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Brasília Online

14/09/2008

Lula apóia Temer e Viana para dirigir Câmara e Senado em 2009

KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online

Nos bastidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula apoio às eleições de Michel Temer (PMDB-SP) e Tião Viana (PT-AC) para comandar, respectivamente, a Câmara e o Senado no biênio 2009-2010.

Motivos: avalia que a dupla lhe daria tranqüilidade nos dois últimos anos de mandato e nas negociações políticas e eleitorais para a sua sucessão. O presidente não quer ver a sua base de apoio se meter em outra disputa como nas duas últimas eleições congressuais, quando o governo pagou a conta de um racha.

Lula tem dito que a aliança formal com o PMDB, feita no segundo mandato, lhe deu paz congressual. Em episódios do passado semelhantes ao atual caso do grampo no Supremo, sempre surgia um movimen to de coleta de assinaturas para CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). E o governo era obrigado a agir para abafar ou, muitas vezes, aceitar a criação da CPI por falta de força. Com o PMDB a favor do Planalto, as CPIs deixaram de ser um problema.

Hoje, Lula tem boa relação com Temer, que é o presidente do PMDB. A ala peemedebista do Senado se enfraqueceu. José Sarney (AP) só aceitaria a presidência do Senado se fosse uma nomeação. Não será o caso. Portanto, esse cenário reforça o cumprimento de um acordo entre o PMDB e o PT na Câmara.

Por esse entendimento, o PMDB apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP para o biênio 2007-2008. Agora, será a vez de os petistas retribuírem. O nome é Temer.

Como Lula acha conveniente evitar que o PMDB comande as duas Casas, o presidente vem trabalhando pelo apoio de Sarney e de outros peemedebistas à eleição de Viana para presidir o Senado.

Com a popularidade em alta e a economia indo bem, Lula considera que terá força para bancar uma eleição congressual pacífica. A disputa se dará em fevereiro próximo, mas já mobiliza os partidos no Congresso. Se der certo, a articulação de Lula facilitará uma composição entre PT e PMDB para concorrer à Presidência em 2010. Lula aposta numa chapa com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na cabeça e o governador Sérgio Cabral (RJ) na vice.

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Haja despreparo!

Candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain cedeu de vez aos conservadores. Ruim. McCain tem avalizado propaganda negativa abaixo da linha da cintura sobre Barack Obama, o postulante democrata.

Para piorar, a vice dele, Sarah Palin, dá sinais assustadores de despreparo. O principal deles foi aventar a hipótese de conflito armado com a Rússia --uma potência nuclear que não deve nada aos EUA nessa matéria.

Ao falar da invasão russa à Geórgia, caso este país integrasse a aliança militar ocidental, ela disse: "Talvez tenhamos que ir à guerra contra a Rússia porque este é o acordo que protege os membros da Otan. Quando um país é atacado, os outros se levantam em sua defesa".

Nem Dick Cheney, o vice pitbull de Bush, ousou tanto.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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