Brasília Online
12/02/2006
Colunista da Folha Online
A pesquisa Datafolha que mostrou recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas simulações eleitorais e na imagem de governo repercutiu negativamente no PSDB. Mais do que os caciques admitem de público.
Um mês atrás, avaliavam que um tucano bateria Lula facilmente. Estavam no melhor dos mundos. Bastaria escolher entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista, Geraldo Alckmin, para conquistar o Palácio do Planalto.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se dava ao luxo de dizer que não importava qual candidato seria mais competitivo, mas qual tucano seria melhor presidente. E falava abertamente que Serra seria mais preparado do que Alckmin para dirigir o país.
Bastou a mudança de vento na pesquisa para a cúpula tucana entrar em parafuso. FHC passou a bater duramente no PT e em Lula, elevando um tom agressivo que já era alto. Serra está muito reflexivo, numa tremenda dúvida. E Alckmin, que deseja ser candidato a qualquer custo, sente-se desprestigiado, pois passou a ser visto como um postulante para perder. Sua escolha, agora, passaria a impressão de um partido que ficou com medo de peitar Lula. Ou seja, se for o candidato, Alckmin poderá ganhar, mas seu caminho rumo ao Palácio do Planalto ficou mais difícil.
Se era precipitado o PSDB achar que tinha ganho a eleição, também é precipitado avaliar que a vaca já foi para o brejo e entrar em crise existencial. Faltam quase nove meses para o primeiro turno da eleição. Há questões que precisam ser respondidas.
A primeira é averiguar o tamanho da recuperação de Lula. Qual será o fôlego do presidente? Vai voltar a vencer um tucano no segundo turno com alguma folga ou continuará atrás de Serra na simulação da segunda fase?
Outra pergunta importante: qual será o estrago para o governo com o desfecho das investigações nas CPIs dos Correios e dos Bingos?
Há ainda potencial para machucar o governo? Ou será a hora do troco do PT, que festeja o aparecimento da lista que traz supostas contribuições de Furnas a políticos tucanos e pefelistas?
É fato que a lista é falsa, mas a informação verdadeira? Existem recibos de tucanos e pefelistas que comprometeriam o discurso moralizador que adotaram contra o PT no mensalão?
A resposta a essas questões e as futuras pesquisas produzirão um quadro mais claro da sucessão. Por ora, Lula venceu o primeiro round de 2006 ao demonstrar capacidade de recuperação. Outros rounds virão.
Tucanos entram em crise com Datafolha
KENNEDY ALENCARColunista da Folha Online
A pesquisa Datafolha que mostrou recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas simulações eleitorais e na imagem de governo repercutiu negativamente no PSDB. Mais do que os caciques admitem de público.
Um mês atrás, avaliavam que um tucano bateria Lula facilmente. Estavam no melhor dos mundos. Bastaria escolher entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista, Geraldo Alckmin, para conquistar o Palácio do Planalto.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se dava ao luxo de dizer que não importava qual candidato seria mais competitivo, mas qual tucano seria melhor presidente. E falava abertamente que Serra seria mais preparado do que Alckmin para dirigir o país.
Bastou a mudança de vento na pesquisa para a cúpula tucana entrar em parafuso. FHC passou a bater duramente no PT e em Lula, elevando um tom agressivo que já era alto. Serra está muito reflexivo, numa tremenda dúvida. E Alckmin, que deseja ser candidato a qualquer custo, sente-se desprestigiado, pois passou a ser visto como um postulante para perder. Sua escolha, agora, passaria a impressão de um partido que ficou com medo de peitar Lula. Ou seja, se for o candidato, Alckmin poderá ganhar, mas seu caminho rumo ao Palácio do Planalto ficou mais difícil.
Se era precipitado o PSDB achar que tinha ganho a eleição, também é precipitado avaliar que a vaca já foi para o brejo e entrar em crise existencial. Faltam quase nove meses para o primeiro turno da eleição. Há questões que precisam ser respondidas.
A primeira é averiguar o tamanho da recuperação de Lula. Qual será o fôlego do presidente? Vai voltar a vencer um tucano no segundo turno com alguma folga ou continuará atrás de Serra na simulação da segunda fase?
Outra pergunta importante: qual será o estrago para o governo com o desfecho das investigações nas CPIs dos Correios e dos Bingos?
Há ainda potencial para machucar o governo? Ou será a hora do troco do PT, que festeja o aparecimento da lista que traz supostas contribuições de Furnas a políticos tucanos e pefelistas?
É fato que a lista é falsa, mas a informação verdadeira? Existem recibos de tucanos e pefelistas que comprometeriam o discurso moralizador que adotaram contra o PT no mensalão?
A resposta a essas questões e as futuras pesquisas produzirão um quadro mais claro da sucessão. Por ora, Lula venceu o primeiro round de 2006 ao demonstrar capacidade de recuperação. Outros rounds virão.
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Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |
