Colunas

Destaques GLS

23/01/2008

Se meu pai fosse gay

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Se meu pai fosse gay, ele freqüentaria em São Paulo o clube ABC Bailão, que comemora nesta quarta-feira 11 anos de criação. O lugar é um reduto para homossexuais experientes, maduros, grisalhos, tiozinhos, ursos, além de seus admiradores.

O ABC Bailão fica na r. Marquês de Itu, 182, na Vila Buarque, na região central. O promoter Ivan Santos preparou uma festa especial para o aniversário. Haverá um coquetel com início previsto para 21h e término às 23h. Vão tocar os DJs residentes Eduardo G e Fernando.

Divulgação
Fachada do ABC Bailão, que fica na área central de São Paulo, e faz 11 anos de criação
Fachada do ABC Bailão, que fica na área central de São Paulo, e faz 11 anos de criação

Quem tem mais de 50 anos pagará R$ 10, com direito a uma cerveja, enquanto o preço para quem está abaixo dessa faixa etária sobe para R$ 15, mas com direito a duas cervejas. No ABC Bailão, é proibido tirar a camisa --algo impensável em clubes como The Week e Flexx, mecas dos jovens bombados.

A sigla do clube significa "Amigos Bailam Comigo", e esse é o clima que domina por lá. Na pista, é comum ver turmas animadas dançando. Até porções de amendoim são servidas, gratuitamente, para quem está bebendo no bar. A presença feminina é ocasional. Às vezes, alguém leva uma amiga.

Fora da pista, o público costuma conversar e paquerar --alguns arriscam uns beijos e fortes abraços, principalmente perto do fim da festa, no começo da manhã.

Em 2006, com a abertura da boate Cantho, no largo do Arouche, o Bailão teve de fechar para uma reforma e reabriu, remoçado, no segundo semestre. O cardápio musical é bastante eclético, incluindo uma mistura de estilos, como dance, divas, anos 80, forró, sertanejo, axé, sem preconceitos.

O melhor do Bailão é mostrar uma realidade que muitos gays fingem não existir: o envelhecimento. Na melhor idade, o corpo não ostenta o esplendor da juventude, mas nada substitui a experiência nem a sabedoria acumulada com os anos. O Bailão é o "mundo possível", onde o carão não tem vez. Todos estão ali para aproveitar, ao máximo, a convivência. É para beijar muito.

FolhaShop

Digite produto
ou marca