Brasília Online
Clima de "mar de lama" não retrata o Brasil de hoje
KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) possui a imagem de um homem sério. Quem conversa com ele confirma essa impressão. E sua entrevista à revista "Veja" dizendo que o PMDB é corrupto tem, sim, peso político. A disputa no Real Grandeza, fundo de pensão de Furnas, é mais um exemplo de embate feroz por cargos acompanhados de polpudos recursos financeiros.
A partir das declarações de Jarbas, começou um certo clima de "mar de lama". Parece que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, que seus partidos são os mais venais, que nossos políticos são os mais safados. Essa atmosfera de "mar de lama" já fez muito mal ao Brasil _que o digam Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso.
É óbvio que existe corrupção. É óbvio ululante que ela precisa ser denunciada, combatida, punida. Mas é um fato que o Brasil vem melhorando paulatinamente, mais devagar do que desejamos, desde a redemocratização em 1985. A Constituição de 1988 legou ao país um Ministério Público atuante _vide a denúncia do mensalão, encaminhada por um procurador-geral escolhido por sua categoria em lista tríplice e confirmado pelo presidente da República. A imprensa é mais isenta e profissional do que outrora.
O mensalão fez um mal e um bem ao país. Se assistimos a uma deplorável cena de corrupção política, o episódio acabou com o udenismo petista. Nossa política não está mais dividida entre santos e pecadores. É feita por homens e mulheres falíveis e que merecem fiscalização da sociedade.
Dito isso, soam hipócritas discursos no Congresso e artigos na imprensa falando do nível insuportável da corrupção no Brasil. O governo Lula não é o mais corrupto da história, como não foi o governo FHC. O clima de "mar de lama" está contaminado pela disputa pelo poder: a sucessão presidencial de 2010.
O PT jogou com essa arma para chegar ao Palácio do Planalto. Agora experimenta o próprio veneno. Tomara que de 2010 em diante, com jogo zerado de acusações levianas entre petistas e tucanos, o Brasil possa seguir um caminho mais realista.
A corrupção ainda é uma doença, mas não é mais grave do que foi no passado. Com todos os seus defeitos, a classe política e a sociedade como um todo são melhores hoje. O principal problema do Brasil ainda é sua insuportável desigualdade social. Enfrentá-la deve ser a prioridade de governistas e oposicionistas.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |
Agora esta medida isoladamente não é suficiente. E´ extremamente necessário modificar o modelo de gerenciamento destas empresas de modo a definir metas, eficiencia e muita cobrança.
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