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Futebol na Rede

25/02/2002

A modernidade não veio

HUMBERTO PERON
Colunista da Folha Online

Mais do que dois pontos no Campeonato Brasileiro, a vitória do Palmeiras sobre o Cruzeiro em 26 de abril de 1992 (1 a 0, gol do atacante Paulo Sérgio) marcaria para muitos, inclusive para este colunista, a entrada do futebol brasileiro na era da modernidade.

Foi a primeira partida do clube do Parque Antarctica gerenciado com a parceria da Parmalat. A sociedade foi um sucesso. O time voltou a ser um dos maiores do país _três títulos do Paulista, dois do Brasileiro, um da Copa do Brasil, um do Rio-São Paulo, um da Libertadores e um da Mercosul em quase oito anos de contrato (leia a entrevista de José Carlos Brunoro clicando acima). A multinacional se tornou famosa no Brasil. E ambos lucraram com a venda de jogadores para o exterior.

Mas, passados dez anos, o sonho dos grandes parceiros, dos clubes ricos e bem administrados, da permanência dos nossos craques no país, dos campeonatos bem organizados, dos estádios modernos, da venda milionária dos direitos de transmissão dos jogos foi por água abaixo, e quase a totalidade das equipes, "modernas" ou não, está na penúria.

Não é coincidência que passados dez anos nosso futebol continua nas mãos de Teixeiras, Farahs, Mustafás, Dualibs, Edmundos e Euricos.

Nessa década de "modernidade", eles criaram, derrubaram, mudaram e desmudaram leis, protagonizaram crimes fiscais, investiram errado e afugentaram investidores _casos da falência da ISL (parceira de Grêmio e Flamengo) e da crise financeira do HMTF (Corinthians e Cruzeiro).

O fim do passe só desmarcarou essa nova era. Sem jogadores para vender, a mentalidade do retorno financeiro imediato perdeu sentido, pois não concretizaram outras formas seguras de gerar renda.

Os grandes investidores e seus clubes foram pedir socorro às TVs e acabaram escravos. Sem dinheiro e campeonatos rentáveis e organizados, venderam os direitos a preço baixos e são obrigados a disputar competições planejadas pelas emissoras, em horários que se encaixam à grade de programação.

Não há como não esperar uma nova era, a da obscuridade. Por quanto eu não sei Talvez por 17 anos, como a "fila" do Palmeiras. Talvez por 24 anos, como o período que separou as Copas do México-70 e dos EUA. Ou talvez por mais ainda.

Que o sinal de novos tempos não seja um novo engodo, como o que viraram os acordos Corinthians-Excel e CBF-Nike.
O destaque   O que deveria ser destaque
Nelsinho Baptista parece ter encontrado a formação ideal do São Paulo. Com o Maldonado e Fábio Símplico jogando na frente dos zagueiros, o técnico conseguiu que o time tivesse um bom comportamento defensivo, o maior problema da equipe neste Rio-São Paulo. Merece destaque também outro técnico: Carlos Alberto Parreira. Aos poucos seu trabalho vai aparecendo no Corinthians _conseguiu sua sexta vitória consecutiva e já está na terceira fase da Copa do Brasil. Preferido por Felipão para ser o titular da seleção brasileira, o goleiro Marcos vem falhando seguidamente. No jogo de domingo contra o América, duas falhas terríveis. O palmeirense está sem tempo de bola _ou vai atrasado na jogada ou cai antes de a bola ser chutada. Marcos deixou há um bom tempo de ser chamado de santo, seja pela torcida por por seus companheiros.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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