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Brasília Online

11/05/2008

Para Lula, oposição apagará marcas de seu governo se vencer em 2010

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que, se a oposição vencer a eleição de 2010, vai "apagar" ações de seu governo e "mudar" programas em andamento. Por isso, fala tanto que se empenhará para eleger o sucessor na disputa que acontecerá daqui a dois anos e meio.

Lula chega a dizer que acha que o seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, cometeu o erro de não batalhar a favor do candidato do governo em 2002 porque desejava retornar à Presidência em 2006. Segundo expressão de Lula a dois interlocutores freqüentes, "o Fernando Henrique Cardoso apostou no quanto pior melhor".

O petista afirma que FHC bombardeou de forma calculada a candidatura de José Serra, então o postulante do PSDB. Lula diz que FHC imaginou que o petista não saberia conduzir a economia e que criaria uma crise econômica e política em pouco tempo. "Em seis meses", costuma dizer Lula, "ele achou que ia ser chamado de volta".

Lula aprofundou políticas do governo FHC, como a ampliação de verba para a área social e a realização de um ajuste fiscal mais rigoroso. E, assim, viabilizou o seu governo e pôde criar marcas próprias, como o Bolsa Família e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Lula avalia que essas marcas seriam apagadas por um presidente do PSDB. Lula considera que, se eleger o sucessor, essa pessoa terá compromisso com programas iniciados por ele e que, portanto, as marcas de seu governo durarão mais tempo.

O presidente revela que, se a regra da reeleição for mantida, ele poderia não concorrer em 2014 ao Palácio do Planalto na hipótese de o sucessor ter sido eleito com apoio dele. Fala que poderia fazer política sem cargo, seja numa carreira internacional ou mesmo no país.

Lula tem boa relação com os dois principais presidenciáveis do PSDB: respectivamente, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves. Serra é o favorito, mas Aécio luta para se viabilizar.

Para o atual presidente, se um dos dois se eleger por uma aliança PSDB-DEM, por exemplo, faria mudanças nas áreas social e econômica. Lula crê que Serra mudaria mais, sobretudo na parte econômica.

A hipótese de Aécio migrar do PSDB para o PMDB agrada a Lula, mas o petista acha que o governador mineiro terá dificuldade para seguir esse caminho. Na opinião do presidente, o candidato do PSDB deverá ser Serra. E Aécio seria uma opção somente na hipótese ousada de se filiar ao PMDB. No entanto, ações hostis do PT em relação ao mineiro, como a proibição de uma aliança com os tucanos na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte, dificultam o flerte político entre Lula e Aécio.

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Ciranda lulista

Hoje, Lula está empenhado em tentar viabilizar a candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) é uma opção, por se encontrar em melhor situação nas pesquisas. Ciro é vice-líder. Serra, o primeiro em todos os levantamentos.

No jogo petista pela candidatura, outros presidenciáveis são os ministros Tarso Genro (Justiça), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Marta Suplicy (Turismo). O governador da Bahia, Jaques Wagner, também integra esse pelotão.

Por ora, Dilma tem a dianteira na preferência presidencial, apesar de estar com menos de 10% nas pesquisas.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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