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22/05/2008

Feira volta para reduto gay e eleva lucro de comerciantes em SP

TINO MONETTI (interino)

A Feira Cultural GLBT --que aconteceu hoje (22) no centro de São Paulo-- acertou ao voltar para um reduto gay da cidade e agradou o público e os feirantes do evento.

Tino Monetti/Folha Online
Feira Cultural abre programação da Parada Gay reunindo público GLS na pça. da República, no centro de SP; veja galeria de imagens
Feira Cultural abre programação da Parada Gay reunindo público GLS na pça. da República, no centro de SP; veja galeria de imagens

Realizada pela primeira vez na pça. da República, área repleta de edifícios habitados em peso pela população GLBT e "points" gays como bares e cinemas pornô, a feira atraiu muitos moradores da região e turistas curiosos.

A praça, que ganhou uma reforma de R$ 3,1 milhões entre 2006 e 2007 e recuperou características de seu traçado original de 1905, teve seu centro fechado, e as tendas da feira ocuparam as ruas próximas ao local.

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Manifestante faz performance contra homofobia durante o evento
Manifestante veste notícias sobre homofobia durante performance

Nos primeiros seis anos, a feira foi realizada no largo do Arouche e, no ano passado, recebeu críticas ao ser transferida para o vale do Anhangabaú pela pouca identificação que gerava com o público gay.

Desta vez, não só o público ficou feliz com a mudança, como os expositores do evento, que também comemoraram o aumento das vendas e defenderam a manutenção da feira na pça. da República. Apesar de reduto gay tradicional, o local também é palco de ataques homofóbicos e crimes contra a população GLBT.

"Neste ano, a estrutura está melhor, há mais policiamento. As vendas foram melhores, com muita gente de fora. O local é bem melhor, é aqui que tem de ficar a feira. O Anhangabaú não era um bom lugar, havia muitos moradores de rua", afirma o estilista Adeh Oliveira, que vende sungas e participa do evento pelo quinto ano.

Tino Monetti/Folha Online
Bruna Lombardi foi uma das ganhadoras do Prêmio Cidadania, entregue durante a Feira
Bruna Lombardi foi uma das ganhadoras do Prêmio Cidadania, entregue durante a Feira

Também com tenda de roupas masculinas na República, o estilista Paulo Valle também comemorou o aumento das vendas. "Estou satisfeito. Vendemos mais do que no ano passado."

Estreante no evento, a comerciante Oreana de Azevedo, que comercializava bijuterias, elogiou o clima de segurança do local, onde famílias e casais gays caminhavam com tranqüilidade. "As vendas estão boas. O público está procurando bastante os nossos produtos."

Tino Monetti/Folha Online
Beth DBG (doida, bonita e gostosa), da Rádio Hype, prestigia a feira
Beth DBG (doida, bonita e gostosa), da Rádio Hype, prestigia a feira

A feira --que começou às 10h-- contou também com um lounge bastante visitado, onde foram realizadas duas mostras fotográficas sobre a Parada e eram exibidos curtas-metragens de temática gay. Entre as tendas, as que mais faziam sucesso eram as de roupas, acessórios com as cores do arco-íris e de personalidades como a drag Silvetty Montilla, onde ela divulgava seu primeiro DVD.

Números

A APOGLBT, associação responsável pela Parada Gay --que acontece neste domingo (25), na av. Paulista-- e pela feira, afirmou que cerca de 180 mil pessoas passaram pelo evento durante todo o dia. Este total é menor do que o público que a organização esperava no evento. Na página da APOGLBT, a associação informava que 200 mil visitantes eram esperados para a Feira.

O público divulgado pela associação é uma projeção calculada conforme a quantidade de pessoas por metro quadrado, já que não há medição científica para o total de visitantes. A Polícia Militar preferiu não divulgar nenhum número relacionado ao público do evento, alegando que o dado seria fornecido só pela organização.

Às 18h30, membros da organização informaram à imprensa que o público presente naquele momento era de, aproximadamente, 50 mil pessoas.

Tino Monetti/Folha Online
Serviço de emergência registrou só casos de desmaios por excesso de bebida ou queda de pressão
Serviço de emergência médica registrou casos de desmaios por excesso de bebida alcoólica

Trânsito

Segundo integrantes da CET no local, o trânsito na região da feira era bom, "principalmente por ser um feriado", e a única rua onde havia carros parados era a Vieira de Carvalho. A companhia disse ainda que espera liberar todas as ruas próximas à praça a partir das 22h, "se o público contribuir e deixar a região".

Bombeiros

O Corpo de Bombeiros informou que não foram reportados incidentes graves durante o evento. Segundo a corporação, o serviço de emergência médica registrou apenas casos provocados por excessos no consumo de bebida ou desmaios por queda de pressão.

Coletiva

Nesta sexta-feira (23), a partir das 10h, a 1ª Conferência Nacional GLBT realizará uma entrevista coletiva na sede da revista "A Capa", localizada nos Jardins. A coletiva, segundo a assessora do evento, Raquel Mortari, tem como objetivo "mostrar a amplitude dos temas que serão discutidos durante a Conferência".

Mortari afirmou que, entre os principais temas discutidos, estarão "a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a previdência social, a reprodução assistida para lésbicas e a questão trabalhista".

A 1ª Conferência Nacional GLBT está marcada para acontecer entre os dias 5 e 8 de junho, em Brasília. O presidente Lula é esperado pela organização para abrir o evento oficialmente, segundo Mortari.

Podcast

Nem todos os gays gostam de falar as gírias difundidas no meio GLS. Eles acham que o uso de expressões típicas do gueto significa "dar pinta", ou seja, explicitar sua homossexualidade em público. Quem critica a linguagem mais afetada chama essa forma de falar de "boiolês", termo que soa pejorativo e preconceituoso. O assunto é um dos temas da conversa de Sérgio Ripardo, colunista de Destaques GLS, com o blogueiro Marcos Costa, do Carioca Virtual (www.cariocavirtual.com).

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