Colunas

Brasil lado B

17/12/2001

MAO TSÉ-TUNG DO AGRESTE

- Maotizé, rapaz, vem cá!

É assim que ele é chamado no Sítio Araras, nos cafundós de Passira, no agreste de Pernambuco (100 km do Recife), pelos amigos que não conseguem pronunciar o seu nome direito. Não ter o batismo pronunciado corretamente, no entanto, não é o maior percalço enfentado pelo trabalhador rural Mao Tsé-tung José Gomes dos Santos, 40, filho de um velho comunista das Ligas Camponesas - uma espécie de MST dos anos 50 e 60.

O pequeno Mao do agreste teve o registro de nascimento queimado em fogueira pelos militares, em 1964, quando ainda engatinhava, conta o jornalista pernambucano Ayrton Maciel. Até os 17 anos, o xará do líder chinês ficou sem documentos, pois a família temia novas represálias. A partir dessa idade, ganhou novo nome: Marcos José dos Santos. Em 94, resgatou, na Justiça, o batismo original.

Agora reivindica indenização, baseado na lei de asilado político: ficou dez anos sem estudar e 14 anos sem um registro civil, numa espécie de exílio forçado. Filiado ao PPS, o Mao pernambucano pretende disputar um mandato político em breve.

FolhaShop

Digite produto
ou marca