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Brasília Online

21/05/2006

Lula faz acenos para Serra e Aécio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado na última semana de uma pesquisa que lhe dava vitória no primeiro turno contra o postulante do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin --desde que Anthony Garotinho não seja candidato pelo PMDB, e tudo indica que não será.

Ou seja, um cenário muito otimista. Lula gostou dos números, mas comentou com auxiliares que acha que a campanha eleitoral será duríssima. Recomendou que não julguem que será fácil derrotar Alckmin.

Preparando-se para a batalha, Lula fez acenos nas últimas semanas para dois candidatos do PSDB a governador que são francos favoritos em seus Estados: José Serra em São Paulo e Aécio Neves em Minas Gerais.

Serra e Aécio têm outra coisa em comum. Querem concorrer à Presidência em 2010. Se Lula se reeleger, eles avaliam que o desgaste natural de oito anos de poder e a impossibilidade do petista de disputar um novo mandato aumentarão a chance de um tucano retornar ao Palácio do Planalto.

Claro que é temerário fazer planos em política com tanta antecedência, além de depender da derrota de um candidato que dizem apoiar fortemente. O cenário político no Brasil muda com facilidade e rapidamente.

Mas políticos traçam planos de longo prazo. Não foi à toa que Serra abriu caminho para Alckmin tão facilmente. E Aécio não saiu antecipadamente de graça da briga tucana em 2006.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), foi um dos que conversaram com Serra em nome de Lula. O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), tem cultivado Aécio. E ouviu pedido de Lula recentemente para manter esse canal bem aberto. O próprio Pimentel quer concorrer ao governo de Minas em 2010. Com apoio de quem? Ora, Aécio.

O que Lula ganha "namorando" oposicionistas? Além de evitar ataques pesados de políticos com chances de conquistar o governo dos dois maiores colégios eleitorais do país, mantém uma interlocução que pode ser útil para um segundo mandato.

Aécio bate muito no PT e pouco em Lula. Serra também.

Se Alckmin for derrotado, Serra e Aécio serão os "donos" do PSDB. O atual presidente da legenda, Tasso Jereissati (CE), perderá força. A base congressual de Lula está destruída. O petista terá de contar com forças políticas para além do PMDB. Daí a importância de não hostilizar Serra e Aécio. Mas isso já é assunto para outra coluna.




Outro lado

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro diz que foi contratado pelo banqueiro Daniel Dantas para trabalhos na área jurídica. Nega ter ajudado Dantas a se aproximar de José Dirceu quando este era ministro todo-poderoso da Casa Civil, informação dada neste espaço na semana passada.




Política externa

Chefe da assessoria especial e auxiliar direto do presidente para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia prestará depoimento à Comissão de Relações Exteriores do Senado. Foi convidado. Sabe que irá enfrentar fogo pesado da oposição, especialmente por conta da crise do gás com a Bolívia. "Estou tranqüilo. Nossa reação prudente foi o caminho acertado", diz.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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