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Futebol & Cia.

11/07/2002

De volta ao mundo real

MÁRCIO HENRIQUE SENNE DE MORAES
Colunista da Folha Online

Como é dura a volta ao mundo real. Após uma Copa do Mundo (ganha pelo Brasil), é absolutamente impossível dar atenção ao ainda combalido futebol brasileiro. Ainda mais a um torneiozinho fuleiro cujo único interesse é uma vaga na Taça Libertadores. Não, há também o dinheiro da TV, como prova a participação do Corinthians, já classificado para a competição sul-americana.

Os mais ingênuos poderiam até pensar que o futebol pentacampeão do mundo deveria ter campeonatos de alto nível, que empolgassem torcedores ávidos por prolongar o êxtase do Mundial asiático. Mas não! O futebol apresentado até agora pela maioria das equipes que disputam a Copa dos Campeões é pífio.

Também pudera! Qual poderia ser a verdadeira motivação dos jogadores três dias após a conquista do título mundial, quando teve início o torneio nacional? Além disso, por mais longa que tenha sido a fase de preparação durante a Copa, não é possível disputar razoavelmente uma competição sem um programa de preparação adequado.

Na Europa, onde o calendário também não é dos melhores, como mostraram as inúmeras contusões de algumas das maiores estrelas do Mundial, os campeonatos nacionais só começarão em agosto. O mais incrível é que o nosso também começa em agosto, mas, no meio, nossos brilhantes dirigentes inseriram um torneio-tampão. Dá pra entender?!...

Assim, apesar do triunfo na Copa, continuamos na mesma. Um mundinho em que o antes vilão presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é até capaz de candidatar-se à reeleição (embora tivesse prometido não fazê-lo para atenuar a chuva de denúncias que pesava sobre ele num passado não tão distante).

Todavia, até no mundinho do futebol brasileiro, ocorrem fatos positivos de tempos em tempos. Desta vez, a luz no fim do túnel vem da Gávea. Edmundo Santos Silva se viu sem o apoio de seus "correligionários" no Conselho (muitos já mortos como se descobriu há pouco) e foi destituído de seu posto de presidente do Flamengo.

Talvez até haja algo por trás disso, pois podemos esperar tudo dos dirigentes de futebol. Porém é indubitável que se trata de uma esperança para os torcedores rubro-negros.

De qualquer modo, a Copa dos Campeões continua e tem uma rodada "decisiva" neste final de semana. Só nos cabe esperar que o futebol apresentado valha o tempo que perderemos em frente à TV. Seja por trabalho, seja por lazer... Lazer?

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Em alta
Os "pequenos" do futebol brasileiro, que mostram na Copa dos Campeões que não são grandes apenas no âmbito regional. O Náutico e o Paysandu complicam a vida do Fluminense e do Corinthians. O Vitória lidera um grupo que ainda tem o São Paulo, o Grêmio e o Cruzeiro. E o Bahia quase enterrou as chances do Atlético-MG ontem.
Em baixa
O mercado futebolístico italiano. No ano passado, graças à venda de Zidane ao Real Madrid, as equipes ainda tiveram dinheiro para gastar. Agora estão sufocadas, desesperadas para livrar-se de alguns de seus maiores jogadores para poder contratar reforços. A Roma, por exemplo, não vê a hora de livrar-se do caríssimo Batistuta.

No mundo
O Barcelona pagou ao Boca Juniors pouco menos de US$ 12 milhões pelos direitos federativos do ótimo argentino Riquelme. Ora, alguma coisa está errada. Ou o valor da venda foi superior ao anunciado ou está tudo errado no planeta futebol. Está cheio de cabeças-de-bagre custando US$ 30 ou 40 milhões, e Riquelme só vale isso...
Nos EUA
Destaque para os pilotos brasileiros, que dominam tanto a Fórmula Mundial quanto a Cart. No último final de semana, Cristiano da Mata conquistou sua quarta vitória consecutiva e a quinta da temporada numa categoria. Na outra, o vencedor foi Ayrton Daré, e o líder é Hélio Castro Neves. Onde andam os Unser e os Andretti?

Márcio Senne de Moraes é formado em administração de empresas, pós-graduado em ciência política pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, redator e analista do caderno Mundo da Folha de São Paulo e escreve para a Folha Online às quintas-feiras

E-mail: futebolecia@folha.com.br

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