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Brasília Online

13/04/2008

PMDB sonha lançar Aécio em 2010 com o petista Déda de vice

O "Plano A" do PMDB é filiar o tucano Aécio Neves ao partido e lançá-lo à Presidência em 2010. A direção peemedebista chega a sonhar com a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convencer o PT a dar um vice a Aécio: o governador de Sergipe, Marcelo Déda.

A cúpula peemedebista se sente tão ligada ao projeto de Aécio em 2010 que admite, reservadamente, apoiar o mineiro até mesmo se ele for o candidato do PSDB à Presidência. Obviamente, seria feita consulta a Lula para o partido tentar obter uma espécie de aval. E o partido não vai admitir isso de público, pois deseja filiar o mineiro.

A Lula interessaria um candidato da oposição com o perfil de Aécio --o tucano que tem maior proximidade com o presidente e com o PT. Mas o presidente avalia que, no PSDB, o candidato tende a ser José Serra, governador de São Paulo e hoje o político que lidera as pesquisas sobre a sucessão de 2010. Para Lula, Serra tende a ter uma atitude mais hostil em relação a ele do que Aécio, mas acha que o paulista também não o atacará pesadamente.

O PMDB conta com o favoritismo de Serra no PSDB para persuadir Aécio de que ele não terá a legenda em seu partido atual e que o melhor destino seria trocar de sigla. Em 2010, será o centenário de Tancredo Neves, avô de Aécio e presidente que morreu antes de assumir, em abril de 1985.

Peemedebistas dizem que uma candidatura Aécio seria altamente simbólica no PMDB, que poderia repetir o espírito aliancista do avô ao costurar uma união com PP, PTB e PR para ser um alternativa aos candidatos de PSDB e do PT.

A avaliação reservada de Aécio é a seguinte: dificilmente se reproduzirá de novo um cenário tão favorável a ele como em 2010. Governador pela segunda vez, uniu Minas, tem a simpatia de PMDB, do PSB de Ciro e da ala tucana contrária a Serra. Também criou pontes com Lula. Aécio acha que dá para ganhar de Serra no ninho tucano.

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PT e PSB

O PMDB não descarta apoiar um petista na cabeça de chapa, mas não vê grande chance de isso acontecer. Os peemedebistas julgam que Lula não terá um candidato forte do PT à sua sucessão e que será difícil "fabricá-lo". Eles já não apostam no projeto presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, devido ao desgaste com dossiê anti-FHC.

A cúpula do PMDB viu como um sinal de ousadia a ida de Aécio a um ato de homenagem do partido ao avô, na quarta (09/04), em Brasília. Avaliou como uma sinalização de que o mineiro cogita se filiar ao PMDB. Daí achar que, se Aécio fizer esse gesto, o partido poderia cobrar de Lula uma contrapartida do PT. Nesse contexto, o nome do governador Déda é o que mais simpatia tem entre peemedebistas. Há também quem veja o governador da Bahia, Jaques Wagner, como uma possibilidade de vice petista para o mineiro.

Se o PT lançar um candidato no primeiro turno, o PMDB acredita que seria possível um acordo na segunda fase, caso Aécio chegue lá.

A direção peemedebista também cogita uma aliança com o PSB, partido que tem hoje o presidenciável mais forte do atual campo de forças lulistas, o deputado federal Ciro Gomes (CE). Ciro aparece em segundo lugar. Enquanto Serra está no patamar dos 30%, Ciro surge na casa dos 20%. Aécio, por exemplo, varia de 10% a 15%, a depender do cenário.

Ciro já admitiu a possibilidade de ser vice de Aécio, mas os peemedebistas acreditam que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tentaria obter essa vaga numa eventual aliança PMDB-PSB. Ciro não tem grande simpatia pelo PMDB. E a recíproca também é verdadeira.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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