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Futebol na Rede

10/04/2006

Nada mais justo: a taça é do Santos

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha Online

O Santos é o campeão do Campeonato Paulista de 2006. Nada mais justo. A equipe da Vila Belmiro pode não ter o melhor elenco entre os grandes de São Paulo, mas foi a melhor e a mais regular do torneio, e isso não se pode negar. Enquanto seus principais concorrentes oscilaram muito, o Santos manteve o mesmo padrão. Depois que assumiu a liderança, a equipe santista foi muito eficaz.

Num torneio de apenas 19 partidas, o time de Vanderlei Luxemburgo foi perfeito em um aspecto. Conseguiu 30 pontos, ou 100% de aproveitamento, jogando em casa na Vila Belmiro, e isso foi fundamental num torneio em que não havia tempo de recuperação de pontos. O São Paulo, vice-campeão, jogando como mandante só conquistou 23 pontos, ou seja, os sete pontos perdidos dentro do Morumbi acabaram com as chances do time conquistar bicampeonato, apesar das vitórias nos três clássicos contra o Palmeiras, o Corinthians e o Santos.

Grande parte do mérito do título do Santos está no trabalho do técnico Vanderlei Luxemburgo, que conquistou pela sexta vez o título do Campeonato Paulista. Em apenas três meses, o treinador realizou uma reformulação total no elenco santista, que incluiu, além das contratações, dispensas de jogadores famosos e ídolos da torcida como Luizão, Cláudio Pitbull e Giovanni.

Trabalhando com o elenco montado por ele, desentrosado e com qualidade inferior aos outros grandes times de São Paulo, o treinador fez a diferença. Acostumado a armar times que jogam aberto e que dão espetáculos, Luxemburgo percebeu logo que, para ter sucesso com esse Santos, tinha que fazer um time forte na defesa, e foi isso que ele fez. Apesar de o 4-4-2 ser seu esquema tático preferido, o treinador foi muito feliz em usar o 3-5-2 no Santos. Com três zagueiros e mais o volante Maldonado, o Santos teve uma defesa forte, que garantiu as inúmeras vitórias, por 1 a 0, na campanha do título.

O jogo fundamental para que Vanderlei Luxemburgo percebesse isso foi o clássico com o Corinthians, quando, com esse esquema, o Santos anulou a força ofensiva do adversário e com a vitória começou a arrancada para o título. Inteligente, Luxemburgo também fez a diferença nas substituições que fez nas partidas. O caso da partida contra o Brangantino é um grande exemplo. Com uma rara atitude para os treinadores, com pouco mais de 20 minutos, ele mudou taticamente a equipe do 3-5-2 para o 4-4-2 e virou a partida, que no início era dominada pelo time do interior.

Devemos criticar as atitudes de Luxemburgo fora dos gramados, mas, no Campeonato Paulista, ele mostrou que é um grande treinador e conseguiu dar a volta por cima, após a sua fraca passagem pelo Real Madrid.

È lógico que o título do Santos não deve ser creditado apenas a seu treinador. A equipe teve alguns destaques individuais. A começar pelo goleiro Fábio Costa, que mostrou, quando exigido a segurança de um goleiro de time Campeão.

Os zagueiros Manzur e Luiz Alberto também estiveram muito bem. Além de seguros na defesa, foram fundamentais no ataque e fizeram muitos gols decisivos no torneio. O volante Fabinho também foi muito importante depois que acabou deslocado para a ala direita. Além de fazer a marcação do setor com eficiência, foi importante na criação de jogadas.

Incansável foi o volante Maldonado, que foi quase perfeito na proteção da zaga santista. Os meias Léo Lima e Cléber Santana, com seus gols de bolas parada e habilidade, também estiveram entre os principais destaques do título do Santos.

Por fim, a conquista do Santos, prova que desde a conquista do Campeonato Brasileiro de 2002, o clube voltou à rotina de ganhar títulos.

No Campeonato Paulista de 2006, o Santos foi o dono da bola.

Até a próxima.
O destaque   O que deveria ser destaque
Para Botafogo e Grêmio que venceram os campeonatos Fluminense e Gaúcho, respectivamente. Que estas conquistas regionais façam com que os dois clubes encerrem o ciclo de dificuldades que tiveram nos últimos anos, inclusive com queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Os Campeonatos Estaduais podem não ter a mesma importância e prestígio de alguns anos atrás. Mas observando a emoção das decisões do último fim de semana ficou provado que esses torneios ainda têm muita força, e as fortes rivalidades farão com que eles sobrevivam.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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