Coringa gay

Em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", o Coringa se traveste de enfermeira e barbariza em um hospital, uma seqüência tão hipnotizante quanto a de Elle Driver, a enfermeira caolha e assassina criada pela atriz Daryl Hannah, em "Kill Bill" (2003), de Quentin Tarantino.

Nesse momento do filme de Christopher Nolan, o Coringa do ator Heath Ledger surta e detona a catarse, como se a violência e o terror fossem as respostas mais imediatas ao bom-mocismo fajuto, ao heroísmo oportunista e a todos os truques que sustentam um sistema corrupto, excludente e repressor.

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Na pele do Coringa, ator Heath Ledger vira enfermeira malvada no novo filme do Batman

E os gays com isso? Desde o papel do caubói gay Ennis Del Mar em "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), Heath Ledger virou ídolo do público. O ator passou a ser ainda mais endeusado após a overdose acidental com remédios em janeiro.

No filme, o Coringa se vitimiza contando versões para suas cicatrizes no rosto. A história da violência paterna, em uma família disfuncional, é usada como justificativa para sua fúria, desesperança e ação suicida de destruir tudo a sua volta.

O Coringa vive no gueto, na marginalidade, não tem amigos nem amantes. Ele odeia o mundo e se move pela obsessão por Batman. Sua razão de viver é desmascarar a identidade do herói, que sempre evita matá-lo. Se fosse um filme de Ang Lee, finalmente, Batman sairia do armário e, na falta de um Robin, exploraria melhor os desejos homoeróticos com o Coringa.

O ideal teria sido escalar Jake Gyllenhaal, o vaqueiro gay Jack Twist de "Brokeback Mountain, para o papel do homem-morcego. Mas isso seria dar muita pinta. Consolo: a atriz Maggie Gyllenhaal, irmã de Jake, faz a mocinha Rachel, em uma atuação bem melhor que a de Katie Holmes, mulher de Tom Cruise, em "Batman Begins".

"Why so serious?" (por que você está tão sério?), repetida pelo Coringa como a pergunta perversa de seu pai antes de mutilá-lo, já é uma das frases do ano e estampa produtos, como camisetas e pôsteres. O Coringa abalou Gotham City em chamas e criou um motivo para sair de casa e ir ao cinema. As bilheterias agradecem. Heath Ledger está morto.

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	Heath Ledger cria o melhor Coringa da história, após o sucesso do vaqueiro gay em "Brokeback Mountain"