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Brasília Online

15/11/2009

FHC faz a coisa certa

KENNEDY ALENCAR
colunista da Folha Online

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai oficializar o reconhecimento do filho que tem com a jornalista Mirian Dutra, da Rede Globo, como revelou a colunista Mônica Bergamo na edição de hoje da Folha.

FHC decide reconhecer oficialmente filho que teve há 18 anos com jornalista

FHC decidiu fazer a coisa certa. As críticas de que deveria ter agido assim faz tempo ou de que escondeu do Brasil um fato de sua vida privada são totalmente descabidas e injustas. A situação não pode ser comparada à de outros políticos que tiveram casos semelhantes expostos nos últimos anos na imprensa brasileira.

Em primeiro lugar, FHC e a jornalista trataram o assunto estritamente na esfera privada. Ele, um político importante e casado, preferiu se manter em silêncio. Ela, uma jornalista de uma grande rede de TV do país, também.

Não cabe aqui entrar no mérito desse silêncio. É completamente irrelevante para presidir um país ou para atuar como jornalista ter um filho fora do casamento ou numa relação com uma pessoa comprometida.

Se ele ou ela tivessem trazido o assunto a público, a imprensa brasileira deveria tê-lo abordado publicamente. A imprensa, portanto, acertou ao respeitar FHC, Mirian e o filho, Tomas Dutra Schmidt, de 18 anos.

Outros episódios que foram exaustivamente tratados na imprensa vieram a público por decisão de um dos pais ou dos filhos. Essas pessoas, por razões as mais diversas, resolveram botar a boca no trombone. Alguns casos foram pura baixaria política, de um adversário que deu dinheiro a uma pessoa para revelar um segredo privado. Portanto, é cruel atacar FHC por ter adiado o reconhecimento do filho durante 18 anos. Difícil julgar o sacrifício e a dor pessoal e familiar envolvidos num episódio desse tipo.

Uma das qualidades da imprensa brasileira é respeitar a privacidade dos políticos. Pode ter havido um excesso aqui e outro ali, mas sempre foram pontuais. E, de alguma forma, as pessoas envolvidas assumiram publicamente uma situação até então privada.

Um político importante que pretenda manter um caso extraconjugal em segredo tem esse direito. Um político importante que queira manter sua orientação sexual em segredo tem esse direito. Tanto quanto um jornalista ou um cidadão.

Por último, FHC está de parabéns pela decisão. Se vem tarde, só os envolvidos poderão comentar. À imprensa, cabe noticiar quando passa a ter relevância pública, exatamente como fez Mônica Bergamo.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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