Brasília Online
16/04/2006
Colunista da Folha Online
A pesquisa Datafolha realizada nos últimos dias 6 e 7 de abril surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais auxiliares. Eles esperavam uma queda na intenção de voto do presidente devido à violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O caso Francenildo resultou na queda do poderoso Antonio Palocci Filho da Fazenda.
A cúpula do governo avalia que esse episódio ainda possa ter impacto negativo no cacife eleitoral de Lula, mas que tende a ser menor do que imaginava, se vier a acontecer. Por isso, a pesquisa Datafolha foi vista como alentadora.
No primeiro turno e no cenário principal, Lula marcou 40%. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 20%. E o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB), 15%.
No segundo turno, Lula bateria os dois. Venceria o tucano por 52% a 37%. E derrotaria o peemedebista por 54% a 32%. Sem Garotinho no páreo, Lula levaria a eleição no primeiro turno.
Numa hora de tremendo tiroteio, com relatório da CPI dos Correios e queda de Palocci, a pesquisa mostrou que o presidente se mantém favorito.
Como faltam praticamente seis meses para a eleição, Lula discutiu reservadamente com alguns auxiliares quais serão seus passos até a chegada do horário eleitoral gratuito, fase mais importante da campanha que terá início em 15 de agosto.
Até lá, o presidente e o PT terão de enfrentar outras fases da campanha eleitoral, que prometem ser bastante duras. Para tanto, Lula pretende esticar ao máximo o anúncio de sua candidatura. Pretende assumir a postulação em junho, quando a lei determina que sejam feitas as convenções que oficializam candidaturas e alianças. Assim, ficará mais livre para viajar pelo país, sempre dizendo que está cumprindo agenda de presidente e não de candidato.
Priorizará viagens para o Nordeste, onde tem hoje 55% de intenção de voto contra 14% de Alckmin. O Nordeste é a fortaleza eleitoral de Lula. Ele vai defendê-la semanalmente. Ao mesmo tempo, dedicará atenção a São Paulo e a Minas Gerais, Estados em que pretende ter agenda intensa de eventos.
Em São Paulo, por exemplo, tentará reduzir a vantagem de Alckmin, que caiu 10 pontos na última pesquisa Datafolha em comparação com a anterior (16 e 17 de março). Hoje, o placar em São Paulo é 41% para Alckmin e 35% para Lula.
Se segurar o Nordeste, avançar em São Paulo e mantiver a vantagem em Minas, Lula avalia que será reeleito. A depender da quantidade de candidatos, poderia liquidar a fatura no primeiro turno. O governo trabalha para inviabilizar a candidatura de Garotinho.
Ao mesmo tempo, Lula continuará cultivando o eleitorado mais pobre. Além do Nordeste, ele vai muito bem entre os eleitores que têm renda familiar de até cinco salários mínimos por mês.
A partir de maio, os mais pobres sentirão o efeito do aumento do mínimo de R$ 300 para R$ 350. Lula decidiu elevar o teto familiar e o valor dos benefícios do Bolsa-Família, seu principal programa social. Reajustou os benefícios dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Ou seja, vai alardear o seu pacote de bondades em ano eleitoral.
Com esse plano, Lula espera chegar ao horário eleitoral gratuito em posição de liderança. Na TV, travaria o jogo decisivo. Sabe que irá apanhar muito no horário eleitoral gratuito. Todas as acusações de corrupção sobre seu governo e o PT serão reprisadas. No entanto, acredita que terá munição para dar a sua resposta, lembrando escândalos do governo FHC, apoiado por PSDB e PFL, e mostrando realizações de sua administração. Seria, então, feita a tal comparação entre governos que Lula acha que lhe dará vantagem. É assim que o presidente julga que conseguirá um segundo mandato.
O plano de vôo de Lula até 15 de agosto
KENNEDY ALENCARColunista da Folha Online
A pesquisa Datafolha realizada nos últimos dias 6 e 7 de abril surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais auxiliares. Eles esperavam uma queda na intenção de voto do presidente devido à violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O caso Francenildo resultou na queda do poderoso Antonio Palocci Filho da Fazenda.
A cúpula do governo avalia que esse episódio ainda possa ter impacto negativo no cacife eleitoral de Lula, mas que tende a ser menor do que imaginava, se vier a acontecer. Por isso, a pesquisa Datafolha foi vista como alentadora.
No primeiro turno e no cenário principal, Lula marcou 40%. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 20%. E o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB), 15%.
No segundo turno, Lula bateria os dois. Venceria o tucano por 52% a 37%. E derrotaria o peemedebista por 54% a 32%. Sem Garotinho no páreo, Lula levaria a eleição no primeiro turno.
Numa hora de tremendo tiroteio, com relatório da CPI dos Correios e queda de Palocci, a pesquisa mostrou que o presidente se mantém favorito.
Como faltam praticamente seis meses para a eleição, Lula discutiu reservadamente com alguns auxiliares quais serão seus passos até a chegada do horário eleitoral gratuito, fase mais importante da campanha que terá início em 15 de agosto.
Até lá, o presidente e o PT terão de enfrentar outras fases da campanha eleitoral, que prometem ser bastante duras. Para tanto, Lula pretende esticar ao máximo o anúncio de sua candidatura. Pretende assumir a postulação em junho, quando a lei determina que sejam feitas as convenções que oficializam candidaturas e alianças. Assim, ficará mais livre para viajar pelo país, sempre dizendo que está cumprindo agenda de presidente e não de candidato.
Priorizará viagens para o Nordeste, onde tem hoje 55% de intenção de voto contra 14% de Alckmin. O Nordeste é a fortaleza eleitoral de Lula. Ele vai defendê-la semanalmente. Ao mesmo tempo, dedicará atenção a São Paulo e a Minas Gerais, Estados em que pretende ter agenda intensa de eventos.
Em São Paulo, por exemplo, tentará reduzir a vantagem de Alckmin, que caiu 10 pontos na última pesquisa Datafolha em comparação com a anterior (16 e 17 de março). Hoje, o placar em São Paulo é 41% para Alckmin e 35% para Lula.
Se segurar o Nordeste, avançar em São Paulo e mantiver a vantagem em Minas, Lula avalia que será reeleito. A depender da quantidade de candidatos, poderia liquidar a fatura no primeiro turno. O governo trabalha para inviabilizar a candidatura de Garotinho.
Ao mesmo tempo, Lula continuará cultivando o eleitorado mais pobre. Além do Nordeste, ele vai muito bem entre os eleitores que têm renda familiar de até cinco salários mínimos por mês.
A partir de maio, os mais pobres sentirão o efeito do aumento do mínimo de R$ 300 para R$ 350. Lula decidiu elevar o teto familiar e o valor dos benefícios do Bolsa-Família, seu principal programa social. Reajustou os benefícios dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Ou seja, vai alardear o seu pacote de bondades em ano eleitoral.
Com esse plano, Lula espera chegar ao horário eleitoral gratuito em posição de liderança. Na TV, travaria o jogo decisivo. Sabe que irá apanhar muito no horário eleitoral gratuito. Todas as acusações de corrupção sobre seu governo e o PT serão reprisadas. No entanto, acredita que terá munição para dar a sua resposta, lembrando escândalos do governo FHC, apoiado por PSDB e PFL, e mostrando realizações de sua administração. Seria, então, feita a tal comparação entre governos que Lula acha que lhe dará vantagem. É assim que o presidente julga que conseguirá um segundo mandato.
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Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |
