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Brasília Online

28/01/2006

Presidenciáveis temem guerra pós-eleitoral

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Uma preocupação une os três principais presidenciáveis: o petista Luiz Inácio Lula da Silva e os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin. Quem se eleger em outubro enfrentará uma difícil batalha política no dia seguinte para tocar o governo. Os três já contam com uma campanha duríssima. O pior é acharem que a luta política desabrida continuará após o final das eleições, que servem justamente para debates acalorados.

Se o presidente Lula se reeleger, PSDB e PFL deverão se arrepender de não ter pegado mais pesado ainda nas CPIs. A tendência será infernizar Lula no segundo mandato.

Caso vença um tucano, seja o prefeito Serra ou o governador Alckmin, o PT vai querer ir à forra no dia seguinte. E petista na oposição não é coisa fácil de presidente lidar.

Ora, se petistas e tucanos avaliam em conversas reservadas que é enorme a possibilidade de uma guerra após as eleições, deveriam trabalhar desde já contra o cumprimento da apocalíptica profecia. A continuidade da conflagração política não fará bem ao país, muito menos aos partidos.

O Brasil precisará de um presidente capaz de persuadir o Congresso a realizar uma ampla reforma política que altere o quadro atual, no qual existem 28 partidos. Fidelidade partidária, por exemplo, deveria encabeçar a lista de medidas.

Para governar, o presidente eleito precisaria adotar lances ousados. Exemplo: se um tucano vencer, que chame o PT para compor o ministério. Os petistas, se derrotados, deveriam ter humildade e inteligência para não pensar em vingança.

Se Lula ganhar de Serra ou de Alckmin, deveria convidar um dos dois para ser ministro. No PT, por exemplo, há quem prefira Serra como ministro da Fazenda do que Antonio Palocci Filho, que poderia, com a habilidade demonstrada ao lidar com o Congresso, ser deslocado para a Casa Civil ou a articulação política.

O importante é que o vencedor e o derrotado tenham grandeza ao final das eleições. Esse clima de Fla-Flu entre petistas e tucanos favorece os políticos fisiológicos e atrasados. E quem paga o pato é o país.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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