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Brasília Online

13/11/2005

Ataques a Palocci incluem farra fiscal

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Além de acusações de corrupção que precisam ser respondidas e de uma briga com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) sobre os rumos da política econômica, há um terceiro fator a enfraquecer o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho: pressão de petistas, aliados e até da oposição por liberação de verbas.

Preocupado com as eleições de 2006, quando pela primeira vez entrará numa disputa sem o "monopólio da ética", o PT cobra de Lula maior frouxidão nos gastos públicos para realizar obras nos Estados e vitaminar projetos eleitorais de seus candidatos.

No ano que vem, além da sucessão presidencial, haverá eleições para os governos estaduais e do Distrito Federal, um terço das 81 vagas do Senado, toda a Câmara dos Deputados, as Assembléias Legislativas e a Câmara Distrital (Brasília).

A pressão petista por mais gastos é exercida também por aliados. Um deles, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), bate duro em Palocci porque o ministro quer bloquear recursos para Alagoas. Tecnicamente, a Fazenda tem de fazê-lo.

Renan, em cargo estratégico para um governo fraco politicamente, usa a sua força para liberar verbas e obter cargos. Já obteve recursos da Saúde para prefeitos alagoanos investigados pela Polícia Federal.

Até oposicionistas esmurram Palocci em busca de recursos. O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), tem cobrado a liberação de verbas para as obras dos Jogos Pan-americanos de 2007, que acontecerão no Rio de Janeiro, cidade cujo prefeito é seu pai, o também pefelista Cesar Maia.

Há gastos que merecem ser feitos e até ampliados. É uma discussão legítima num país carente como o Brasil. Até aí tudo bem. O problema começa quando políticos fazem pressão contra um ministro unicamente com o objetivo de arrancar um dinheiro dos cofres públicos.

Palocci deve responder a todas as acusações de corrupção _muitas delas com origem em antigos auxiliares, como o advogado Rogério Buratti. Um ministro da Fazenda precisa ser e parecer honesto. Palocci deve ter abertura para discutir se está correta a sua política econômica. Palocci deve liberar recursos para pleitos legítimos.

No entanto, deve resistir a uma farra fiscal por puro desejo de membros de seu partido, de políticos fisiológicos e de adversários. É uma briga que vale a pena comprar.




Avaliando a vida

A situação de Palocci não é fácil. Pensa mesmo em deixar o governo. Teme ir definhando aos poucos e sair desmoralizado. Após o feriado, falará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja segurá-lo. Se não for possível, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é a opção número 1 de Lula para uma eventual substituição.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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