Destaques GLS
Feira volta para reduto gay e eleva lucro de comerciantes em SP
TINO MONETTI (interino)
A Feira Cultural GLBT --que aconteceu hoje (22) no centro de São Paulo-- acertou ao voltar para um reduto gay da cidade e agradou o público e os feirantes do evento.
Tino Monetti/Folha Online |
Feira Cultural abre programação da Parada Gay reunindo público GLS na pça. da República, no centro de SP; veja galeria de imagens |
Realizada pela primeira vez na pça. da República, área repleta de edifícios habitados em peso pela população GLBT e "points" gays como bares e cinemas pornô, a feira atraiu muitos moradores da região e turistas curiosos.
A praça, que ganhou uma reforma de R$ 3,1 milhões entre 2006 e 2007 e recuperou características de seu traçado original de 1905, teve seu centro fechado, e as tendas da feira ocuparam as ruas próximas ao local.
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Manifestante veste notícias sobre homofobia durante performance |
Nos primeiros seis anos, a feira foi realizada no largo do Arouche e, no ano passado, recebeu críticas ao ser transferida para o vale do Anhangabaú pela pouca identificação que gerava com o público gay.
Desta vez, não só o público ficou feliz com a mudança, como os expositores do evento, que também comemoraram o aumento das vendas e defenderam a manutenção da feira na pça. da República. Apesar de reduto gay tradicional, o local também é palco de ataques homofóbicos e crimes contra a população GLBT.
"Neste ano, a estrutura está melhor, há mais policiamento. As vendas foram melhores, com muita gente de fora. O local é bem melhor, é aqui que tem de ficar a feira. O Anhangabaú não era um bom lugar, havia muitos moradores de rua", afirma o estilista Adeh Oliveira, que vende sungas e participa do evento pelo quinto ano.
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Bruna Lombardi foi uma das ganhadoras do Prêmio Cidadania, entregue durante a Feira |
Também com tenda de roupas masculinas na República, o estilista Paulo Valle também comemorou o aumento das vendas. "Estou satisfeito. Vendemos mais do que no ano passado."
Estreante no evento, a comerciante Oreana de Azevedo, que comercializava bijuterias, elogiou o clima de segurança do local, onde famílias e casais gays caminhavam com tranqüilidade. "As vendas estão boas. O público está procurando bastante os nossos produtos."
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Beth DBG (doida, bonita e gostosa), da Rádio Hype, prestigia a feira |
A feira --que começou às 10h-- contou também com um lounge bastante visitado, onde foram realizadas duas mostras fotográficas sobre a Parada e eram exibidos curtas-metragens de temática gay. Entre as tendas, as que mais faziam sucesso eram as de roupas, acessórios com as cores do arco-íris e de personalidades como a drag Silvetty Montilla, onde ela divulgava seu primeiro DVD.
Números
A APOGLBT, associação responsável pela Parada Gay --que acontece neste domingo (25), na av. Paulista-- e pela feira, afirmou que cerca de 180 mil pessoas passaram pelo evento durante todo o dia. Este total é menor do que o público que a organização esperava no evento. Na página da APOGLBT, a associação informava que 200 mil visitantes eram esperados para a Feira.
O público divulgado pela associação é uma projeção calculada conforme a quantidade de pessoas por metro quadrado, já que não há medição científica para o total de visitantes. A Polícia Militar preferiu não divulgar nenhum número relacionado ao público do evento, alegando que o dado seria fornecido só pela organização.
Às 18h30, membros da organização informaram à imprensa que o público presente naquele momento era de, aproximadamente, 50 mil pessoas.
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Serviço de emergência médica registrou casos de desmaios por excesso de bebida alcoólica |
Trânsito
Segundo integrantes da CET no local, o trânsito na região da feira era bom, "principalmente por ser um feriado", e a única rua onde havia carros parados era a Vieira de Carvalho. A companhia disse ainda que espera liberar todas as ruas próximas à praça a partir das 22h, "se o público contribuir e deixar a região".
Bombeiros
O Corpo de Bombeiros informou que não foram reportados incidentes graves durante o evento. Segundo a corporação, o serviço de emergência médica registrou apenas casos provocados por excessos no consumo de bebida ou desmaios por queda de pressão.
Coletiva
Nesta sexta-feira (23), a partir das 10h, a 1ª Conferência Nacional GLBT realizará uma entrevista coletiva na sede da revista "A Capa", localizada nos Jardins. A coletiva, segundo a assessora do evento, Raquel Mortari, tem como objetivo "mostrar a amplitude dos temas que serão discutidos durante a Conferência".
Mortari afirmou que, entre os principais temas discutidos, estarão "a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a previdência social, a reprodução assistida para lésbicas e a questão trabalhista".
A 1ª Conferência Nacional GLBT está marcada para acontecer entre os dias 5 e 8 de junho, em Brasília. O presidente Lula é esperado pela organização para abrir o evento oficialmente, segundo Mortari.
Podcast
Nem todos os gays gostam de falar as gírias difundidas no meio GLS. Eles acham que o uso de expressões típicas do gueto significa "dar pinta", ou seja, explicitar sua homossexualidade em público. Quem critica a linguagem mais afetada chama essa forma de falar de "boiolês", termo que soa pejorativo e preconceituoso. O assunto é um dos temas da conversa de Sérgio Ripardo, colunista de Destaques GLS, com o blogueiro Marcos Costa, do Carioca Virtual (www.cariocavirtual.com).
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