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Brasília Online

09/03/2008

Toshiba abandona projeto de semicondutor no Brasil

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Apesar da nova onda de investimentos japoneses no Brasil por ocasião do centenário da imigração oriental, a Toshiba desistiu de instalar no país uma fábrica de semicondutores. Essa fábrica seria uma contrapartida ao padrão de TV digital japonês, escolhido pelo governo Lula em 2006.

A Toshiba chegou a estudar seriamente o projeto, mas o abandonou por falta de mão-de-obra qualificada e de uma cadeia de fornecedores que pudesse sustentar uma fábrica de alta tecnologia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tinha esperança de instalação desse tipo de indústria.

Mas há notícias boas acompanhando o ano do centenário da imigração japonesa, como a nova onda de investimentos do país do sol nascente. Depois de amargar perdas nos anos 80, sobretudo na época da hiperinflação, empresas japonesas voltaram a incrementar projetos econômicos.

Motivo: previsibilidade econômica e baixa inflação, legados do Plano Real (1994). A responsabilidade com que os governos FHC e Lula trataram a economia dá, portanto, resultados que deverão vitaminar um ciclo longo de desenvolvimento sustentado.

Nos últimos 50 anos, o Japão investiu quase US$ 20 bilhões no Brasil, de acordo com dados da agência de comércio exterior nipônica. Em 2007, foram pouco mais de US$ 500 milhões. Avalia-se que haverá um salto nesse ano, mas as estimativas variam muito. Há previsões de que até 2015 os japoneses terão investido US$ 50 bilhões no Brasil.

Empresários japoneses priorizam a área de energia (principalmente etanol) e a indústria automobilística. Cresceu o número de executivos de grandes empresas que visitam o Brasil em busca de negócios. Eles, porém, ainda se queixam do excesso de burocracia e de insegurança jurídica, apesar de o país ter avançado nos últimos anos na definição de regras para setores da economia. Também pedem um sistema tributário mais eficiente _assunto debatido no Congresso Nacional faz mais de dez anos e que volta aos holofotes com a recente proposta encaminhada pelo governo Lula.

Dos países do Brics, o Brasil é tido pelos japoneses como o mais confiável no longo prazo. Os investidores avaliam que o país tem mais vantagens comparativas do que Rússia, Índia, China e África do Sul. Bric foi um termo cunhado pela Goldman Sachs, banco de investimento dos EUA, para designar países em desenvolvimento que poderiam ser tornar a maior força econômica mundial até 2050. A África do Sul foi adicionada posteriormente.

A recente crise Colômbia versus Equador e Venezuela causa certa apreensão. A América do Sul é uma das regiões mais pacíficas do mundo. Conflitos de natureza militar tendem a assustar investidores.

Este é um relato de como a segunda economia do mundo enxerga hoje o Brasil.

*

Simbolismo

O representante da família imperial japonesa que visitará o Brasil será o príncipe Naruhito. Data: 18 de junho. Cem anos antes, o navio Kasato Maru chegava a Santos com a primeira leva de imigrantes após viagem de 52 dias.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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