Brasília Online
09/04/2006
Colunista da Folha Online
Entre os "serristas" do PSDB e do PFL, "Plano C" é como eles se referem à hipótese de o ex-prefeito de São Paulo José Serra ainda vir a ser candidato ao Palácio do Planalto. O "Plano A" era a candidatura a presidente quando Serra disputava a indicação contra Alckmin no início do ano, mas ele perdeu aquela parada. O "Plano B" está em curso: concorrer ao governo de São Paulo. Serra deixou a prefeitura para esse projeto. O "C" é substituir o ex-governador e também tucano Geraldo Alckmin caso ele não decole.
Hoje, PSDB e PFL estão informalmente unidos no apoio a Alckmin, mas setores dessas siglas não desistiram de Serra.
A pesquisa Datafolha divulgada neste domingo dará gás aos tucanos e pefelistas que, muito reservadamente, tecem críticas a Alckmin. Avaliam que ele não tem a musculatura política nem o preparo administrativo de Serra. E dizem que, numa hipótese difícil, mas não impossível, o ex-prefeito ainda poderia ser candidato a presidente.
Legalmente, isso é viável. As convenções que oficializarão candidaturas e alianças devem ocorrer em junho. Serra poderia ser escolhido o candidato da aliança PSDB-PFL. E Alckmin concorreria ao Senado por São Paulo.
Ora, isso é uma operação política arriscada, pois sujeita a deixar uma tremenda seqüela no PSDB. Alckmin se sentiria traído e dinamitaria Serra.
No entanto, mesmo após o episódio de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém boa distância de Alckmin. Já Serra ameaçaria mais a reeleição do petista. Sempre esteve melhor nas pesquisas em relação a Alckmin.
Segundo o Datafolha, Lula tinha 42% de intenção de voto no primeiro turno na pesquisa feita nos dias 16 e 17 de março. No levantamento realizado nas últimas sexta e quinta-feira, o presidente oscilou negativamente para 40% --a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No mesmo período, Alckmin caiu de 23% para 20% .
Mais: Anthony Garotinho, ex-governador do Rio que trava dura batalha no PMDB para viabilizar sua candidatura, obteve algum fôlego. Subiu de 12% para 15%. Em tese, se conseguir ser candidato, ameaçaria Alckmin. Acirrou-se, na atual fotografia da eleição, a disputa pelo segundo lugar.
Nos cenários de segundo turno, Lula bateria os dois adversários se a eleição fosse hoje. Venceria por 52% a 37% contra o tucano. E derrotaria o peemedebista por 54% a 32%. Sem Garotinho no páreo, Lula levaria a eleição no primeiro turno.
Nesse contexto, não é hipótese a ser descartada a possibilidade de mudança de candidato da aliança PSDB-PFL. Alckmin teria abril e a primeira quinzena de maio para tirar Garotinho do seu calcanhar e demonstrar mais força para bater Lula.
Esperava-se agora, quando o petista enfrenta terrível fase, que Alckmin subisse um pouco e Lula caísse um outro tanto. O presidente acabou de perder o seu ministro mais importante, Antonio Palocci Filho, e, mesmo assim, segue forte na disputa, com bom cacife no Nordeste e entre os mais pobres.
Intriga tucana
Alckmin está com a pulga atrás da orelha em relação a Serra, apesar das juras de amor feitas publicamente. Reportagens negativas para o ex-governador trouxeram detalhes e informações que alckmistas julgam que só quem tem proximidade com o ex-governador poderia obter. As suspeitas recaem sobre serristas.
Aliados do ex-governador dizem que, dificilmente, o PT teria conseguido informações sobre laços de Alckmin com o Opus Dei, grupo católico conservador, e uma carta de elogio dele ao ditador Médici quando vereador em Pindamonhangaba no início dos anos 70.
Datafolha reforça "Plano C" de Serra
KENNEDY ALENCARColunista da Folha Online
Entre os "serristas" do PSDB e do PFL, "Plano C" é como eles se referem à hipótese de o ex-prefeito de São Paulo José Serra ainda vir a ser candidato ao Palácio do Planalto. O "Plano A" era a candidatura a presidente quando Serra disputava a indicação contra Alckmin no início do ano, mas ele perdeu aquela parada. O "Plano B" está em curso: concorrer ao governo de São Paulo. Serra deixou a prefeitura para esse projeto. O "C" é substituir o ex-governador e também tucano Geraldo Alckmin caso ele não decole.
Hoje, PSDB e PFL estão informalmente unidos no apoio a Alckmin, mas setores dessas siglas não desistiram de Serra.
A pesquisa Datafolha divulgada neste domingo dará gás aos tucanos e pefelistas que, muito reservadamente, tecem críticas a Alckmin. Avaliam que ele não tem a musculatura política nem o preparo administrativo de Serra. E dizem que, numa hipótese difícil, mas não impossível, o ex-prefeito ainda poderia ser candidato a presidente.
Legalmente, isso é viável. As convenções que oficializarão candidaturas e alianças devem ocorrer em junho. Serra poderia ser escolhido o candidato da aliança PSDB-PFL. E Alckmin concorreria ao Senado por São Paulo.
Ora, isso é uma operação política arriscada, pois sujeita a deixar uma tremenda seqüela no PSDB. Alckmin se sentiria traído e dinamitaria Serra.
No entanto, mesmo após o episódio de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém boa distância de Alckmin. Já Serra ameaçaria mais a reeleição do petista. Sempre esteve melhor nas pesquisas em relação a Alckmin.
Segundo o Datafolha, Lula tinha 42% de intenção de voto no primeiro turno na pesquisa feita nos dias 16 e 17 de março. No levantamento realizado nas últimas sexta e quinta-feira, o presidente oscilou negativamente para 40% --a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No mesmo período, Alckmin caiu de 23% para 20% .
Mais: Anthony Garotinho, ex-governador do Rio que trava dura batalha no PMDB para viabilizar sua candidatura, obteve algum fôlego. Subiu de 12% para 15%. Em tese, se conseguir ser candidato, ameaçaria Alckmin. Acirrou-se, na atual fotografia da eleição, a disputa pelo segundo lugar.
Nos cenários de segundo turno, Lula bateria os dois adversários se a eleição fosse hoje. Venceria por 52% a 37% contra o tucano. E derrotaria o peemedebista por 54% a 32%. Sem Garotinho no páreo, Lula levaria a eleição no primeiro turno.
Nesse contexto, não é hipótese a ser descartada a possibilidade de mudança de candidato da aliança PSDB-PFL. Alckmin teria abril e a primeira quinzena de maio para tirar Garotinho do seu calcanhar e demonstrar mais força para bater Lula.
Esperava-se agora, quando o petista enfrenta terrível fase, que Alckmin subisse um pouco e Lula caísse um outro tanto. O presidente acabou de perder o seu ministro mais importante, Antonio Palocci Filho, e, mesmo assim, segue forte na disputa, com bom cacife no Nordeste e entre os mais pobres.
Intriga tucana
Alckmin está com a pulga atrás da orelha em relação a Serra, apesar das juras de amor feitas publicamente. Reportagens negativas para o ex-governador trouxeram detalhes e informações que alckmistas julgam que só quem tem proximidade com o ex-governador poderia obter. As suspeitas recaem sobre serristas.
Aliados do ex-governador dizem que, dificilmente, o PT teria conseguido informações sobre laços de Alckmin com o Opus Dei, grupo católico conservador, e uma carta de elogio dele ao ditador Médici quando vereador em Pindamonhangaba no início dos anos 70.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |