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Brasília Online

26/06/2007

Sexta foi "Dia D" da Aeronáutica

A última sexta-feira, dia 22 de junho, foi escolhida de propósito para a Aeronáutica lançar a sua ofensiva contra os controladores de vôo, uma espécie de "Dia D" dos militares. O "Plano B" do governo para substituir controladores rebelados foi preparado nos últimos três meses, desde o motim de março no qual a Aeronáutica e o governo saíram derrotados.

Na reunião da Coordenação de Governo desta segunda-feira (25/06), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais auxiliares avaliaram que venceram o confronto, confirmando-se o cenário "positivo" do "Plano B" para enfrentar os controladores de vôo.

A Aeronáutica chegou a trabalhar com cenários "intermediário" e "negativo". Segundo o governo, menos de 25 controladores seriam responsáveis por grande parcela da crise aérea. Presos ou isolados politicamente, não tiveram solidariedade da categoria e não conseguiram parar o tráfego aéreo no país, objetivo alcançado no motim de março.

O governo poderia ter agido na quarta ou quinta-feira da semana passada, mas esperou a sexta para endurecer de vez. Véspera de final de semana, quando há queda no movimento nos aeroportos, seria mais fácil manter o controle do tráfego aéreo em caso de forte reação dos controladores _mas eles não tiveram força para dar o troco.

Lula e a Aeronáutica passarão agora a uma "segunda fase" do "Plano B": exigir que as companhias aéreas informem detalhadamente e com clareza a razão do atraso de vôos. Exemplo: não bastaria dizer que está atrasado e ponto. Será preciso anunciar no alto-falante o motivo do atraso e o tempo que se julga necessário para resolvê-lo.

Nas palavras de um ministro, o governo aprendeu com o motim de março, quando não tinha alternativa, segundo avaliação que mantém até hoje. "Daquela vez, peitar os controladores significaria perder. Agora, a Aeronáutica peitou e venceu porque se preparou, aprendeu com aquele episódio".

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Renan e a crise

Na cúpula do governo, avalia-se que Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, está menos fraco hoje do que na semana passada. Motivo: outro peemedebista, Joaquim Roriz (DF), foi levado para o centro da crise no Senado. Isso aliviaria a situação de Renan.

No entanto, há controvérsias, de acordo com avaliação de estrategistas políticos do governo no Congresso.

O episódio Roriz só joga mais lama na imagem do Senado, que agora passa a ter de dar duas respostas à opinião pública. Mais: as tentativas do presidente do Senado de "terceirizar" a sua defesa só dão com os burros n'água.

Cada vez que Wellington Salgado (PMDB-MG) promete sair em sua defesa, a chance de derrota só faz aumentar. Sem senadores do primeiro time da Casa na sua defesa explícita, com exceção do líder do governo na Casa, Romero Jucá (RR), Renan cogita partir para o tudo ou nada.

Exemplo: forçar uma ida em breve ao Conselho de Ética, perguntar do que exatamente é acusado e se defender. Faria tal gesto com o compromisso de retornar mais tarde, caso houvesse necessidade. Aliados do presidente do Senado dizem que seria uma atitude arriscada, mas com chance de ser mais produtiva do que procurar um senador obscuro, como Gilvan Borges (PMDB-AP), para assumir a relatoria já com a missão de bancar uma absolvição a qualquer custo.

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Lacerda fica mesmo

Quando voltou da Índia, no começo do mês, Lula chamou o ministro da Justiça, Tarso Genro, e foi direto. Paulo Lacerda deveria ser confirmado na diretoria-geral da Polícia Federal sem ressalvas. Nada de interino ou de efetivo até o final do ano, o que daria na mesma.

Tarso conversou com Lacerda. E acertaram os ponteiros.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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