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Brasília Online

24/08/2008

Dilma é a maior defensora da criação da estatal do pré-sal

KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online

Nas discussões do grupo interministerial do pré-sal, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é a mais vigorosa defensora da criação de uma nova estatal para cuidar das reservas de petróleo descobertas.

Dilma elenca um argumento fundamental: é muito difícil para o governo, qualquer governo, lidar com a Petrobras. A empresa ganhou uma dimensão e uma dinâmica próprias que, em muitos momentos, entram em choque com os interesses do Palácio do Planalto.

Na visão de Dilma, a Petrobras deve ser a parceira preferencial da União na exploração do pré-sal --reservas de petróleo que estão a uma profundidade entre 7 mil e 10 mil metros. Na condição de parceira, a Petrobras teria de se dobrar mais facilmente às políticas públicas decididas no Palácio do Planalto.

Esse foi o principal argumento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a políticos aliados em reunião recente na qual disse que criaria a nova estatal.

Reservadamente, Dilma conta que teve muita dificuldade de convivência com a Petrobras quando era ministra das Minas e Energia. E que essa dificuldade se mantém do mesmo jeito agora que ela é ministra da Casa Civil, numa posição ainda mais poderosa do que a anterior.

Outros auxiliares de Lula dizem que houve momentos de tensão entre o presidente e a Petrobras ao longo do primeiro e do segundo mandatos. A estatal, que é de capital misto (público e privado), resistiu a encomendar plataformas da indústria naval brasileira, a aprofundar projetos na área do biodiesel e tomou decisões importantes sem comunicar o Palácio do Planalto. Lula teve de jogar pesado para fazer valer a sua vontade.

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Sinal de alerta

Alguns empresários deram o seguinte recado ao Palácio do Planalto: não estão gostando do jeito que a área de finanças do PT nacional vem buscando apoio financeiro.

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Distância federal

Já foi registrado no Palácio do Planalto que o deputado federal Ciro Gomes (PSB) distanciou-se do presidente Lula um pouco. Segundo colocado nas pesquisas sobre a sucessão de 2010, Ciro teria visto, na visão do governo, que a aposta principal de Lula para 2010 é a ministra da Casa Civil. Isso levou o presidenciável do PSB a colocar fichas na canoa de outro presidenciável, o tucano e governador de Minas, Aécio Neves.

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Jogo complicado

Lula já disse que só atuará diretamente nas próximas eleições para as presidências do Senado e da Câmara se o PMDB e o PT fizerem um acordo para dividirem os comandos das duas Casas do Congresso.

Lula apóia a eleição do deputado federal Michel

Temer (PMDB-SP) para presidir a Câmara. Mas deseja que o PMDB dê suporte à candidatura de Tião Viana (PT-AC) para dirigir o Senado.

Se o PMDB insistir em ficar com Câmara e Senado. Lula vai lavar as mãos e deixar a brigar correr solta. As eleições congressuais acontecerão apenas em fevereiro, mas já há muitas articulações na praça.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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