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Futebol & Cia.

07/11/2002

Rivais extremos

MÁRCIO SENNE DE MORAES
Colunista da Folha Online

Nos jogos de ontem do Brasileirão-02, dois jogadores protagonizaram à perfeição a fase que atravessam suas equipes no torneio: Zinho, do Palmeiras, que obteve uma importante vitória sobre o Fluminense e se afastou (ao menos por enquanto) da zona de rebaixamento, e Luís Fabiano, do líder São Paulo.

O veterano Zinho, aquele que já deu tantas alegrias à torcida do Verdão (entre outras) e, bem ou mal, ajudou o Brasil a conquistar o título mundial em 1994, simbolizou o brio palmeirense ante uma das situações mais adversas de sua gloriosa história.

Incansável, chamou o jogo no meio, pediu calma a seus companheiros e distribuiu passes e lançamentos com precisão. Zinho lutou, brigou, caiu e levantou, foi buscar forças em algum lugar impossível para liderar seu Palmeiras ao precioso triunfo.

Vale ressaltar que ele não foi o único palmeirense que se superou em campo. Por conta de sua desesperadora situação no torneio, os atletas do Verdão mostraram-se merecedores de um destino melhor no ano que vem.

Por outro lado, não há lugar para euforia. Palmeiras e Flamengo fazem, na próxima semana, um jogo decisivo (sobretudo se a Lusa complicar para o Mengão no final de semana). Neste caso, palmeirenses e flamenguistas podem ver-se obrigados a jogar uma verdadeira decisão, pois o perdedor estará com um pé na Série B.

Luís Fabiano, por sua vez, é só alegria (ou quase: não joga a próxima partida por ter tomado o terceiro amarelo). Embora tenha apresentado um bom futebol, seu São Paulo tomou um sufoco na primeira etapa, saindo em desvantagem de dois gols e só conseguindo encostar no placar no último minuto por meio de seu maior goleador.

Mas o segundo tempo foi extraordinário para os são-paulinos. Quatro gols marcados (mais dois de Luís Fabiano, artilheiro do campeonato com 18 gols), vários perdidos, e, ofensivamente, um futebol de encher os olhos de seus torcedores.

O jovem centroavante está demais: sete gols nas últimas três partidas. Todavia, como bem lembrou um amigo são-paulino outro dia, precisa tomar cuidado, pois os árbitros estão de marcação cerrada em cima dele. Temperamental, ele fez muita besteira (coisa boba, é verdade...) no passado e paga o preço por isso.

Tomou três cartões amarelos por comemorar gols marcados, quase uma contradição em termos no mundo do futebol. Só mereceu um dos três, aquele tomado após marcar um gol de pênalti contra o Santos. Provocou a torcida e chutou a bandeirinha de escanteio.

A euforia até cabe no caso tricolor, porém só seria prejudicial. A defesa permanece frágil, principalmente quando Maldonado não joga. Régis ainda não disse a que veio. Ameli fez falta no jogo de ontem, tem constatação mais grave?

Mas, à luz das circunstâncias, o São Paulo é o favorito ao título, o que, de acordo com a tradição futebolística, não quer dizer muita coisa. Mesmo assim, as defesas adversárias que se cuidem!

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Em alta
O Vitória, da Bahia, que, aos trancos e barrancos, continua entre os oito classificados e se aproxima da fase final do campeonato. O Palmeiras não pode depender de uma vitória no Barradão no último jogo porque, salvo zebra, o Vitória não deixará escapar sua chance diante de sua fanática torcida.
Em baixa
O técnico do Cruzeiro, Wanderley Luxemburgo, que, mais uma vez, fez um expurgo em uma equipe que dirige. Desta vez, poderá deixar sair da Toca da Raposa Joãozinho, filho do craque Joãozinho dos anos 70. A diretoria do Cruzeiro deve tomar cuidado, basta ver o que aconteceu no Palmeiras...

No mundo
Destaque para a má fase do Real Madrid, de Ronaldo, Zidane, Figo, Raúl e tantos outros. De certo modo, o time me lembra o Flamengo de Alex, Denílson e companhia, que não deu em nada há alguns anos. Será culpa do (limitado) treinador Vicente Del Bosque ou de algumas estrelas que não rendem o quanto valem? Mistério.
Nos EUA
Destaque para os estrangeiros da NBA. O chinês Yao Ming, do Houston Rockets, ainda não desencantou, mas tem tudo para fazê-lo (2,26 m). O argentino Emanuel Ginobili, do San Antonio Spurs, já mostrou que deverá ser o grande reforço de sua equipe na temporada. E o brasileiro Nenê começa a acertar no Denver Nuggets.

Márcio Senne de Moraes é formado em administração de empresas, pós-graduado em ciência política pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, redator e analista do caderno Mundo da Folha de São Paulo e escreve para a Folha Online às quintas-feiras

E-mail: futebolecia@folha.com.br

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