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28/05/2006

Os principais obstáculos de Alckmin rumo à Presidência

"O problema do Alckmin é 2010." A frase é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em recente encontro com ex-ministros de seus dois governos (1995-1998 e 1999-2002) para avaliar a chance de o candidato tucano à Presidência ser eleito em outubro.

O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que participou da reunião, no instituto de FHC em São Paulo, na segunda-feira 22 de maio, acrescentou outro problema: a economia tende a ajudar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se reeleger.

Convenhamos, são dois grandes obstáculos. O ex-governador paulista Geraldo Alckmin está derrotado de antemão? Muito cedo. Erra quem o subestima, como já fazem alguns ministros de Lula. Com duas semanas de horário eleitoral gratuito, que começará em 15 de agosto, poderão ser feitas previsões mais acuradas a respeito do real potencial do postulante tucano para quebrar o favoritismo de Lula.




Café-com-leite

Ao dizer que o problema de Alckmin é 2010, FHC se refere à eleição presidencial que acontecerá daqui a quatro anos. O ex-presidente avalia, com toda razão, que os tucanos José Serra e Aécio Neves, respectivamente candidatos aos governos de São Paulo e de Minas, terão interesse em disputar o Palácio do Planalto em 2010.

Ora, se Alckmin for eleito, a possibilidade de reeleição, no mínimo, adiará a pretensão dos dois. Interessaria a eles, portanto, que o atual candidato tucano à Presidência perca para Lula ou que se comprometa a acabar com a reeleição.

FHC fez um comentário que é uma síntese pessoal. Aconselhou Alckmin a dizer que aprovará no Congresso fim da reeleição. Uma vez eleito, que não cumpra o prometido, emendou o ex-presidente. Para FHC, se Serra e Aécio não se empenharem por Alckmin, sobretudo o mineiro, o ex-governador paulista dificilmente será eleito.




É a economia

Na reunião com FHC, o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros foi o mais pessimista. Apesar de ter dado idéias para a elaboração de um programa econômico para Alckmin, Mendonção demonstrou desânimo.

O ex-ministro disse que o poder de compra do salário mínimo atual (R$ 350) é praticamente o dobro da época de ouro do Plano Real, principalmente se traduzido em termos de cestas básicas. Nos bons tempos, o mínimo de FHC comprava pouco mais de uma cesta básica. Hoje, compra mais de duas cestas.

Mendonção citou outro dado para reforçar a idéia de que a economia beneficiará Lula eleitoralmente. Segundo ele, as vendas de varejo nas regiões Norte e Nordeste estariam crescendo a um ritmo duas vezes superior ao da China.




Dirty Harry

Alckmin vestirá o figurino linha dura ao tratar de segurança pública no programa do PSDB e no horário eleitoral gratuito. Tentará se contrapor a um Lula 'light'. Exemplo: dirá que relacionar falta de educação formal a banditismo, como fez o presidente no programa de TV do PT, é fugir do combate imediato ao problema.




Me aguardem

Aquele Alckmin assertivo que surpreendeu Serra no início do ano tem data marcada para ressurgir. Após as convenções do PSDB e do PFL que oficializarão sua candidatura em junho, o tucano avalia que os partidos abraçarão de vez a sua campanha por questão de sobrevivência.

Então, o ex-governador deverá adotar ação agressiva para tomar conta do comando de sua campanha. Sua intenção é chegar "vivo" ao horário eleitoral, quando, acredita, terá armas para enfrentar um presidente candidato à reeleição.
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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