Colunas

Destaques GLS

31/10/2007

Bastidores do Mr. Gay Brasil

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

O publicitário Luciano Lupo, 27, virou uma celebridade após ser eleito Mr. Gay Brasil no último final de semana. Homossexual assumido, Luciano despertou a atenção da Globo. No próximo domingo, o "Fantástico" vai contar a história do rapaz, que nasceu em Cambé (PR), mas foi morar em Mato Grosso ainda criança.

Há sete anos, ele é casado com Menotti Griggi, 42, dono da boate Zum Zum, em Cuiabá (MT). No momento do anúncio da vitória de Luciano no concurso, Menotti correu para abraçar e beijar seu companheiro no palco do teatro Fábrica, em São Paulo. Até os 20 anos, o Mr. Gay namorava mulheres ("Hoje todas são minhas amigas").

Sérgio Ripardo/Folha Online
Sabrina Sato e Leão Lobo beijam o Mr. Gay Brasil, o publicitário Luciano Lupo, 27
Sabrina Sato e Leão Lobo beijam o Mr. Gay Brasil, o publicitário Luciano Lupo, 27
Sérgio Ripardo/Folha Online
Luciano Lupo abraça companheiro, após anúncio da vitória do Mr. Gay Brasil
Luciano Lupo abraça companheiro, após anúncio da vitória do Mr. Gay Brasil

Os dois também ficaram juntinhos, abraçados, na área vip da boate Flexx, onde comemoram o resultado do concurso, na madrugada de domingo. "Eu sempre o incentivei a ter uma carreira de modelo", diz Menotti.

Nesta quarta-feira, o repórter Maurício Kubrusly, do "Fantástico", foi escalado para entrevistar Luciano e seus pais --a mãe é cabeleireira e cantora gospel, da Assembléia de Deus, e o pai é motorista. Os dois vivem na cidade de Lucas do Rio Verde (360 km de Cuiabá).

"Meus pais ficaram orgulhosos da minha vitória", afirma Luciano, acrescentando que, apesar de evangélica, sua mãe respeita sua homossexualidade e seu companheiro. Ele se declara católico não-praticante. A notícia da vitória de Luciano deu uma trégua à família--no mês passado, um irmão de Luciano foi assassinado a pauladas, em um crime ainda sem solução.

Sergio Ripardo/Folha Online
Em meio ao papel picado, Luciano comemora vitória; houve claque torcendo por ele
Em meio ao papel picado, Luciano comemora vitória; houve claque torcendo por ele

Por enquanto, Luciano ainda está surpreso com a repercussão de sua escolha como Mr. Gay Brasil. "Não esperava tanto assédio". Ele tenta conciliar o trabalho na agência de publicidade Casa de Idéias com a agenda de entrevistas. A revista "G" já o convidou a posar nu, mas ele recusou ("Ainda não é o momento"). Também fez um ensaio para a revista "Junior", mas sem nudez, só calça jeans, jaqueta e também de sunga.

A principal esperança de Luciano é ser escolhido para integrar a próxima edição do "Big Brother Brasil". Ele se inscreveu e ficou animado com sondagens feitas pela Globo. No ano passado, ele também tentou entrar no programa --e até sua mãe chegou a ser entrevistada pela equipe da emissora. O Mr. Gay diz que seu perfil ajuda a quebrar os estereótipos sobre a homossexualidade.

"A mídia está acostumada à imagem do gay afetado. Sou uma novidade, pois tenho uma aparência máscula", afirma Luciano.

Caso seja escolhido para o "BBB", ele terá de desistir da etapa mundial do Mr. Gay, pois a estréia do programa (em janeiro) coincide com o período da competição, em Los Angeles (EUA).

"O prêmio será de US$ 10 mil, mas lá vou concorrer com 39 candidatos do mundo inteiro. Minhas chances são pequenas. Não cheguei a pensar nisso, mas acho que prefiro ficar no Big Brother", diz o Mr. Gay, cogitando que o Mix Brasil, responsável pelo concurso, poderia salvar a participação do Brasil no concurso mundial mandando para os EUA o segundo lugar, Rodrigo Naves, 27, candidato de São Paulo., o único dos 12 finalistas que admitiu ter tomado bomba na vida. Da platéia, vieram aplausos para sua sinceridade.

Baixinho

Sérgio Ripardo/Folha Online
Candidato de Brasília exibiu corpo em festa na Flexx, na Barra Funda (SP)
Candidato de Brasília exibiu corpo sarado em festa no clube Flexx, na Barra Funda (SP)
Sérgio Ripardo/Folha Online
Adriano conversa com Sabrina Sato na saída dos camarins do teatro Fábrica, na Consolação
Adriano conversa com Sabrina Sato na saída dos camarins do teatro Fábrica, em SP

Sabrina Sato se ajoelhou para ele, lamuriando "Não, não, você não pode ser gay". O personal trainer Adriano Rocha, 27, representou Brasília e ficou em terceiro lugar no Mr. Gay Brasil. Na festa da Flexx, ele disse que sua baixa estatura (1,75 m) o prejudicou. Os dois primeiros colocados têm mais de 1,80 m.

Quando os candidatos mais baixos eram anunciados pelo apresentador Leão Lobo, alguém da platéia gritava: "Se levanta". Mas o Mr. Gay Luciano Lupo discordou: "Acho que o visual bombado, de barbie, prejudicou mais do que a altura." Luciano diz que ganhou o concurso por causa de sua espontaneidade. "Havia candidato que não conseguia sorrir e até que ficava mascando chiclete."

Sérgio Ripardo/Folha Online
Sabrina Sato brinca com drag Salete Campari na coxia do teatro Fábrica
Juradas Sabrina Sato e drag Salete Campari brincam na coxia do teatro Fábrica

Michê

Os rapazes passaram o último sábado experimentando roupas e gravando com Sabrina para o "Pânico na TV!" (veja no YouTube). Entre os 12 candidatos, houve muito buchicho. "Eles comentaram que um dos participantes era garoto de programa", conta o Mr. Gay, sem dar detalhes.

Sérgio Ripardo/Folha Online
Produtor Augusto Rossi (de verde) e André Fischer na coxia do teatro Fábrica
Produtor Augusto Rossi (de verde) e André Fischer na coxia do teatro Fábrica, em SP

Entre alguns jurados, houve comentários reservados sobre a aparência de alguns candidatos ("Nossa, este parece massagista de sauna", "Aquele tomou bomba", "Lindo, gostoso, mas é muito baixinho", "Tem cara de que passou fome", "Como ele requebra").

O público foi mais implacável. Os candidatos com a voz mais fina começavam a falar, e alguém da platéia xoxava gritando "Miau, miau...". O cabeleireiro Celso Kamura, com traços orientais, era um dos jurados. Quando entrou no palco, teve de ouvir "Yoko Ono, Yoko Ono".

Na coxia do teatro Fábrica, a equipe do Mix Brasil, responsável pelo concurso, corria para organizar a entrada de jurados e candidatos. André Fischer, editor executivo do portal e festival Mix Brasil, confirmou o lançamento da terceira e quarta edição da revista "Júnior" --o segundo número da publicação chega às bancas em novembro.

Já Augusto Rossi, produtor do Mr. Gay Brasil, explicou a ausência da The Week na programação do evento. O clube comandado por André Almada chegou a ser convidado por e-mail para participar, mas não houve resposta em tempo hábil. Na última hora, um assessor de Almada procurou a produção do concurso, mas a parceria com a recém-inaugurada boate Flexx já havia sido fechada.

Sérgio Ripardo/Folha Online
Dançarino mostra sensualidade na pista da Flexx, que aposta em DJs estrangeiros
Dançarino mostra sensualidade na pista da Flexx, que aposta em DJs estrangeiros
Sérgio Ripardo/Folha Online
Rodrigo Zanardi, dono da Flexx, é apontado como novo rei da noite
Rodrigo Zanardi, dono da Flexx, é apontado como novo rei da noite gay de São Paulo

O novo rei

Além de ajudar a escolher o Mr. Gay, Rodrigo Zanardi, dono da Flexx e da festa E.Joy, recepcionou o vencedor e os candidatos em seu amplo clube na Barra Funda. Apontado como novo "rei da noite gay" de São Paulo, ele aproveitou para divulgar as novas atrações da Flexx: a cantora israelense Maya Simantov e o DJ e produtor Yinon Yahel no próximo sábado (3) e os DJs Chus & Ceballos na festa E.Joy do dia 23 de novembro.

O xis duplo no nome do clube foi adotado por Zanardi após detectar que essa grafia fazia sucesso em blogs. Sobre a notícia de que André Almada, da The Week, vai abrir um novo clube na região central de São Paulo, Zanardi disse acreditar que o clube será na região da Vila Leopoldina, onde atualmente reina a boate Pacha.

Sérgio Ripardo/Folha Online
Sarados freqüentam Flexx, clube que desponta na noite gay da capital
Sarados freqüentam Flexx, clube que desponta na noite gay da capital

Na Flexx, conversei com alguns freqüentadores. Há muitos rapazes "descamisados", como na The Week. Eles contam que, na madrugada do sábado para o domingo, costumam bater ponto nos dois clubes, que ficam em regiões próximas. À primeira vista, o público da Flexx é mais diversificado do que a The Week. Até uma idosa, que se identificou como Carmen, dançava na área do jardim: "Meu filho é gay e tenho orgulho dele, porque o importante é ser feliz", contou.

Jornalistas de fora de SP, que cobriam o Mr. Gay, também visitaram a Flexx para conhecer e fotografar, como fez Allan Johan, que trabalha na revista "Lado A", de Curitiba (PR). Eles ficaram impressionados com a estrutura do lugar (av. Marquês de São Vicente, 1.767, Barra Funda, tel. 3611-3368), que foi inaugurada em julho em uma área de 1.500 m2, com capacidade para público rotativo de até 2.500 pessoas.

Acompanhe as notícias em seu celular: digite wap.folha.com.br

FolhaShop

Digite produto
ou marca