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Futebol & Cia.

21/03/2002

Show de bola

MÁRCIO SENNE DE MORAES
Colunista da Folha Online

Desde o último sábado, deleitei-me com algumas das melhores partidas de futebol que tive a oportunidade de acompanhar nos últimos tempos. Após uma série de colunas pessimistas em relação ao futebol brasileiro e, de modo geral, ao mundial, decido, portanto, mudar de tom.

Primeiro, no final da tarde de sábado, o Real Madrid foi a Barcelona e mostrou por que é considerado uma das duas ou três melhores equipes do planeta na atualidade, apoiando-se em um elenco de craques.

Num superclássico inusitado, em que dois torcedores se algemaram às traves antes dos cinco minutos de jogo, o Real soube tocar a bola e neutralizar as melhores jogadas de seu arqui-rival. É impressionante como o meio-campo da equipe madrilena consegue tocar fácil a bola de pé em pé mesmo nas situações mais adversas.

No domingo, enquanto esperava o início de Palmeiras e Lusa, tive a sorte de assistir à melhor partida que vi neste ano: a vitória de 5 a 3 do iluminado Manchester United sobre o combativo West Ham. E tem gente que ainda diz que o futebol inglês só vive de bolas alçadas na área...

Com um festival de toques de primeira, o Manchester envolveu o adversário e conseguiu chegar na cara do goleiro inúmeras vezes. É verdade que a Sportv só passou os melhores momentos, o que não nos permite analisar o jogo como um todo, mas, a julgar pelo que vi, o Manchester é sério candidato a todos os títulos que ainda disputa em 2002.

E tudo isso sem a presença do inspiradíssimo Juan Sebastián Verón, la brujita (como dizem os argentinos), que estava contundido. Beckham, Scholes, Keane e companhia não deixaram a peteca cair e mostraram que os Diabos Vermelhos são realmente fortíssimos.

Ontem, como não poderia deixar de mencionar, Palmeiras e São Paulo deram um show de futebol no Morumbi, que terminou com um merecido triunfo da equipe do Parque Antarctica. Luxemburgo, diga-se de passagem, mostrou que, apesar de tudo, sabe muito de futebol e deu um nó no esquema de Nelsinho.

Destaque para as excelentes atuações dos volantes Magrão e Claudecir, que souberam sair jogando e desarrumaram a defesa são-paulina. Também devo elogiar o golaço marcado pelo meia Alex, que mereceria uma placa em sua homenagem, como a que existe na Vila Belmiro para lembrar o gol de gênio marcado por Marcelinho Carioca há alguns anos.

Todavia, como nem tudo são flores, também tive o desprazer de assistir a duas partidas sofríveis no último final de semana. Primeiro, o joguinho que opôs o Fluminense ao Santos no Maracanã, que, em razão de tanta falta de inspiração, mais pareceu um solteiros contra casados jogado numa praia qualquer.

Segundo, a apática partida do Palmeiras contra a Lusa. É muito interessante observarmos como o futebol realmente é algo mágico. Num confronto em que seus jogadores estavam desmotivados, o Verdão não jogou nada e só escapou da derrota graças a seu lateral Arce. Por outro lado, ontem, quando a coisa realmente valia, a equipe jogou muito.

E Scolari, que seguiu o que todos esperavam e deixou tanto Romário como França fora de sua lista de jogadores escalados para o amistoso contra a Iugoslávia. Só espero que Luizão volte a uma forma física razoável, pois, se isso não ocorrer, os dois atacantes preteridos pelo técnico da seleção farão muita falta na Ásia.

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Em alta
Cafu, que vem mostrando um futebol irrepreensível na ala direita da Roma. Aliás, na última terça-feira, ele não pôde jogar, e sua ausência desestruturou completamente a defesa romana. Isso sem mencionar o fato de que, assim, a equipe ficou sem uma de suas melhores opções de ataque.
Em baixa
A equipe da Ponte Preta, que, depois de dar a impressão de que pudesse surpreender os “grandes” mais uma vez e classificar-se para as semifinais do Rio-São Paulo, vem caindo pelas tabelas, além de jogar um futebolzinho indigno de sua história recente ou de seu passado de Dicá, Marco Aurélio etc.

No mundo
Destaque para alguns jogadores que, certamente, vão brilhar durante a Copa do Mundo. Devo citar (novamente!) o meia francês Zidane, do Real Madrid, que não se intimidou diante do Barça. O meia-atacante Raúl, também do Real, é outro destaque, além dos jogadores do Manchester que já mencionei acima.
Nos EUA
Merece lembrança o início (neste sábado) da temporada da Major League Soccer, que contará com 40 jogadores latino-americanos. Entre eles estão o os colombianos Diego Cerna, do MetroStars de Nova York, e Carlos Valderrama, do Colorado Rapids. Ademais, o craque Hristo Stoitchkov defenderá o Chicago Fire.

Márcio Senne de Moraes é formado em administração de empresas, pós-graduado em ciência política pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, redator e analista do caderno Mundo da Folha de São Paulo e escreve para a Folha Online às quintas-feiras

E-mail: futebolecia@folha.com.br

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