Colunas

Futebol na Rede

01/02/2005

Ciúmes no futebol

HUMBERTO PERON
Colunista da Folha Online

Todo torcedor vive uma relação de paixão com seu clube preferido. Nessa situação não faltam momentos de altos e baixos. Existem promessas de amor eterno, situações de desconfiança e, é lógico, muito ciúme.

Qualquer apaixonado fala mal de seu time do coração, mas não admite que outro torcedor comente algo negativo de sua equipe preferida. É só alguém falar algum fato contrário para que ele perca a razão. E não precisa ser torcedor de outro time, pois para o ciumento ninguém gosta --ou sabe mais-- do clube do que ele.

A relação de ciúmes não fica restrita apenas ao seu time, mas também atinge os concorrentes. Na defesa insana de sua equipe, ele não reconhece a força dos adversários e tenta diminuir ao máximo os feitos dos rivais.

Atualmente, a parceria entre Corinthians e MSI é o que gera mais ciúmes. Começa pelos próprios dirigentes do clube, que perdem cada vez mais espaço para o iraniano Kia Joorabchian, que anda até distribuindo autógrafos e tem o nome cantado pelos torcedores do clube. Outros dirigentes tentam atacar a parceria por perder espaço.

Apesar de os jogadores negarem, é natural que exista um certo desconforto entre os que estavam no clube e os novos contratados que chegaram ganhando salários exorbitantes. É lógico que os atletas não falam publicamente isso, mas se esta situação não for bem administrada pelos dirigentes e comissão técnica pode gerar vários problemas.

Há também ciúmes entre os dirigentes (que não deixam de ser torcedores) de outros clubes. Alguns reclamam que o Corinthians com sua parceria toma o espaço das outras equipes na mídia. Outros tentam comparar as contratações, dizendo que seus reforços não custaram tanto quanto os corintianos, mas são melhores tecnicamente.

Os ataques de ciúmes também são regionais. Na semana passada, escrevi sobre a rivalidade entre paulistas e cariocas e percebi também que grande parte do bairrismo entre São Paulo e Rio de Janeiro acontece pelo ciúme. Não faltaram mensagens de paulistas dizendo que é um absurdo comparar o futebol dos dois Estados, pois os clubes do Rio de Janeiro vivem uma péssima situação tanto técnica quanto financeiramente e estão num nível bem mais baixo que os clubes de São Paulo.

Vários cariocas foram unânimes em afirmar que os paulistas têm inveja do futebol do Rio de Janeiro, pois lá sempre jogaram um futebol mais técnico e os clubes de São Paulo, sabendo disso, sempre procuraram jogadores do Rio para formarem grandes times.

Para terminar, os amantes de futebol sofrem outro tipo de ciúme. É aquele daqueles que não gostam do esporte e não entendem como o futebol pode ser tão apaixonante. Azar o deles.

Até a próxima.
O destaque   O que deveria ser destaque
Para o São Paulo, que após quatro rodadas do Campeonato Paulista é a única equipe que conseguiu vencer todos os jogos. Depois de ter problemas defensivos nas duas primeiras partidas, quando o time atuou no 4-4-2, o técnico Leão acertou a defesa ao voltar a usar o esquema com três zagueiros. O que falta ainda ao time é um bom armador, pois Vélber e Danilo ainda não agradaram na posição. Por muito tempo (até o início da década de 50) a bola de futebol era marrom, até que ela foi pintada de branco para facilitar sua visualização. Por isso, no início do século 21, não posso me conformar, com a cor da bola utilizada no Campeonato Paulista. Com uma tonalidade cinza (ou prateada com diz o fabricante) é difícil visualizar a bola, principalmente nos jogos noturnos.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

FolhaShop

Digite produto
ou marca