça contraponto à aliança Dilma-Mantega.

Por ora, esse é o retrato do tema reforma ministerial do segundo mandato. Cá entre nós, pouco emocionante. E bem diferente do que imaginava Lula quando se apavorou com o dossiegate no período eleitoral.

Na época, o presidente chegou a falar que mudaria bastante, traria nomes de peso da sociedade. Planejava dar uma sacudida no governo. Mas a significativa vitória no segundo turno parece ter subido à cabeça, levando-o a julgar que dirige um time de craques _o que está um pouco longe de ser verdadeiro.




Bom desempenho

Demissionário, Eugenio Bucci (Radiobrás) não é apenas um dos poucos integrantes do governo que compreendem o papel da imprensa. Ele fez um bom trabalho de saneamento financeiro da estatal e profissionalizou procedimentos jornalísticos. É um colaborador que Lula deveria se esforçar para não perder.




Inflação e energia

O pacote econômico de Lula deve se resumir, diz um político próximo do presidente, a um controle dos gastos públicos que estipulará a inflação como limite para as mais variadas demandas. Deverá incluir ainda um plano para fornecer energia, estradas e portos para que a iniciativa privada invista mais.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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