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Brasília Online

13/01/2008

Para Planalto, Marta será candidata em São Paulo

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Na opinião de três integrantes da cúpula do governo, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, será candidata à Prefeitura de São Paulo em outubro deste ano. Dois deles avaliam que a pressão do PT crescerá ainda mais e que ela não terá alternativa política, caso queira se manter como a estrela de primeira grandeza petista em São Paulo.

Um terceiro auxiliar direto do presidente acha que Marta quer ser candidata, mas se preserva politicamente. Leia-se: não assume antes da hora um projeto de seu interesse.

Pela lei eleitoral, o prazo de desincompatibilização para concorrer a prefeito e vice-prefeito é de quatro meses, menor do que os tradicionais seis meses que valem para outros cargos. Assim, Marta tem até o início de junho para deixar o ministério.

Obviamente, ela precisará tomar uma decisão com antecedência e torná-la pública, provavelmente em abril. Se quiser concorrer, não faz sentido assumir esse desejo agora, no início do ano. Na hora em que disser que será candidata, todos os seus atos no ministério serão vistos como medidas para vitaminá-la eleitoralmente. Sua vida viraria um inferno.

As pressões petistas para Marta se candidatar aumentaram após pesquisa Datafolha realizada no final de novembro passado. Ela estava em situação de empate técnico com o tucano e ex-governador Geraldo Alckmin. Marta obteve 25% enquanto Alckmin alcançou 26%. No mesmo cenário da pesquisa, o prefeito atual e virtual candidato à reeleição, Gilberto Kassab, registrou 13%. Paulo Maluf (PP), eterno candidato, marcou 11%. E Luiza Erundina (PSB), 8%.

A pesquisa mostrou que Marta é um nome altamente competitivo no primeiro turno. Ela, porém, teme enfrentar Alckmin numa eventual segunda rodada. Na simulação do Datafolha, o tucano venceria a petista por 53% a 39%. No entanto, em levantamento feito em agosto, dois meses antes, a diferença era de 22 pontos: 57% a 35%. Marta, portanto, teria potencial para virar o jogo na campanha. Não seria uma briga fácil, mas também ela estaria longe de entrar na disputa já derrotada.

*

Corrida presidencial

No grupo político de Marta, ganha força um argumento para tentar convencê-la a concorrer à prefeitura. Se continuar no ministério, será candidata ao governo paulista em 2010 se desejar. Na hipótese de derrota, manterá o favoritismo interno para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.

No entanto, no cenário de eventual vitória, Marta avançaria muitas casas na corrida petista pela candidatura ao Palácio do Planalto em 2010. Hoje, Lula tem dois nomes preferidos para concorrer à sua sucessão: Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, e Jaques Wagner, governador da Bahia. Se Marta virasse prefeita de São Paulo, teria mais força para tentar se impor a Lula e ao PT como candidata.

No cenário de derrota paulistana, Marta continuaria no páreo presidencial? Se perdesse numa briga forte e com uma campanha que a valorizasse politicamente, permaneceria no time de presidenciáveis petistas.

*

Dilema

As dúvidas de Marta, porém, parecem sinceras. Em recente conversa com a colunista da Folha Eliane Cantanhêde, ela disse: "Disputar a prefeitura não estava nos meus planos e continua não estando. Eu não vou decidir nada de afogadilho. É uma decisão que tem de ser muito bem avaliada, até porque estou gostando muito do que estou fazendo no ministério. (...) Toda vez que falo com alguém, sai logo na imprensa que vou ser candidata. Não é verdade. O que não posso é me recusar a conversar. Me chamam para conversar, eu vou, ouço, mas isso não significa nada. Não tomei nenhuma decisão antes, não tomei agora e nem sei se vou tomar uma decisão depois".

No entanto, em entrevista publicada em 2 de abril de abril de 2007, ela chegou a se colocar fora da disputa paulistana.

Segue um trecho daquela conversa:

FOLHA - A sra. afasta a possibilidade de ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2008?
MARTA - Com a expectativa do presidente em relação ao ministério, tenho de pensar em quatro anos.

FOLHA - Entre as suas opções, está concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2010?
MARTA - Por que não?

FOLHA - Gostaria de ser candidata a Presidência um dia?
MARTA - É uma pergunta mais complicada. É algo que a mídia falou quando eu era deputada. Na época, era uma coisa muito divertida. Hoje não é mais. A Presidência não está em questão, porque aprendi na política que você tem de se dedicar de corpo e alma ao que está fazendo. Vou exercer esse cargo de ministra para valer. E não pretendo disputar a Presidência. O cargo de governadora em 2010 é mais adequado.

FOLHA - Reservadamente, Lula diz que deseja fazer o sucessor em 2010. Ele conseguirá?
MARTA - Acho que sim. A próxima eleição dependerá de o governo manter a sua política bem-sucedida de inclusão social. Não estou falando só de Bolsa Família, mas de controle da inflação, de geração de emprego, aumento da renda. Lula tem a intuição para se mexer na direção correta para a população mais carente. Ele terminará seu governo melhor do que os antecessores.

FOLHA - Quais são os nomes do PT para 2010?
MARTA - Não tenho a menor idéia. Aprendi que política é uma montanha-russa. No ano passado, o Arlindo Chinaglia estava na cama, recuperando-se de um acidente. Muitos diziam que talvez ele não pudesse se candidatar a deputado federal, porque poderia não ter condição de fazer campanha. Hoje, ele é presidente da Câmara. Nomes surgirão e poderão ser grandes surpresas. Não acho mesmo que já dê para saber quem será o candidato.

FOLHA - A aliança preferencial do PT em 2008 e em 2010 deve ser com o PMDB?
MARTA - Seria natural em virtude da aliança em Brasília. Mas São Paulo tem as suas peculiaridades.

FOLHA - Com a sra. se colocando fora da disputa pela prefeitura, quais são os nomes do PT?
MARTA - Muitos e a lista pode aumentar [não citou nomes].

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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Comentários dos leitores
gean monteiro (3) 21/01/2010 09h20
gean monteiro (3) 21/01/2010 09h20
PRESTAÇÃO DE CONTA-Ora, tratou-se de tentativa até grosseira de "arrumar" o ilícito anteriormente praticado, sendo que esse aspecto foi, inclusive, consignado na decisão de primeira instância (reprovação). É importante destacar, neste aspecto da proporcionalidade em sentido estrito, que analisando, veja quanto ela gastou na campanha eleitoral, de um município de 49.000 eleitores, apenas a prestação de contas da candidata às fls. 128/162, verifico que somente tramitaram pela conta da recorrida, aberta para eleições, o valor de R$ 5.360,00, enquanto os valores não declarados correspondem a R$ 2.560,00, ou seja, mais de 40% dos valores efetivamente declarados. Este fato só acontece no Maranhão, próximo a capital.Sendo afilhada da família Sarney, Nelma Sarney Presidente do TRE-MA, deu ganho de causa, mesmo pedindo a Promotora do Município e a Procuradora Eleitoral do Estado e não conseguiram cassar, por que o Relator passou por cima de todas as leis e disse que não houve nada, e que era legal a doação de gasolina em plena campanha eleitoral, se alguém quiser comprovar o n° do processo é PROCESSO N° 6957/08 - CLASSE 30 - PAÇO DO LUMIAR - 93ª ZONA ELEITORAL. Fatos do Maranhão - Voto de Relator "Juiz TER-MA" - Família Sarney - José Carlos Sousa Silva - Juiz do TRE-MA e Presidente da Fundação Sarney - Convento das Mercês. sem opinião
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gean monteiro (3) 21/01/2010 09h19
gean monteiro (3) 21/01/2010 09h19
ESCANDALOSO O QUE HOUVE NO MARANHÃO AO COMANDO DOS SARNEY'S - VEJA COMO FAZ-SE PREFEITOS AQUI NO MARANHÃO, BASTA SER AMIGOS DOS SARNEY'S. Ocorrido no dia 02 de agosto de 2008 no Município de Paço do Lumiar onde, segundo afirma o Recorrente, teria havido ampla distribuição de combustível (compra de voto), com total inobservância das regras relativas a arrecadação e gastos de campanha. Segundo relata a Promotoria da 93ª Zona Eleitoral, a própria Prefeita eleita de Paço do Lumiar, Glorismar Rosa Venâncio, teria se dirigido ao Posto Maiobão e adquirido 1000(mil) litros de combustível para distribuição a munícipes que participaram de uma carreata a ser realizada naquela data, tendo o combustível sido pago com dois cheques de terceiros nos valores de R$ 1.560,00 (hum mil quinhentos e sessenta reais) e de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Diante das declarações supra transcritas feitas em juízo, bem como das imagens constantes das mídias de DVD e notas de combustível. Isto é a prova da compra de voto. sem opinião
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gean monteiro (3) 20/01/2010 18h10
gean monteiro (3) 20/01/2010 18h10
ESCANDALOSO O QUE HOUVE NO MARANHÃO AO COMANDO DOS SARNEY'S - VEJA COMO FAZ-SE PREFEITOS AQUI NO MARANHÃO, BASTA SER AMIGOS DOS SARNEY'S. Ocorrido no dia 02 de agosto de 2008 no Município de Paço do Lumiar onde, segundo afirma o Recorrente, teria havido ampla distribuição de combustível (compra de voto), com total inobservância das regras relativas a arrecadação e gastos de campanha. Segundo relata a Promotoria da 93ª Zona Eleitoral, a própria Prefeita eleita de Paço do Lumiar, Glorismar Rosa Venâncio, teria se dirigido ao Posto Maiobão e adquirido 1000(mil) litros de combustível para distribuição a munícipes que participaram de uma carreata a ser realizada naquela data, tendo o combustível sido pago com dois cheques de terceiros nos valores de R$ 1.560,00 (hum mil quinhentos e sessenta reais) e de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Diante das declarações supra transcritas feitas em juízo, bem como das imagens constantes das mídias de DVD e notas de combustível. Isto é a prova da compra de voto.
é PROCESSO N° 6957/08 - CLASSE 30 - PAÇO DO LUMIAR - 93ª ZONA ELEITORAL. Fatos do Maranhão - Voto de Relator "Juiz TER-MA" - Família Sarney - José Carlos Sousa Silva - Juiz do TRE-MA e Presidente da Fundação Sarney - Convento das Mercês.
sem opinião
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