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Brasília Online

09/12/2007

Eleição de 2010 influencia sucessão de Renan

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

As presidências das duas Casas do Congresso no biênio 2009-2010, a importância estratégica desses cargos nas articulações para a sucessão de Lula e uma disputa regional influenciam a escolha do nome que sucederá Renan Calheiros (PMDB-AL) para um mandato-tampão na presidência do Senado.

A eleição para novo presidente do Senado, prevista para esta semana, acirra disputa interna no PMDB e integra cálculo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula deseja contar com aliados confiáveis no comando do Senado durante todo o seu segundo mandato (2007-2010). Por isso, gostaria de eleger Sarney, em consenso com a oposição, para presidir o Senado até fevereiro de 2009.

Em fevereiro de 2009, terminaria o período de Renan na presidência do Senado, mas ele renunciou a esse posto para preservar o mandato de senador da cassação. A operação é difícil, porque ele realmente resiste, mas não é impossível.

Sarney vem dizendo que não quer. Até terça-feira, quando a bancada do PMDB, definirá seu candidato, há tempo para Sarney aceitar eventual "apelo".

Se viabilizar Sarney agora, Lula depositaria fichas na eleição de Tião Viana (PT-AC) para chefiar o Senado no biênio 2009-2010.

A escolha de Tião seria facilitada pela contrapartida a um acordo firmado na Câmara no ano passado pelo qual o PMDB cedeu ao PT a presidência da Casa no biênio 2007-2008. Em troca, o PMDB deseja dirigir a Câmara nos dois anos seguintes.

Problema: esse acordo não foi referendado pela bancada do PMDB do Senado, que tem 20 integrantes e poderia, por exemplo, ignorar o acerto da Câmara. Nesse sentido, Sarney poderia se preservar agora e ser candidato a presidente do Senado em 2009. Para alguns aliados, essa possibilidade explica por que ele não desejaria concorrer agora.

Há uma vantagem em esperar fevereiro de 2009: o segundo biênio coincide com o final da legislatura (período de quatro anos nas duas casas do Congresso). E, numa nova legislatura, os presidentes da Câmara e do Senado poderiam ser candidatos à reeleição _algo vedado aos presidentes de primeiro biênio.

Ou seja, Sarney poderia se eleger presidente no biênio 2009-2010 e se recandidatar para os dois anos seguintes. A mesma possibilidade será dada ao próximo presidente da Câmara.

Lula e auxiliares trabalham ainda com outro cenário: Sarney agora e Roseana Sarney em 2009-2010.

A ala do PMDB que deseja colocar o presidente do partido e deputado federal, Michel Temer (SP), na presidência da Câmara em 2009 por aquele acordo com o PT da Câmara está levando todos esses fatores em conta.

Por isso, o jogo complicou-se, nasceram novas candidaturas, como a de Pedro Simon (PMDB-RS), e Garibaldi Alves (PMDB-RN) perdeu o franco favoritismo para suceder Renan.

Para complicar mais a vida de Garibaldi, ele passou a ser bombardeado pelo líder do DEM no Senado, José Agripino Maia. Como ambos são do Rio Grande do Norte, não interessa a Agripino fortalecer um Garibaldi em reaproximação com Lula. Prefere o aliado estadual enfraquecido a tê-lo no comando do Senado.

Outra razão que explica a cobiça pelo biênio 2009-2010 é a importância que os presidentes da Câmara e do Senado terão na sucessão de Lula: nesses postos, estarão nos centro das articulações das alianças e candidaturas.

Convém lembrar que o PMDB, atualmente no campo lulista, apoiou na eleição de 2002 o tucano José Serra, hoje governador de São Paulo. O peemedebista que comandar o Senado ou a Câmara em 2010 influenciará a decisão do partido.

Ambíguo como sempre, o PMDB terá três opções. Apoiar o candidato a presidente de Lula. Abrigar Aécio Neves, caso o governador de Minas ouse deixar o ninho tucano para concorrer ao Planalto pela sigla de seu avô, Tancredo. Ou embarcar na candidatura tucana se ela for de Aécio ou de Serra --este líder atual nas pesquisas.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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