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Brasil lado B

19/04/2002

Lampião é absolvido 64 anos depois de morto

Sertão pára e acompanha julgamento do cangaceiro

Nunca um julgamento mexeu tanto com o sertão. Sábado (13/4), no Sítio Passagem das Pedras, município de Serra Talhada, Pernambuco, foi ao banco dos réus, o filho da terra Virgulino Ferreira, o Lampião (1898-1938). Sob forte pressão popular, o rei do cangaço foi absolvido por quatro votos a três, em júri popular.

Para a Justiça o julgamento foi simbólico. Para os conterrâneos de Lampião, nada mais verdadeiro -uma lavagem de alma histórica.

A defesa sustentou que o cangaceiro foi um Robin Hood sertanejo, um justiceiro, vingador de respeito. A acusação foi direta: Lampião não passou de um bandido comum, sangue frio, responsável por várias carnificinas veredas afora.

O resultado, no entanto, já mereceu contestação. O escritor Hilário Luceti, do Crato (CE), autor de "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", recorreu da decisão no Tribula Popular do Júri de Serra Talhada.

Luceti foi um dos jurados que votou pela condenação de Virgulino.

Na Justiça de verdade, Lampião foi beneficiado, em outubro de 1997, pela extinção do último processo que tramitava contra ele.

O juiz Clóvis Silva Mendes, da 1ª Vara Cível de Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, proferiu a sentença que pôs fim a uma ação de 1928. O processo dizia respeito ao assassinato de três homens, em 1925.

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