Colunas

Diário, Depressão e Fama

09/05/2005

O que você me diz, parte 2

HERMELINO NEDER
Colaboração para a Folha Online

Sabe blog, a forma de diário que realiza a vocação de todo diário, a de ser devassado e comentado?

Viu, Hermelino? Tem muita gente falando do seu trabalho... sim, porque é mais seu do que meu! Já é um bom começo, né? A Fernanda é minha fã número um, acompanha tudo o que eu faço e ainda divulga, acredita? PS: vou pra São Paulo um dia antes de filmar a seqüência em que eu toco violão... Se você pudesse dar uma ensaiada comigo, seria ótimo! Eu chegaria [para filmar] com tudo "quentinho". (Carolina Dieckmann)

Não gosto de ler. Aliás, gosto. Fofoca de artista, só em consultório. Você vai ao médico e pega uma doença na sala de espera. Quero expor a você algo muito íntimo, quase um segredo: eu não choro. Aliás, choro. Mas choro de raiva ou de dar risada. Agora, chorar com sentimento, quando algo te atinge e você não consegue explicar ... algo que raríssimas vezes aconteceu na minha vida, uma pessoa tão durona. Foi esse o motivo que me fez escrever a um estranho. Sua coluna Mãe, sua vontade de jogá-la do carro às vezes e seus olhos lacrimosos ao vê-la no hospital ... meu Deus ... mãe não tem explicação. É um dos mistérios da humanidade. Só Deus mesmo pra ter inventado isso. Mãe é foda (desculpe a palavra). Gostaria de comunicar que de hoje em diante você fará parte da minha vida. Que me faça rir ou chorar às segundas-feiras, não importa. Hoje vou almoçar com minha mãe. (L., Santos)

Lindíssimo o que escreveu sobre o encontro com Carolina Dieckmann. Não sei o que foi melhor, se o jeito honesto como descreveu a serena Carolina ou a própria Carolina interpretada por você. (Fatima)

Essa Carolina é uma pessoa infeliz. Não é capaz de dar um sorriso? Alguém já falou pra ela pra onde vai quando morrer? Pro mesmo lugar que todo mundo!! Realmente, não é uma pessoa simpática, e não faz questão de ser, como se fosse melhor que alguém. Lamentável. (Luciana)

Era como se fosse eu pensando comigo mesma. (Thereza)

Caramba, adorei sua novela com a Carolina Dieckmann! Sua reação e toda a questão que vc filosofou tem muito a ver com minha visão de mundo, ou seja, pensamos muito parecido. (Mário, Fortaleza)

Escutei a música q vc gravou com a Carol (Poltrona Verde) e adorei. Pode ter certeza q será um dos sucessos do filme. Imagina a Carol cantando essa música nos programas?? Vai arrasar, viu? A Carol sempre teve esse dom meio escondidinho. Vc tinha q ver qdo ela se "revelou" no Faustão. Todo mundo dava nota 10! Só uma vez q ela foi cantar Pacato Cidadão e ficou muito engraçado. Mas sempre q ela dava uma "amostra", deixava todos de boca aberta. Pede pra ela cantar Tigreza pra vc escutar! Pede! Vc deve estar se perguntando quem sou eu, né? Sou fã da Carol há 10 anos! Eu praticamente cresci sendo fã dela... Hoje tenho 22 anos. Ela e toda a família me conhecem... Amo eles de paixão! Espero que tenha um tempinho para me responder. (Fernanda)

Ouvi Poltrona Verde várias vezes no site da radio UOL. Seria possível [enviar] a letra e a cifra desta música? Arranho um violão ... (Rafael, Sertãozinho)

Te escrevo ouvindo Poltrona Verde, sentada em uma cadeira com estofado de mesma cor, onde esquento meu traseiro das 9h às 18h, até que a música nos separe. Poltrona Verde é linda, de melodia inquieta e arranjo suave, gostoso. Se Caio Fernando Abreu estivesse vivo, eu diria que fez a letra inspirado em mim: aqui sentada, abandonada. E Carolina se saiu bem, muito bem. (Marcela)

Eu conheci o Caio Fernando Abreu. Nascemos na mesma cidade, ou no mesmo fim-de-mundo, Santiago do Boqueirão! Caio era famoso, gay, filho de uma família conhecida, jovem, bonito, moderno, mas, acima de tudo, era escritor e famoso! Eu era pequena e achava ele o máximo. Quando entrei na adolescência, li Morangos Mofados e me apaixonei. Então, Caio passou a ser mais do que famoso, ele também era incrível. Imagine vc, alguém q sai do fim-do-mundo e vira alguém, é lido, ouvido, reconhecido. Aquilo significava que o limbo tinha lá algum jeito. Gostei da Carolina q vc conheceu. Apesar de você ser um cara famoso e de eu adorar Cássia Eller, nunca tinha ouvido falar em vc, q eu me lembre, mas gostei da sua coluna e passarei a ler. (P.)

Sempre ao término de sua coluna, a conclusão que me vem é: Pô, Amar é Importante! (Carlos Eduardo, referindo-se ao meu maior, único, sucesso radiofônico)

Você ainda não atingiu a fama, sinto muito. E digo isso porque sou uma consumidora atenta das artes. E não tinha ouvido falar de vc. No entanto, depois de ler seu texto, fiquei tão encantada que pode ter certeza ... quando deparar com seu nome, em qualquer ramo, por qualquer motivo, hei de ler, olhar, ouvir, saborear ... daqui em diante, para mim, vc já é famoso. (Regina)

Pare com a pseudo auto piedade (sou azarado!). (Sonia)

Puxa, para um depressivo até que vc tem bastante senso de humor, hein? E o pior é que eu me identifiquei, principalmente na parte de ser expert em perder oportunidades. Achei ótimo uma coluna ser bem diferente da outra, isso é que é movimento. Temos vários filmes diferentes dentro de nós e não devemos assistir sempre o mesmo. Generosidade é oferecer o que se tem de melhor, o que te custa dar, não aquilo que não vai doer nada, que é a anestesia de se repetir. (Simone)

De um jeito estranho, seu texto me fez bem! (Suzana, SP)

... não apenas por eu ser um depressivo de carteirinha, com direito a tratamento químico e terapia semanal (às segundas, mas agora só depois de ler tua coluna), mas também por viver nessa eterna frustração do dia seguinte, e essa incômoda falta de movimento. Aliás, esse e-mail é um dos frutos de uma 'retomada de movimento', e pretendo, como sempre, não deixar a peteca cair. (Roberto, SC )

Amei o "além disso, há farofeiro alegre". (Vânia)

Me identifiquei total com o cara. Sério mesmo! Me senti o barrigudinho da praia. (Gabriel, Londres)

Lendo seu texto sobre mentira, lembrei de um livro e queria te indicar: O Estrangeiro, de Alfred Camus. (Fernanda)
Nunca tive mais de um namorado ao mesmo tempo pelo trabalho que me daria manter uma mentira. Não que não me seduza a idéia de poder 'catar' mais de um gatinho ao mesmo tempo... (P.)

Filhos únicos ficam sem referencial. Por isso, quando vejo meus filhos se estapeando ou se beijando, num raro momento de paz, tenho a certeza de que ter irmãos deve ser muito legal. (S., filha única)

Fiquei com a sensação que estava te ouvindo falar! É interessante conhecer a celebridade (no caso, você) e ter a sensação que está conversando com a pessoa. Gostei! (Paula)

Imagino que todas as pessoas que te escrevam se sintam íntimas. É que você, através das palavras, tem a capacidade de nos aproximar. Mas pára com essa bobagem de querer encontrar um veio único (comercial??). As pessoas, depressivas ou não, (talvez as depressivas mais) passam de oito a oitenta em segundos, e vivem nesta condição cotidianamente. Pronto: o seu veio poderia ser a inconstância, que tal? Obrigada por compartilhar dessa delicadeza de espírito conosco. (Cristiane)

Isso é que é pedir para receber email. (perdi o remetente, mas não a frase)
Espero que pelo menos vc receba meu email e leia... vc lida com música e vc é doutor (desculpe, não me lembro no que...) (Ale)

Que maravilhoso recorte de pequenas (e grandes) misérias humanas. Ler esses comentários, tão cheios de humanidade me deixou tranqüilo. Minhas neuroses e manias não são tão exclusivas assim... (Sérgio)

E essa meta-coluna feita com os comentários dos teus leitores? Tá vendo como tem gente carente e depressiva no mundo? Me senti, por um parágrafo, famoso... Chega de desculpas, vc precisa de um blog. Se tiver, me avise. Chega de ser lago, vire represa, rapaz! Seu grande desafio consiste em ser cada vez mais famoso sem deixar a depressão de lado. Vamos cobrar de você isso (será ótimo para deprimi-lo). Os de[com]primidos e carentes exigem que vc não nos deixe! Sem mais (nem menos), do seu e-leitor (Daniel)

A propaganda dos leitores me amarrou até o final.(Jaime, SP)

Ainda não conhecia sua coluna, li todas hoje. Quis me inteirar do assunto que motivou os e-mails! (Ricardo, São José dos Campos)

Pura verdade sobre a mentira... fiquei só pensando em outros casos como o do mentiroso crônico, ou o de ocasião... (Ana, França)

Nasci no dia primeiro de janeiro e, todo ano, quando começavam os fogos de artifício na praia, o meu pai falava: é pra você, filha! Meu aniversário ficava muito mais legal. Se meu marido fala que prefere ficar comigo do que com essas gostosas da televisão, meu dia também fica muito mais legal. Sou totalmente a favor da mentira. (Dri)

Não estou encontrando sua coluna hoje. Não é na Folha Online? Dê o caminho... (Andréa)
Hermelino Neder é compositor e professor de música. Venceu vários prêmios nacionais e internacionais por suas trilhas sonoras para cinema. É doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Tem canções gravadas por Cássia Eller e Arrigo Barnabé, entre outros.

E-mail: nederman@that.com.br

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