Destaques GLS
Casório gay na Rede TV!
SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
Vai rolar um grande casório gay em abril, em São Paulo. O jornalista da Rede TV! Felipe Campos, 30, vai casar com o produtor de moda Rafael Cordeiro, 24, em uma cerimônia para mil convidados. Os noivos, juntos há cinco anos, vão assinar o contrato de parceria e planejam passar a lua-de-mel em São Francisco (EUA).
"Perdi três amigos. Eles eram gays, não suportaram a pressão e se suicidaram. Com este casamento, queremos acordar os gays e suas famílias para a possibilidade, sim, de existir igualdade. Nada melhor do que celebrar nosso amor em público, com orgulho, para quem quiser ver", diz Felipe.
Casamento é em abril |
Ele ficou conhecido como dublador do programa "Qual é a Música" (SBT), durante dois anos. Atualmente, Felipe é destacado pela Rede TV! para o papel de entrevistador em programas como o "SuperPop", de Luciana Gimenez, além de coberturas de eventos como São Paulo Fashion Week e Festival de Inverno.
O casamento será celebrado dentro dos rituais do candomblé, na presença dos familiares dos noivos. Os dois vão vestir calça e bata em renda richelieu, descalços e com um coroa de louro na cabeça. Haverá um coral com 30 baianas e tocadores de atabaques, ao som de cantigas de Oxum, o orixá do amor.
Mônica Pimentel, superintendente artística da Rede TV!, foi convidada para ser uma das madrinhas. O pai Cido de Oxum conduzirá a celebração. Felipe conta que não teve dificuldades de encontrar uma casa de eventos para o casório. A festa será no Espaço Ônix (zona sul de São Paulo), da banqueteira Érika Meira. Para definir o dia (17 de abril) e o horário (20h15), Felipe diz ter recorrido a consultas astrológicas.
O casal vai trocar alianças. Cálices de estanho vão ser distribuídos com os convidados. Sobre sua inspiração para produzir uma cerimônia badalada, Felipe lembra da festa do cantor britânico Elton John e David Furnish, no final de 2005.
"A finalidade não é me promover, mas mostrar para sociedade que dois homens podem ser felizes no casamento", diz o jornalista da Rede TV!, que pretende, neste ano, lançar o livro "Uma Vida entre Iguais --dicas de como obter sucesso em um relacionamento homossexual".
Uma das suas dicas é "respeitar o espaço do outro", evitando limitar a liberdade individual, sem sufocar o parceiro com cobranças, ciúmes excessivos e possessividade. No final da entrevista, após receber o convite para participar do casório, cometo uma gafe, deixando escapar uma pergunta ("Vai ter buquê?"). "Não", responde o noivo, meio sem jeito. Que vença o amor. Oxalá!
Venda da "G"
Ana Fadigas, editora da "G", conta ao repórter Alberto Pereira Jr. detalhes sobre a venda da revista para um grupo norte-americano e seu plano de escrever um livro sobre os dez anos da publicação. Ela apontou as dívidas acumuladas após a saída de seus dois sócios (Ângelo Rossi e Otávio Mesquita) como o principal motivo para a venda.
Folha Online - Você chegou a afirmar que a "G" era a sua alma, e que alma não se vende até segunda ordem. O que levou você a vender a revista?
Ana Fadigas - Caminhar com a "G" foi uma tarefa bastante difícil desde o início, quando os jornaleiros não queriam levar a "G" para as bancas. Senti que a trajetória da "G" teria que ser muito pessoal, uma luta mesmo. E assim foi. Considero que cumpri dez anos de "G". Espero escrever um livro, uma espécie de recordação dessa história. Os dez anos de "G" me ensinaram a ser uma mãe melhor. E sem dúvida uma editora muito melhor também. Aprendi com a equipe, com os leitores e trocamos muitas experiências nessa história. Olhem só os colunistas que a "G" tem ou já teve!!! Mas a minha participação na luta pela cidadania GLBTT [gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais] continuará...
Folha Online - Além do grupo norte-americano Ultra Friends International houve outros interessados na compra da editora?
Ana - Sim, tivemos duas outras propostas, mas nenhuma chegou a termo.
Folha Online- Depois de tantos anos trabalhando no mercado editorial GLS, o que você pode dizer sobre o setor?
Ana - Meu envolvimento com esse mercado é de alma e como negócio. É um mercado muito forte, bastante emergente em termos de consumo e extremamente exigente. Hoje eu deixo a "G" como uma militante também e acho que muitos produtos dirigidos poderão não dar certo se a visão de quem conduz não for de respeito à dignidade do cidadão e/ou cidadã GLBTT. Mas estamos apenas engatinhando nessa ramo. Há muito a fazer. Muito mesmo. As lésbicas, travestis e bis...
Folha Online - No ano passado foram lançadas duas revistas (Junior e Dom) voltadas para o público gay, mas sem ensaios de nudez. Na sua opinião, por que o mercado brasileiro se interessou no público gay?
Ana - O mercado está sempre atrás de novos segmentos. E esse é um grande e poderoso mercado. Penso que uma revista faz marca e cria uma relação de confiança com o público a quem ela se dirige, e o grande crescimento do mercado, na minha opinião, está na internet e afins.
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