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Futebol & Cia.

18/04/2002

Dois passes

MÁRCIO SENNE DE MORAES
colunista da Folha Online

Dois passes. As duas melhores coisas da partida entre Brasil e Portugal foram os dois passes açucarados que propiciaram o 1 a 1. Duas preciosidades que mostram por que nem os brasileiros (apesar de tudo) nem os lusitanos (apesar das contusões) podem ser descartados de qualquer lista de favoritos ao título de campeão do mundo.

Primeiro, o passe do português Luis Figo, do Real Madrid, melhor jogador do planeta em 2001: um toque sutil na diagonal, da esquerda para a direita, do meio-campo para a entrada da área adversária. Sérgio Conceição, que, aliás, foi desnecessariamente violento em alguns lances, só teve o trabalho de tocar para o gol na saída de Marcos, que nada pôde fazer.

Segundo, o lance do pênalti para o Brasil. Ronaldinho, com a parte exterior do pé direito, encontrou espaço onde não existia e deixou Edílson em ótimas condições para marcar, na entrada da área portuguesa. Ao zagueiro só sobrou a opção de matar a jogada com uma falta.

Pelo futebol que apresentou nas duas últimas partidas da seleção, Ronaldinho merece um lugar na equipe. Espero que ele queime minha língua, pois sempre acreditei que ele fosse mais de firula do que de chamar o jogo para si e de decidir. No Paris Saint-Germain, já se consagrou como firuleiro-mor, batendo até o nigeriano Okocha. Quem sabe não prova na Copa que realmente é craque?

No mais, Roque Júnior demonstrou, mais uma vez, que é uma temeridade mantê-lo como titular na zaga brasileira, Ronaldo voltou a mostrar que deverá estar em condições mais ou menos boas de disputar o Mundial, e o estado físico de Rivaldo continua a preocupar. Se não for poupado um pouco na Espanha, corre o risco de chegar totalmente baleado à Coréia do Sul. Bom, Denílson jogou um bolão (novamente)...

Megarrodada
Do restante da megarrodada, cabe ressaltar a bela vitória da Argentina sobre a sempre perigosa Alemanha. Mesmo desfalcada de, entre outros, Verón e Crespo, a equipe platina demonstrou força e conseguiu controlar o ímpeto dos jovens alemães. Estes, aliás, também não contavam com todos os seus jogadores.

A continuar assim, diga-se de passagem, a Copa vai ser um fiasco. Afinal, quase todas as seleções têm dúvidas seríssimas quanto à condição física de algumas de suas maiores estrelas.

Só para citar alguns casos, Pires (França), Albertini e Pessotto (Itália) já estão fora da disputa. Beckham (Inglaterra), Rui Costa (Portugal) e Hamman (Alemanha) buscam recuperar-se a tempo. É, parece claro que não é só o calendário brasileiro que tem problemas...

Ainda ontem, a Inglaterra aplicou uma lição no Paraguai (4 a 0), e a Espanha deu um show de bola na casa da Irlanda do Norte (5 a 0). A França, campeã do mundo e forte candidata ao bi, mostrou ressentir-se da ausência de Pires e da falta dos atacantes Trezeguet e Wiltord, que, contundidos, não puderam atuar. Assim, os franceses não passaram de um 0 a 0 com a Rússia, que, diga-se de passagem, tem um excepcional goleiro.

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Em alta
A sempre tinhosa equipe do São Caetano, que, após dois vices brasileiros, chega à semifinal do Rio-São Paulo. Não adianta dizer que o time é o mesmo dos outros campeonatos porque não é. Mérito para o excelente trabalho de Jair Picerni, que consegue incutir em seus comandados uma filosofia de jogo de fazer inveja. E ainda tem a Libertadores...
Em baixa
Todo o futebol do Rio de Janeiro. No Rio-São Paulo, além de ficar com as quatro últimas colocações, não obteve nenhuma vaga nas semifinais, como na Copa do Brasil. No passado, o Vasco e o Flamengo ainda escapavam do vexame geral. Agora, ninguém mais escapa. O Fla, com o time titular, perdeu até para o Madureira...

No mundo
Destaque para mais uma vitória de Michael Schumacher, da Ferrari. Assim não tem jeito, a F-1 fica cada vez mais sem graça para os brasileiros. O pobre do Barrichello não ganha nada e nem tem chance. Só nos resta esperar que algum novo talento desponte no futuro próximo, senão a categoria vai por água abaixo no Brasil.
Nos EUA
Destaque para mais uma espetacular vitória de Tiger Woods no Masters de golfe em Augusta, na Geórgia, talvez o mais importante campeonato do planeta. Woods é realmente um fenômeno. Foi sua terceira vitória em Augusta (onde já havia sido o mais jovem vencedor da história) e seu sétimo triunfo num torneio do Grand Slam.

Márcio Senne de Moraes é formado em administração de empresas, pós-graduado em ciência política pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, redator e analista do caderno Mundo da Folha de São Paulo e escreve para a Folha Online às quintas-feiras

E-mail: futebolecia@folha.com.br

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