Brasília Online
11/06/2006
Colunista da Folha Online
Educação e energia são os dois temas administrativos aos quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais se dedicado nas reuniões do governo. Quando o assunto é política, Lula só pensa na reeleição e nas alianças, sobretudo as estaduais. Os temas administrativos e políticos estão ligados.
Lula avalia que a economia, que estará em forte ritmo de crescimento na época das eleições (outubro), já é vista pela maioria do eleitorado como uma conquista consolidada. É importante que ela vá bem, pois combinada a realizações sociais (Bolsa Família) e a outros temas que Lula pretende priorizar num eventual segundo mandato (educação e energia), a economia dá a liga eleitoral que sustenta o forte cacife político de Lula apesar da crise do mensalão.
Já é conhecida a fixação de Lula pelo biodiesel, bem como o seu discurso de que o Brasil será a potência energética do século 21. Exageros à parte, o governo e a Petrobrás têm feito expressivo investimento para diversificar as fontes energéticas do país. E depender menos, portanto, do próprio petróleo produzido aqui e do gás da Bolívia.
Na área de transportes, o Brasil fez uma opção no século passado por rodovias. Há no governo uma tentativa de voltar a priorizar as ferrovias. O que isso tem a ver com energia? Tudo. Uma ampliação real e inteligente do transporte ferroviário terá impacto direto no consumo de combustível no país. A conferir. Em 2002, a infra-estrutura era tema de destaque do programa de governo de Lula. O presidente precisa mostrar com atos que agora ela não será apenas mais um truque eleitoral.
A proposta do NAE
O NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência), comandado pelo ex-ministro Luiz Gushiken, montou o "Plano de Melhoria da Educação Básica".
No ano passado, o NAE ouviu 50 especialistas sobre temas considerados importantes para o futuro do país. Nasceram cerca de 300 propostas. Sintetizadas, elas compuseram um questionário enviado pela Internet a especialistas, empresários, profissionais liberais, entre outros, para que apontassem a importância de cada assunto. Responderam 37 mil pessoas.
Dessas respostas, quatro temas receberam menção de prioritários para os próximos anos: 1) Formação de professores; 2) Inclusão digital de todas as escolas públicas com recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações); 3) Gestão escolar democrática (participação de pais); e 4) Movimento nacional pela educação básica, promovendo um grande acordo político entre governo, oposição, União, Estados, municípios e os diversos setores da sociedade civil.
Na pesquisa, a melhoria da educação básica foi o item mais desejado pela população, mas um dos que ela achava mais difícil de se tornar realidade até 2022, ano-meta do NAE para grandes transformações no país.
No levantamento, os entrevistados disseram que a universalização da educação (colocar todas as crianças na escola) é uma meta praticamente atingida, mas, simultaneamente, mostraram descrença em escolas públicas que pudessem 'competir' com as particulares.
Por isso, Lula avaliou que seria preciso priorizar de fato a melhoria da qualidade da educação, que já era uma promessa da campanha de 2002. E o tema será um dos motes da campanha à reeleição.
Ranking dos temas
De acordo com a pesquisa do NAE, esses foram os 16 temas considerados mais estratégicos e prioritários, pela ordem: qualidade do ensino, educação básica, violência e criminalidade, desigualdade social, nível de empregos, SUS (Sistema Único de Saúde), investimento em ciência e tecnologia, taxa de investimento das empresas nacionais e estrangeiras no país, infra-estrutura, o sistema judiciário, estrutura tributária, controle da inflação, exportações, carga tributária, gastos correntes do governo e, por último, contas públicas.
Educação e energia serão "novos" motes de Lula
KENNEDY ALENCARColunista da Folha Online
Educação e energia são os dois temas administrativos aos quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais se dedicado nas reuniões do governo. Quando o assunto é política, Lula só pensa na reeleição e nas alianças, sobretudo as estaduais. Os temas administrativos e políticos estão ligados.
Lula avalia que a economia, que estará em forte ritmo de crescimento na época das eleições (outubro), já é vista pela maioria do eleitorado como uma conquista consolidada. É importante que ela vá bem, pois combinada a realizações sociais (Bolsa Família) e a outros temas que Lula pretende priorizar num eventual segundo mandato (educação e energia), a economia dá a liga eleitoral que sustenta o forte cacife político de Lula apesar da crise do mensalão.
Já é conhecida a fixação de Lula pelo biodiesel, bem como o seu discurso de que o Brasil será a potência energética do século 21. Exageros à parte, o governo e a Petrobrás têm feito expressivo investimento para diversificar as fontes energéticas do país. E depender menos, portanto, do próprio petróleo produzido aqui e do gás da Bolívia.
Na área de transportes, o Brasil fez uma opção no século passado por rodovias. Há no governo uma tentativa de voltar a priorizar as ferrovias. O que isso tem a ver com energia? Tudo. Uma ampliação real e inteligente do transporte ferroviário terá impacto direto no consumo de combustível no país. A conferir. Em 2002, a infra-estrutura era tema de destaque do programa de governo de Lula. O presidente precisa mostrar com atos que agora ela não será apenas mais um truque eleitoral.
A proposta do NAE
O NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência), comandado pelo ex-ministro Luiz Gushiken, montou o "Plano de Melhoria da Educação Básica".
No ano passado, o NAE ouviu 50 especialistas sobre temas considerados importantes para o futuro do país. Nasceram cerca de 300 propostas. Sintetizadas, elas compuseram um questionário enviado pela Internet a especialistas, empresários, profissionais liberais, entre outros, para que apontassem a importância de cada assunto. Responderam 37 mil pessoas.
Dessas respostas, quatro temas receberam menção de prioritários para os próximos anos: 1) Formação de professores; 2) Inclusão digital de todas as escolas públicas com recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações); 3) Gestão escolar democrática (participação de pais); e 4) Movimento nacional pela educação básica, promovendo um grande acordo político entre governo, oposição, União, Estados, municípios e os diversos setores da sociedade civil.
Na pesquisa, a melhoria da educação básica foi o item mais desejado pela população, mas um dos que ela achava mais difícil de se tornar realidade até 2022, ano-meta do NAE para grandes transformações no país.
No levantamento, os entrevistados disseram que a universalização da educação (colocar todas as crianças na escola) é uma meta praticamente atingida, mas, simultaneamente, mostraram descrença em escolas públicas que pudessem 'competir' com as particulares.
Por isso, Lula avaliou que seria preciso priorizar de fato a melhoria da qualidade da educação, que já era uma promessa da campanha de 2002. E o tema será um dos motes da campanha à reeleição.
Ranking dos temas
De acordo com a pesquisa do NAE, esses foram os 16 temas considerados mais estratégicos e prioritários, pela ordem: qualidade do ensino, educação básica, violência e criminalidade, desigualdade social, nível de empregos, SUS (Sistema Único de Saúde), investimento em ciência e tecnologia, taxa de investimento das empresas nacionais e estrangeiras no país, infra-estrutura, o sistema judiciário, estrutura tributária, controle da inflação, exportações, carga tributária, gastos correntes do governo e, por último, contas públicas.
 |
Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |
