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Brasília Online

18/03/2007

Lula diz que não desistirá de TV pública

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Ao tomar ciência das críticas à criação de uma TV pública nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se abalaria. Afirmou que tocaria o projeto e que desejava vê-lo em funcionamento até o final do mandato, em 2010. "Não vou desistir", disse o presidente, segundo ministros que conversaram com ele nos últimos dias.

As principais críticas foram possibilidade de uso político da rede por Lula e o PT, custo elevado e falta de necessidade, pois já existem canais desse tipo no país.

A decisão de levar a cabo o projeto de TV pública foi tomada na conversa em que Lula convidou Franklin Martins, jornalista respeitado e com experiência em mídia impressa e televisiva, para assumir a área de imprensa e comunicação do governo. O formato final das atribuições de Martins ainda está em discussão, mas o Palácio do Planalto dá como certa sua indicação. Falta apenas uma conversa final entre Lula e o jornalista.

É boa a idéia de uma TV pública. Obviamente, não pode ser instrumentalizada por políticos, como já acontece em alguns Estados. O projeto financeiro deve ser feito com transparência. A sociedade deve está disposta a financiá-lo.

E, como diz Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás e voz lúcida no governo sobre o papel da imprensa em relação ao poder, o problema do sistema atual é de "gestão e de marco regulatório".

Ou seja, a gestão de uma TV desse tipo não pode ficar nas mãos de um grupo político ou de entidades "laranjas". É fundamental definir um modelo de gestão independente, que preste contas à sociedade, e normas legais que dificultem manipulação política.

Por que não pode ser implementado no Brasil um modelo de êxito como o da BBC, rede pública britânica? Na guerra do Iraque, foi uma revelação da BBC que gerou grande crise no governo Tony Blair.

Por que necessariamente tem de ser um cabide de empregos e um instrumento político? A democracia brasileira está madura o suficiente para evitar esses abusos.

Como diz Bucci, "nenhuma democracia prescinde da comunicação pública, porque ela supre áreas que a comunicação social não pode atender".

A criação de uma TV pública nacional de verdade rende um bom debate, que, se travado em interesse da sociedade, resultará em algo positivo. Se o projeto for uma tentativa voluntarista de criar um instrumento político em "resposta à mídia burguesa", será um desastre.




No lugar certo

Quando optou por deslocar Walfrido dos Mares Guia do Ministério do Turismo para a pasta das Relações Institucionais, Lula disse que ele reunia qualidades que faltaram em outros coordenadores políticos: "É simpático, bem-humorado, conta piada, gosta de deputado. Vende geladeira no Pólo Norte. Não posso fazer reunião sozinho com ele. Se faço, me convence de tudo".
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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