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Brasília Online

27/09/2009

Dilma será única defensora do governo em 2010

KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online

Inteligente, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) encontrou espaço para sua provável candidatura ao Palácio do Planalto em 2010. Não será um oposicionista ferrenho. Tampouco se comportará como um defensor do governo. Esse papel será unicamente exercido pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata do PT à Presidência.

Ciro conquistou de forma legítima o direito de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo federal e o Partido dos Trabalhadores. Recusou um ministério no segundo mandato. Manteve nos últimos anos a lealdade da época do mensalão, comportamento contabilizado como crédito no caderno presidencial. Lula não tem como vetar sua aspiração presidencial.

Ciro ficou mais livre ainda com a opção do presidente e do PT por transformar o PMDB em aliado preferencial, uma necessidade política que trouxe paz a Lula no Congresso no segundo mandato.

Com astúcia, Ciro faz o discurso de que dois candidatos do campo do governo impedem a vitória da oposição no primeiro turno. Ou seja, aproxima-se o suficiente de Lula para ser uma opção no segundo turno, mas se afasta confortavelmente para dissentir ao longo da campanha, pescando votos do governo e da oposição.

Quando Ciro diz que há uma "hegemonia moral frouxa" na aliança PT-PMDB, não cita o nome de Lula. Mas é o presidente da República o avalista dessa aliança que tem esse tipo de hegemonia. Convenhamos: não é um elogio.

O deputado federal do PSB manda bala contra o governador de São Paulo, José Serra, provável candidato do PSDB a presidente. E lembra que Dilma tem dado tratamento cordial ao tucano.

Parece claro o discurso de Ciro: ficar com o bônus de ser um pouco governo e um pouco oposição. A figura de Lula será preservada por ele, com críticas para lá de indiretas. Dilma vai levar umas alfinetadas. O governo, o PT e o PMDB tomarão bordoadas explícitas.

*

Três a um

No cenário mais provável da eleição, os principais candidatos deverão ser Serra, Ciro, Dilma e a senadora Marina Silva (PV). Serra e Marina não tratarão Lula a pão e mel. De Ciro, já falamos.

*

O discurso sumiu?

Se a economia voltar a bombar no ano que vem, Serra perderá um tema importante para desgastar o governo.

*

Samba de uma nota só?

A senadora do PV do Acre tenta, mas ainda tem a marca de discurso presidencial de eixo único, o ambiental. Para complicar, está rodeada de serristas.

*

Ser ou não ser?

Dilma é candidata, mas não assume totalmente. A campanha está centralizada nas mãos de Lula. O PT pede participação. O presidente está confiante demais no seu cacife e na virada de mesa quando o jogo esquentar.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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Comentários dos leitores
Lala vituti (38) 12/01/2010 08h35
Lala vituti (38) 12/01/2010 08h35
Interior de São Paulo: viajando pelo região noroeste, muito me assustou a quantidade de propaganda do governo (pac) por todas as cidades com investimentos maravilhos$, porem em nenhuma prefeitura ninguem sabe do que se trata e a população responde isso é coisa do Lu$l$a. Mais por tras dessa "coisa" tem gente cobrando seus "bens", logo logo sera a população. sem opinião
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Raf Souza (88) 11/01/2010 21h23
Raf Souza (88) 11/01/2010 21h23
José Alberto
És um poço de chavões sem sentido. Por favor, evite falar em nome dos paulistas. SÃO PAULO NÃO É O PSDB, SÃO PAULO NÃO É PROPRIEDADE DO PSDB.
Enfie isso na sua cabeça. Aprenda a separar poder constituído de poder emanado. Aprenda a separar o ESTADO DE SÃO PAULO do GOVERNO DO ESTADO. O primeiro é uma entidade política que nada tem a ver com partidarismos. O segundo é ente administrativo SAZONAL.
E lembre-se sempre que a capital do estado já elegeu duas PREFEITAS petistas e sua população permanece com a capacidade de fazer valer o conceito democrático de ALTERNÂNCIA POLÍTICA. Graças a Deus, em algum lugar nesse estado, o povo ainda usa o cérebro.
Vá com seus delírios tucanalhas para outro canto. São Paulo não é propriedade de meia dúzia de neoliberais fundamentalistas fanáticos pelo PSDB. É apenas uma maré de ignorância política. No futuro, os paulistas olharão para o PSDB como olham para o PP. Enxergarão José Serra como enxergam Paulo Maluf.
sem opinião
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Marcos Dutra de Oliveira (6) 11/01/2010 15h24
Marcos Dutra de Oliveira (6) 11/01/2010 15h24
Sr. José Alberto: parabéns a quem construiu as estradas paulista (os governos do estado). Só tenho uma pergunta: por quê entregá-las à administração de empresas gananciosas que, literalmente, exploram o serviço. E essas empresas ainda tem o desplante de fazer propaganda como se tivessem sido elas as construtoras de tais estradas. O preço dos pedágios é sim injustificavelmente alto. sem opinião
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